Este foi o terceiro crime desse tipo no
período de um mês no país
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Hassan Khan mostra a imagem de
sua esposa Zeenat Rafiq, queimada viva pela própria mãe, contrária ao casamento
da filha, em Lahore no Paquistão – 8 de junho de 2016. Foto: K. M. Chaudary/AP
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Uma mulher foi presa nesta
quarta-feira no Paquistão acusada de torturar e queimar até a morte a própria
filha, que casou sem sua permissão. Zeenat Bibi, de 17 anos, foi encharcada de
querosene e queimada por sua mãe, Perveen Bibi, em sua casa da cidade oriental
de Lahore uma semana depois de se casar, contou o porta-voz policial da região,
Matloob Hussain. Esse foi o terceiro crime dessa natureza no período de um mês
no Paquistão, onde são comuns os ataques a mulheres que desrespeitam tradições
conservadoras relacionadas ao casamento.
O porta-voz explicou que a
família pediu à vítima que retornasse à casa após fugir com seu marido para
realizar uma cerimônia matrimonial. "Ela não queria retornar para sua
família porque temia que a matassem. Mas eu dei permissão depois que um de seus
tios garantiu sua segurança. Deixei que fosse", disse o marido, Hassan Khan,
à televisão paquistanesa Geo. Khan disse à polícia que viu como vários
familiares a agarravam enquanto a mãe jogava combustível e lhe ateava fogo.
No dia 30 de maio, Maria
Sadaqat, professora de 19 anos, foi torturada e queimada viva por um grupo de
homens após rejeitar um pedido de casamento do filho do dono da escola onde ela
lecionava na cidade de Murree, próxima à capital. Maria morreu em decorrência
dos ferimentos na quarta-feira passada, dois dias depois da agressão.
Em meados de maio, moradores
de um vilarejo perto de Abbottabad mataram uma adolescente, também queimando-a
viva, porque a garota ajudou uma amiga a fugir para se casar sem a permissão da
família.
Crimes de honra - Este tipo de crime é muito frequente
no sul da Ásia e costuma envolver homens de uma família que consideram uma
afronta que transgride a conservadora moral familiar das sociedades locais.
Em 2015, 923 mulheres foram
vítimas desse tipo de crime no país, segundo um relatório da Comissão de
Direitos Humanos do Paquistão (HRCP), que adverte que esse número esconde uma
realidade ainda maior que fica fora dos registros.
A ativista cineasta Sharmeen
Obaid Chinoy ganhou neste ano seu segundo Oscar pelo documentário em
curta-metragem A Girl in the River: The Price of Forgiveness (Uma
Garota no Rio: o Preço do Perdão, em tradução livre), que conta a história de
Saba Qaiser, uma sobrevivente de um desses "crimes de honra" - em
2014, Saba casou-se sem o consentimento dos pais e, como punição, foi baleada
na cabeça e jogada no rio pelo próprio pai.
Título e Texto: VEJA,
8-6-2016
Que horror!!
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