O Supremo Tribunal Federal rasga a Constituição da qual deveria ser o guardião diariamente, é verdade, mas é um STF muito “fofo”
Rodrigo Constantino
Nosso Supremo Tribunal Federal cada dia dá mais provas de, na atual composição, ter se transformado num partido político, num órgão inquisidor, num Estado policialesco, num grêmio estudantil, qualquer coisa, menos um tribunal de última instância responsável pela proteção da Constituição. São tantos exemplos que até mesmo os veículos de comunicação da velha imprensa, que têm passado pano para o abuso de poder supremo, começam a demonstrar preocupação.
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Foto: Nelson Jr/SCO/STF |
Primeiro foi o jornal
carioca O Globo, que publicou um editorial alertando para os riscos
do arbítrio de alguns ministros. O editorial começa atacando Bolsonaro, seu
passatempo preferido, mas depois acrescenta que “outro risco” para a democracia
está na politização do STF, um risco que “tem passado despercebido”, segundo o
jornal. Na verdade, esse risco não tem passado despercebido, e basta lembrar do
7 de setembro, quando milhões foram às ruas pedir justamente respeito à
Constituição. Os “bolsonaristas” apontam para esse perigo faz tempo, mas acabam
sendo demonizados pelo próprio jornal como “golpistas”.
A mídia militante ajudou a
alimentar esse monstro, e agora parece se mostrar preocupada, pois deve ter se
dado conta de que pau que bate em Francisco também dá em Chico: ninguém está a
salvo do arbítrio supremo! Por isso o editorial passa a elencar alguns casos de
abuso de poder e atuação politizada do STF, como se não fossem justamente os
pontos criticados desde sempre e com veemência pela direita no país.
O Globo menciona o ativismo legislativo também como um problema, apesar de não enxergar nada errado em si nas decisões. Ora bolas! Os meios importam, e, se a decisão foi tomada de forma indevida pelo Supremo, e não pelo Poder Legislativo, isso está errado em si e é temerário. No caso, o jornal “progressista” aplaude o resultado dessas decisões, e por isso alivia na crítica à forma como elas foram tomadas.
O editorial conclui com muito
otimismo e ingenuidade, numa clara incoerência em relação ao que critica antes.
Os casos de “acertos” são bem menos relevantes do que os absurdos que o próprio
jornal elenca. Contar com a “sabedoria” desses ministros para “manter” uma
atitude exigida de juízes com tanto poder é uma piada de mau gosto. O jornal
faria mais se lembrasse do papel institucional do Senado para conter tantos
abusos. Deveria ter pressionado o presidente Rodrigo Pacheco para agir, uma vez
que há vários pedidos robustos de impeachment de ministros
engavetados.
Além de O Globo,
a Folha de S.Paulo também criticou algumas medidas abusivas do
STF, mas cheia de “dedos”. Foi o caso da prisão de dois “bolsonaristas” por
perturbação de sossego alheio após um ato em frente da casa do ministro
Alexandre de Moraes. A dupla foi condenada a 19 dias de prisão. “Atropelo”: é
assim que a Folha chama o fato de alguém ter sido condenado à
prisão por perturbação de sossego, depois de ficar 49 dias em prisão preventiva
por conta do “crime”. Isso num país que não deixa preso nem mesmo traficante
pego em flagrante!
Nossa velha imprensa ainda
parece tímida demais para realmente condenar as práticas bizarras desse STF
politizado
O irônico é que a Folha já
publicou sessões sobre o que o jornal pensa sobre certos assuntos, e eis o que
consta sobre ativismo jurídico: “Nos últimos anos, em especial nos momentos de
desgaste das instâncias políticas, o Judiciário tem assumido um protagonismo
perigoso, tomando decisões que caberiam ao Legislativo ou ao Executivo. O
voluntarismo de magistrados se manifesta desde a primeira instância e chega às
sentenças monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal. Mesmo quando
os julgamentos parecem acertados, tais práticas não devem ser encorajadas, em
nome da preservação dos freios e contrapesos da democracia”.
Mas, pasmem!, nossa velha
imprensa ainda parece tímida demais para realmente condenar as práticas
bizarras desse STF politizado. Teria isso alguma relação com o fato de ser
Bolsonaro o principal alvo desse ativismo? Pergunta retórica, claro. Já vimos
até ministro se considerar o bem e a democracia encarnados para derrotar o
populismo, o Mal, no caso o atual presidente. Eles nem sequer tentam esconder o
ódio que sentem por Bolsonaro. Segundo Paulinho da Força, o ministro Gilmar
Mendes estaria até mesmo colaborando com conselhos para a campanha de Lula. E,
segundo o PCO, um partido radical de esquerda, o ministro Alexandre de Moraes
teria o claro intuito de impedir a reeleição de Bolsonaro.
Qualquer brasileiro
minimamente preocupado com nossas instituições republicanas deveria colocar o
abuso de poder do STF como sua prioridade hoje. É a maior ameaça à democracia,
de longe. Mas a demonização do bolsonarismo, como se fosse de fato uma grande
ameaça fascista, serve para blindar esses ativistas disfarçados de ministros.
Eis o intuito do estigma criado pela mídia, como explica Flávio Gordon: “Fulano
é bolsonarista, logo, contra ele tudo é permitido — eis o silogismo consagrado
nas redações, nos estúdios, nos palcos e nos tribunais do Brasil de nossos
dias”. O monstro vem sendo alimentado por aqueles que se dizem “democratas” ou
até “liberais”, mas que, por ódio patológico ao presidente ou por interesses
obscuros e ambição desmedida, agem como cúmplices desse ativismo indecente do
STF, que soltou Lula e o tornou elegível num malabarismo tosco, enquanto faz de
tudo para perseguir Bolsonaro.
O atual STF virou uma extensão
do PT, participa de “lives” com influencers bobocas antibolsonaristas,
seus ministros fazem palestras o tempo todo, não largam os holofotes da mídia,
participam até de bate-papo sobre legalização das drogas. Mas fiquemos
tranquilos! No mês do “orgulho LGBT”, nosso Supremo demonstrou incrível
“consciência social” e apreço pela “inclusão”. O prédio ficou todo iluminado
com as cores do arco-íris, para provar como nosso STF está atento às causas
“progressistas”, como é “moderno”. Ele rasga a Constituição da qual deveria ser
o guardião diariamente, é verdade, mas é um STF muito “fofo”. É um “ativisme
supreme” que visa a agradar a “todes”. Ufa!
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Revista Oeste, nº 118,
24-6-2022
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