O humor negro necessário para apreciar o jogo de cartas Tyrannen é alheio aos procuradores de Nuremberga, que estão a considerar processar criminalmente a empresa que o colocou no mercado alemão. A presença de uma suástica numa das cartas, ainda que escondida, é para já motivo suficiente para que a investigação avance.
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Foto: DR |
Tiranos, na tradução livre para português, é jogado com base na idade de chegada ao poder de vários ditadores, tempo de permanência no poder, número de vítimas e rendimentos. São 32 cartas. Adolf Hitler, que liderou os destinos da Alemanha de 1934 a 1945, ano do fim da Segunda Guerra Mundial, é o principal trunfo.
“Mostrar a cara dele [Hitler] pode ser problemático, mas neste momento estamos sobretudo preocupados com a suástica”, adiantou Antje Gabriel-Gorsolke, director da procuradoria de Nuremberga, onde o jogo foi apreendido na passada sexta-feira, durante uma feira de brinquedos, apesar de estar nas lojas há cerca de dois anos.
Saddam Hussein (Iraque), Idi Amin (Uganda), José Estaline (União Soviética), Nicolae Ceausescu (Roménia), Mao Tsé-tung (China) ou Augusto Pinochet (Chile) são alguns dos ditadores que acompanham o arquitecto do III Reich no jogo, que os divide em categorias como fascistas, militares ou “marionetas” ao serviço dos Estados Unidos.
Jürgen Kittel, que inventou o jogo com Jörg Wagner, assegura que o objectivo não passa por glorificar estes tiranos ou os regimes de repressão que instituíram. “Claro, não é para todos os gostos. Nem toda a gente acha este tipo de humor negro, sarcástico, engraçado”, disse, de acordo com o diário britânico The Guardian.
A brincadeira – que segue, na opinião de Kittel, a tradição inaugurada pelo filme O Grande Ditador, de Charlie Chaplin – pode custar até três anos de prisão aos seus promotores, que construíram o jogo através da empresa Weltquartett. É essa a pena máxima prevista para quem violar a lei sobre símbolos inconstitucionais.
“Disseram que tivemos sorte por a suástica estar predominantemente coberta – nós dissemos-lhes que não era sorte; fizemo-lo deliberadamente. Antes de começarmos a fazer o jogo, fizemos questão de estar familiarizados com a secção do código penal que trata do ‘uso de símbolos de organizações inconstitucionais’. Nunca procurámos aconselhamento jurídico, mas pensámos que a respeitávamos”, acrescentou Kittel.
“Os meus colegas e eu estamos muito confiantes de que não fizemos nada de errado, mas não posso assegurar que não vamos acabar em tribunal. Há algum tempo, uma organização de esquerda [política] foi multada pela impressão de t-shirts com suásticas, ainda que as suásticas estivessem riscadas”, contou, para dar exemplo do que os espera.
Hugo Torres, Público, 09-02-2011
Acho um exagero!
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