sexta-feira, 20 de abril de 2012

Eleição presidencial na França e os elefantes!

Nicolas Sarkozy e François Hollande
Cesar Maia     
1. Não é tão simples, como uma leitura superficial das pesquisas supõe, a eleição presidencial deste fim de semana na França. Uma dedução formal das pesquisas é que Holande do PS vence no primeiro turno por alguma margem e vence o segundo turno por uma grande margem. Os que fazem cálculos ideológicos imaginam que somando os eleitores que escolhem em pesquisas os candidatos à esquerda e comparando com os à direita, a vitória de Holande está garantida.      
2. No entanto, há que se incluir alguns fatores de imprevisibilidade. As pesquisas mostram uma grande faixa de abstenção que vai de 20% a pouco mais de 30%. É claro que num e noutro caso, aplicados de forma cruzada às demais pesquisas, os números podem mudar no primeiro turno.      
3. O segundo turno – da mesma forma – não se resolve com uma segunda pergunta nas pesquisas para o primeiro turno. O surpreendente crescimento do candidato de esquerda para um patamar próximo a 15% não garante transferência automática de votos no segundo turno. Não que esse eleitor possa votar em Sarkozy, mas pode se abster, dentro da tradição europeia de mais de 100 anos da esquerda ideológica se afastar da socialdemocracia, supondo que esta só faz iludir os trabalhadores e afastar a hora da verdade. Num quadro como esse, é provável que a abstenção no segundo turno seja maior que no primeiro e concentrada nos votos à esquerda.
4. Por outro lado, o voto à direita é sempre mais ideológico e mantém-se organicamente, transferido dentro desse campo. Assim, Sarkozy será beneficiário destes. Um corte hipotético em relação às tendências de abstenção ainda mostra vantagem para Holande do PS, mas quase na margem de erro.     
5. Finalmente, numa conjuntura excitada como a atual, os fatos novos políticos e econômicos são sempre uma possibilidade diária. A pesquisa da CBS/NYT mostrando empate entre Obama e Romney dias depois de mostrar Obama oito pontos na frente, é prova inconteste da volatilidade do voto nesta conjuntura.     
6. Por isso tudo, aqueles que se preparam para desfraldar suas bandeiras vermelhas, é bom que aguardem um pouco mais e evitem euforia num quadro de tantas nuances e volatilidade. Na Espanha, um elefante quase derrubou a monarquia... E há vários elefantes na Europa e na África do Norte, historicamente associada.
Título e Texto: Ex-Blog do Cesar Maia, 20-04-2012
 
François Hollande já faz promessas… socialistas.
Confiantes na vitória nas presidenciais, os socialistas franceses preparam o regresso da reforma aos 60 anos. (Expresso)

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