Rodrigo Constantino
Donald Trump colocou o Brasil como foco e prioridade, e isso não é pouca
coisa. É preciso lembrar que se trata do homem mais poderoso do mundo, que está
agindo para conter guerras no Oriente Médio e na Ucrânia,
que acabou de aprovar um enorme projeto de lei no Congresso, que se ocupa dos
temas mais delicados, domésticos e geopolíticos. Em meio a essa agenda, Trump
dedicou tempo e energia para falar do Brasil e sair em defesa de Jair Bolsonaro.
Trump chamou de "caça às
bruxas" o que tem acontecido contra o bolsonarismo, alegou que nenhum
crime foi cometido e que é pura "juristocracia" para tentar retirar
um candidato popular e favorito do pleito. Trump terminou com uma mensagem
bastante direta: "Deixem Bolsonaro em paz". Depois do que Trump fez
no Irã, creio que ninguém deveria apostar em retórica vazia, verborragia ou
ameaças tolas de um fanfarrão.
Ministros
do STF considerando a fala de Trump em defesa de Bolsonaro como 'risível' e
enaltecendo nosso processo eleitoral e judiciário mostram apenas como perderam
o elo com a realidade e o senso do ridículo
Trump costuma dar alternativas aos seus adversários antes de agir. Ele joga com ameaças críveis para não ter de usá-las, contando com o recuo voluntário do outro lado. Mas se não há tal recuo, ele já deu todas as provas de que está disposto a agir. E, neste caso brasileiro, isso deve significar sanções impostas a ministros do Supremo, como Alexandre de Moraes, além de eventuais sanções ao próprio país.
Alguns analistas enxergaram uma retaliação americana por conta da reunião dos Brics, mas
são temas diferentes. Trump sequer cita Lula, e no caso dos Brics também haverá
reação, como tarifas extras, pois o bloco liderado pelo eixo do mal atenta
contra os interesses americanos. Só que são coisas não atreladas, repito. A
mensagem sobre Bolsonaro já estava pronta e lida com tema distinto: a
juristocracia que quer melar eleições livres.
Os americanos conhecem bem o assunto
pois Trump foi alvo do mesmo esforço, mas venceu. A reação lulista era
previsível: falar em soberania nacional. Mas tanto quanto previsível, ela é
hipócrita. O mesmo Lula esteve na Argentina há poucos dias desrespeitando sua
justiça e pedindo liberdade para a corrupta Cristina Kirchner,
condenada em última instância. Mandou avião da FAB buscar corrupta no Peru. Pediu ajuda ao ditador chinês para censurar o cidadão
brasileiro. Lula está sempre se metendo em assuntos de outros países.
No mais, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, confessou que pediu ajuda ao governo americano nas últimas eleições. Biden mandou "recados" aos nossos militares, sem falar de uso das verbas da USAID, agora finalmente com suas atividades encerradas, para influenciar nosso pleito. Ficou claro que não é com a interferência americana que a esquerda se preocupa, mas sim com a lupa que Trump colocou na questão.
E essa lupa vai exercer pressão grande
em 2026. Todos viram o que aconteceu na Venezuela,
e a ideia é justamente impedir um destino semelhante. Pode ser que o sistema já
tenha avançado tanto no controle que seja tarde demais, mas nesse caso terá de
escancarar a ditadura e arcar com as consequências. Não será mais viável manter
as falsas aparências com discursinho de "instituições sólidas e
independentes". O Brasil terá de arrancar de vez a máscara democrática e
expor ao mundo sua carranca feia da ditadura.
Ministros do STF considerando a fala
de Trump em defesa de Bolsonaro como "risível" e enaltecendo nosso
processo eleitoral e judiciário mostram apenas como perderam o elo com a
realidade e o senso do ridículo. Podem brincar o quanto desejarem de retórica
vazia, afirmando que o Brasil é um país mais sério do que os Estados Unidos.
Não vai colar. Ninguém sério leva isso a sério. E quem ri por último, ri
melhor. Resta saber se vão continuar rindo quando sanções pesadas individuais
começarem a sair contra eles. Após a mensagem de Trump, essa possibilidade
aumentou exponencialmente...
Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 8-7-2025, 11h06
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