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Castelo de Olivença, foto: AD |
Carlos Eduardo Luna
Parece que abriu a época das
reivindicações históricas/territoriais. Logo em 30 de Janeiro de 2012, a
Espanha reafirmava as suas pretensões a Gibraltar, afirmando responsáveis
políticos do atual Governo que não seriam tão... digamos...benévolos... como o
anterior executivo PSOE de Zapatero. Numa frase, “Gibraltar é Espanha!”.
Entretanto, e num grau mais
acentuado, responsáveis argentinos insurgiam-se contra intentos britânicos em
torno das Malvinas, e reafirmavam que as Malvinas eram território argentino
usurpado. Em declarações a um periódico (2 de Fevereiro de 2012), o antigo
Primeiro-Ministro argentino, Alberto Fernández, proferiu algumas declarações
que talvez mereçam alguma meditação... nomeadamente em Portugal. Por exemplo,
reafirmou que “A Argentina nunca deixou
de reclamar a soberania das ilhas.”. E acrescentou que “As Malvinas são um caso de usurpação
internacional, e o facto de os usurpadores estarem há muito tempo num sítio não
lhes dá direitos”.
Os seus argumentos sobre a vontade dos autóctones é incisivo: “os
autóctones das Malvinas não são tão autóctones como isso:são pessoas que os
ingleses foram levando desde 1833, data da usurpação, até agora; obviamente, se
usurpo uma casa, duas ou três gerações depois os meus descendentes vão dizer
que a casa é deles; não é um bom argumento: é quase ingénuo. (...)”.
Agora, em 2 de Abril de 2012,
jornais há que dedicam uma, duas, e até mais páginas ao aniversário da ocupação
argentina das Malvinas em 2 de 1982, não se esquecendo de dizer que a sua
recuperação pelos britânicos em Junho não resolveu o litígio, antes o agravou!!
Afinal, o tom e a argumentação
argentinos aproximam-se das posições espanholas sobre Gibraltar.
O que causa um certo espanto
não são estas reivindicações, mas sim a cobertura que órgãos de imprensa
portugueses lhes dão, em contraste com as parcas notícias sobre outra
problemática! E isso é quase chocante.
Refiro-me à Questão de Olivença. Território que, a nível oficial, é português. Mas de que pouco se fala. Por uma estranha lógica (?), parece achar-se normal que Espanha reivindique Gibraltar, que a Argentina reivindique as Malvinas, que se usem e divulguem todos os argumentos possíveis e imaginários, mas que se ignore Olivença. Estaremos perante uma discriminação contras Portugal? Partir se á do princípio de que Portugal é um caso diferente e que, ao contrário dos outros países, lhe fica mal afirmar as suas reivindicações... ainda que sempre, e naturalmente, de forma pacífica.
Já nem se pedia que fosse
divulgada uma reivindicação. Mas, ao menos, que se falasse do renascimento da
Cultura portuguesa no local, e da atividade, meramente cultural também, de um
grupo local, o Além Guadiana, que luta pela Cultura e História portuguesas em Olivença,
mantendo-se naturalmente afastado das polémicas sobre a soberania.
Parece que a Cultura
portuguesa só interesse se renasce em lugares exóticos. Em Malaca, em Goa, em
Macau. O que leva tantos dos nossos inteletuais e jornalistas a agir assim?
Título e Texto: Carlos Eduardo da Cruz Luna, Estremoz,
20-04-2012
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A antiga e a nova ponte da Ajuda, Olivença. Foto: Hermínio |
Olivença é Portuguesa,eu não desistirei de reivindicar o regresso do território usurpado por Espanha. António José da Silva Rocha
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