Jacinto Flecha
Depois que se tornou patente
aos olhos do mundo a situação de miséria na União Soviética, os adeptos de
doutrinas igualitárias deveriam ter pedido perdão por espalhar suas ideias, tão
contrárias ao progresso da humanidade. Seria esta uma atitude razoável, decente,
mas se alguém esperava ou ainda espera esse improvável mea culpa, é melhor reavaliar seus conhecimentos sobre a natureza
humana, pois não existiu nem existirá essa retratação. Não se deve esperar
também que escolham caminho diferente, a não ser que o tal caminho diferente
seja o mesmo.
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Ucranianos, depois de terem
derrubado monumento de Lênin, destroem a estátua no centro de Kiev
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Não pense que estou brincando
com os termos, logo você verá que o mesmo
é diferente de diferente.
Uma constante nos países
comunistas foi explicitada neste paradoxo muito divulgado no Ocidente não
comunista: Todos são iguais, mas uns são
mais iguais do que os outros. Já era assim antes de desmoronar o comunismo
(você deve se lembrar da famigerada e privilegiada nomenklatura soviética), e continua adquirindo requintes o
favorecimento desses “amigos do rei”. Também nos poucos países onde se manteve
o regime, basta comparar o padrão de vida do povo com o do “rei” e seus amigos.
Nos países que agem atualmente de acordo com a cartilha bolivariana, o
espetáculo dos “mais iguais” se renova com outras cores, outras moedas, outros
atores, a mesma desonestidade e incompetência. Aí você tem algumas diferenças
no mesmo caminho.
No ambiente psicossocial
posterior à derrocada do império comunista, muitos estudiosos se esforçaram
honestamente para explicar por que não deu certo. São muitas as explicações
válidas, e uma delas está na base de todas as outras: O ser humano é desigual
pela própria natureza, e tende a melhorar sua situação com esforço e iniciativa
próprios, aumentando assim a desigualdade. Portanto as doutrinas igualitárias
tendem necessariamente ao fracasso. E fracassarão sempre, ainda que meios
coercitivos tentem impedir essa diferenciação.
Além desses estudiosos bem
orientados, alguns esquerdistas com graus variáveis de preconceitos
igualitários apresentaram tentativas de explicação, com o objetivo de disfarçar
algumas coisinhas para poderem permanecer nos mesmos erros. Não vou catalogar
nem discutir cada uma dessas tentativas de explicação, apenas direi algo sobre
uma que li em alguns comentaristas, desses que encontram sempre abertas as
portas da mídia. Ela pode ser resumida assim: O socialismo, para dar certo, tem
de ser aplicado em todos os países, não pode restringir-se a um só ou a alguns.
Qualquer filósofo, psicólogo,
sociólogo, antropólogo dotado de bom nível de conhecimento da sua ciência, terá
argumentos incontestáveis para aniquilar propostas como essa. Na faixa
científica em que sempre atuei, exemplos abundantes mostram a falsidade dessa
pretensa explicação. Comento apenas um, muito fácil de entender. Antes de
lançar no mercado um medicamento novo, indicado para o tratamento de uma
doença, a eficácia dele é inicialmente testada in vitro, depois em animais de laboratório. Se funcionou bem, sem
efeitos colaterais consideráveis, será em seguida testado em número restrito de
voluntários. O uso em maior escala só será permitido se sua eficácia for
comprovada, sem riscos consideráveis. Esse processo costuma demorar mais de dez
anos. Mesmo na última fase, em que o medicamento passa a ser usado pelos
pacientes em geral, qualquer alerta sobre alguma consequência imprevista ou
imprevisível acarretará sua exclusão imediata. Com a Talidomida aconteceu isso,
e o laboratório foi processado no mundo inteiro, com enormes multas e
indenizações.
Imagine agora o que
aconteceria se não fossem tomadas todas essas precauções. Suponhamos que um
vendedor ambulante — digamos, um Carlos Marques da Silva — saia por aí
vendendo uma “garrafada” igualitária que produziu. Ele imagina bons efeitos
terapêuticos, mas não a testou cientificamente. Você correria o risco de
tomá-la? Se muitos se deixassem convencer, e as consequências danosas
começassem a aparecer, você recomendaria que fosse usada por todos?
Formulo estas perguntas apenas
pro forma, pois não imagino estar
sendo lido por algum desparafusado e inconsequente. Mas veja bem que esta é a
atitude sugerida por aqueles comentaristas igualitários da mídia. E as minhas
perguntas precisam ser respondidas por quem dirige os destinos de países e
governos, como também pelos que pretendem assumir essa condição. O destino de
um país não pode ser confiado a quem se serve de pajelanças perigosas, como a
“garrafada” comunista. E agora nem há mais desculpa, pois as consequências
desastrosas já estão comprovadas. Só não entendo que não entendam isso nossos
terroristas enfeitados e empoleirados.
Título, Imagem e Texto: Jacinto Flecha, ABIM,
27-9-2014
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