O Procon-RJ interditou o Trem do Corcovado após a morte de um turista no Cristo Redentor. O posto médico do complexo estava fechado no momento do incidente. Empresas envolvidas divergem sobre a responsabilidade pelo atendimento
Quintino Gomes Freire
O Procon-RJ determinou, nesta segunda-feira (17), a interdição do Trem do Corcovado, principal meio de acesso ao Cristo Redentor, após a morte do turista Jorge Alex Duarte, de 54 anos, nas escadarias do santuário. O visitante sofreu um infarto fulminante no domingo (16) e não recebeu atendimento imediato, pois o posto médico do complexo estava fechado.
A medida, segundo o secretário
estadual de Defesa do Consumidor, Gutemberg Fonseca, tem como
objetivo proteger os consumidores. “Recebemos diversas
denúncias sobre falhas no atendimento médico no local. Lamentavelmente, a
tragédia aconteceu e agora buscamos um acordo para evitar novos casos” afirmou
o secretário.
Uma reunião entre os órgãos e
empresas responsáveis pelo funcionamento do Cristo Redentor será realizada
ainda hoje para a elaboração de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC).
Visitantes que compraram ingressos para esta segunda-feira poderão remarcar
a passagem ou solicitar reembolso.
Responsabilidades em debate
A morte do turista evidenciou
um impasse entre os órgãos responsáveis pelo local. O Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelo Parque
Nacional da Tijuca, afirmou que a manutenção do posto médico é de
responsabilidade da concessionária Trem do Corcovado, conforme previsto no
contrato de concessão.
“Diante do ocorrido, será aberta uma apuração para verificar as circunstâncias dessa triste fatalidade”, declarou o ICMBio, lamentando a morte do visitante.
Já o presidente do
Trem do Corcovado, Sávio Neves, apresentou outra versão, alegando que a
responsabilidade pelo posto médico caberia ao ICMBio. Ele destacou
que a concessionária mantém um convênio com o Hospital Adventista
Silvestre, que presta atendimento a emergências no local. “Infelizmente,
foi um infarto fulminante. Nem uma UTI teria salvo a vida dele”, disse
Neves.
O ICMBio, no
entanto, rebateu a declaração e apresentou cópia do contrato de
concessão, que prevê, no artigo 18, a obrigação da concessionária
em manter um posto de atendimento equipado com socorrista e ambulância.
Atendimento tardio e falta
de estrutura
O incidente ocorreu às 7h39,
quando Jorge Alex Duarte, morador de Porto Alegre,
subia as escadarias do Cristo Redentor. O SAMU foi acionado e
chegou ao local às 8h13, mas, apesar das tentativas de reanimação,
o óbito foi constatado.
Segundo a Arquidiocese
do Rio, a primeira assistência foi prestada por uma enfermeira da
família do turista, que o acompanhava na visita. O Corpo de Bombeiros
do Alto da Boa Vista também foi acionado, mas, ao chegar ao local, encontrou a
equipe do SAMU prestando atendimento e retornou à base.
Jorge tinha histórico
de hipertensão, diabetes e era fumante. Ele chegou ao monumento em uma das
vans de turismo que fazem o percurso entre o Cosme Velho e o Alto do
Corcovado, pela Estrada das Paineiras.
Falhas na infraestrutura do
Cristo Redentor
Além da falta de
atendimento médico, o complexo turístico tem enfrentado outros problemas.
Ainda nesta segunda-feira, foi registrada uma queda de energia,
afetando a operação do santuário. Na última quarta-feira, um apagão já havia
comprometido o funcionamento do Trem do Corcovado e do Cristo Redentor por mais
de uma hora.
Título e Texto: Quintino
Gomes Freire, Diário do Rio, 17-3-2025
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