Giulio Meotti
§ Na
França borbulha uma guerra de baixa intensidade cujo objetivo é radicalizar a
educação.
§ Na
Escola Pierre Mendès France em Saumur, um estudante disse ao seu professor:
"meu pai vai te decapitar". Tornou-se impraticável fazer uma lista
com dados precisos sobre estes incidentes. Eles ocorrem todos os dias na
França.
§ "Diante
da intimidação islamista, o que deveria o mundo livre fazer?" — Título da
coluna de Robert Redeker no Le Figaro em 2006. Poucos dias depois, ele começou
a receber ameaças de morte.
§ Se
os extremistas conseguiram intimidar escolas e universidades da França, por que
não conseguiriam colocar de joelhos toda a sociedade?
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Faculdade de Bois-d'Aulne em Conflans-Saint Honorine, onde Samuel Paty foi assassinado em 16 de outubro de 2020. Foto: Bertrand Guay/AFP/Getty Images |
"Durante a transmissão,
um menino muçulmano a convidou para sair, mas ela recusou por ser gay. Ele
respondeu acusando-a de racismo, chamando-a de 'lésbica imunda'. No vídeo
seguinte, transmitido imediatamente após ter sido insultada, Mila respondeu
dizendo que 'odeia religião'".
Mila deu seguimento: "o Alcorão é uma religião de ódio, só há ódio nela. O Islã é uma m***a..." Desde então, ela recebeu cerca de 50 mil mensagens e cartas com ameaças de estupro, de cortar sua garganta, de torturá-la e de decapitá-la. Ela teve que mudar, sem parar, de uma escola para outra.
De novo Mila se viu sem
escola. Em uma rede social, ela acidentalmente deu o nome de sua nova escola
militar. De pronto a direção da instituição a expulsou por considerá-la uma
ameaça em potencial à segurança dos alunos. "Devastado diante de tanta
covardia", o pai da Mila escreveu: "nem o exército tem condições de protegê-la
e permitir que ela continue seus estudos, o que nos resta a fazer, nós, seus
pais? Este comentário representa para nós um filme de terror".
Nem mesmo o exército francês
tem condições de protegê-la? "Ela tem 17 anos e agora vive como o staff da
revista Charlie Hebdo, em um bunker, isso é insuportável!", salientou Richard Malka, advogado de Mila.
Dias mais tarde,
"Caroline L.", professora da Faculdade de Direito da Universidade de
Aix-Marseille, recebeu inúmeras ameaças de morte, com acusações de
"islamofobia". O promotor de Aix-en-Provence abriu uma investigação
por "ofensas públicas por alguém pertencer a uma religião". O
"crime" dela? A professora havia explicado aos seus alunos:
"não há liberdade de
consciência no Islã. Se o seu pai for muçulmano, você será para sempre
muçulmano. É uma espécie de religião sexualmente transmissível. Um dos maiores
problemas que temos com o Islã e, lamentavelmente, não é o único, é que o Islã
não reconhece a liberdade de consciência. É aterrorizante, em toda sua
plenitude".
A escola de ensino médio
Pierre Joël Bonté em Riom (Puy-de-Dôme) foi fechada em 11 de janeiro devido a
"insultos e ameaças de morte" dirigidos aos professores. "Com o
intuito de protegermos alunos e staff, decidimos fechar a escola devido a
insultos e ameaças de morte", esclareceu um porta-voz da escola. Poucas horas
depois, Fatiha Boudjahlat, professora em Toulouse solicitou proteção policial após receber ameaças
expressivas.
Em 2015 o Estado
Islâmico divulgou um comunicado segundo o qual as escolas
francesas devem ser atacadas e convocou seus seguidores a "matarem os professores". De acordo com Gilles Kepel, especialista em Islã,
"para os partidários do Islã político a escola se tornou uma cidadela que
deve ser destruída".
Um artigo no L'Express
melancolicamente coloca o dedo na ferida, salientando que as escolas são objeto de violentas
campanhas de islamistas mundo afora. Em 2014, uma escola militar em Peshawar,
Paquistão, foi alvo de um ataque islamista que deixou mortos e
feridos ceifando a vida de 132 estudantes. O movimento talibã paquistanês
atacou 900 escolas entre 2009 e 2012, de acordo com um levantamento da ONG International Crisis Group. A
ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, conhecida por sua luta pela
educação de meninas, foi baleada na cabeça pelo Talibã em Swat. O Boko Haram,
responsável por inúmeros ataques na Nigéria, assumiu a responsabilidade pelo sequestro de 276
alunas do ensino médio em Chibok. Em um ataque desfechado por islamistas
filiados à Al-Qaeda contra a Universidade Garissa do Quênia, a vida de 142
estudantes foi ceifada. Em Burkina Faso, mais de 2 mil escolas fecharam as portas.
Na França borbulha uma guerra
de baixa intensidade cujo objetivo é radicalizar a educação. Embora muitos
muçulmanos possam até não apoiar esse tipo de transformação, a presente
campanha parece ter começado em 1989, durante o bicentenário da Revolução
Francesa e a publicação francesa do romance "Os Versos Satânicos" de
Salman Rushdie. Uma faculdade em Creil recusou a matrícula de três estudantes que estavam
usando o véu islâmico. As autoridades francesas tentaram, por meio de diálogo e
apaziguamento, colocar panos quentes. Em um apelo, no entanto, publicado pelo
Le Nouvel Observateur, assinado pelos autores Alain Finkielkraut e Elisabeth
Badinter e inúmeros intelectuais constam duras críticas à "Munique da escola
republicana".
A islamização na educação
francesa está avançando a todo vapor. Em 1989, a palavra de ordem era: "professores, não vamos capitular!". Desde então,
alguns professores franceses que se recusaram a capitular pagaram com a vida.
Em outubro de 2020, Samuel
Paty, francês, professor de história, foi decapitado por um terrorista checheno por ter cumprido
seu trabalho: educar seus alunos a respeitarem os fundamentos das sociedades
ocidentais e as palavras que constam nas portas da escola (Liberté, égalité,
fraternité), por trocar ideias sobre a liberdade de expressão e mostrar a eles
as caricaturas de Maomé da Charlie Hebdo.
"Convivência é uma
fábula", escreveu Alain Finkielkraut depois da decapitação de
Paty; "os terrenos perdidos da República são os terrenos conquistados pelo
ódio à França. Olhos se abriram, as evidências não podem mais ser
escondidas".
O Ministro da Educação da
França, Jean Michel Blanquer revelou que depois da decapitação de Paty, ocorreram
800 "incidentes" islamistas em escolas francesas.
Outro professor foi ameaçado
fisicamente na Escola Battières em Lyon, onde Samuel Paty iniciou sua carreira.
Esse professor de história e geografia tinha dado uma aula sobre liberdade de
expressão, de acordo com o currículo escolar, a uma turma da quinta série. Ele
disse, entre outras coisas, que Emmanuel Macron não é "islamofóbico".
O pai de um aluno foi conversar com o professor, confrontando-o verbalmente na
frente de testemunhas. "Ele não tinha papas na língua e foi bastante
intempestivo. O professor não teve permissão para falar sobre o caso em sala de
aula", ressaltou uma testemunha. Chocado, o professor foi
afastado por licença médica e convidado a mudar de escola.
Em uma escola de ensino médio
em Caluire-et-Cuire, perto de Lyon, um estudante ameaçou "cortar a cabeça" de um professor.
Em Gisors, uma menina distribuiu uma foto da decapitação de Paty aos seus
colegas. Em Albertville, Savoy, a polícia teve que reunir quatro crianças
de dez anos de idade e seus pais porque eles disseram na sala de aula que
"o professor merecia morrer". Em Grenoble, um extremista muçulmano
foi preso por ameaçar decapitar Laurent, um professor de história e geografia
que costuma aparecer em um reality show na TV. "Eu vou te
decapitar" disse ele. Ao que tudo indica ele estava montando um
vídeo em homenagem a Paty. Na Escola Pierre Mendès France em Saumur, um
estudante disse ao seu professor: "meu pai vai te
decapitar".
Tornou-se impraticável fazer
uma lista com dados precisos sobre estes incidentes. Eles ocorrem todos os dias
na França.
Um novo levantamento revela o grau da autocensura entre os professores
franceses. Para evitar incidentes em potencial, um em cada dois professores
admite fazer uso da autocensura em sala de aula. Por meio do medo, do terror e
da intimidação, o islamismo está colhendo o que plantou.
"Como Deixamos o
Islamismo Entrar na Escola" é o título do novo livro de Jean-Pierre Obin sobre a ascensão do
islamismo nas escolas francesas. Obin, ex-inspetor geral da educação nacional,
coordenou em 2004 um estudo sobre manifestações de filiação religiosa nas
escolas. Este não foi o primeiro estudo de um especialista francês em educação.
Bernard Ravet foi durante 15 anos o diretor de três das escolas mais
problemáticas de Marselha. Em seu livro: "Diretor de Faculdade ou Imã da
República?", Ravet salientou:
"por mais de dez anos o
fanatismo bate à porta de dezenas de estabelecimentos.... Vem se empenhando em
abocanhar o território físico da República, centímetro a centímetro, impondo os
seus símbolos e alegorias".
Em 2006 o filósofo francês
Robert Redeker escreveu o seguinte:
"o Islã procura impor
suas regras à Europa: abertura de piscinas em determinados horários
exclusivamente para mulheres, proibição de caricaturas sobre esta religião,
exigência de alimentos especiais para crianças muçulmanas, lutar pelo uso do
véu nas escolas, acusar espíritos livres de Islamofobia."
O título em sua coluna no Le
Figaro dizia: "diante da intimidação islamista, o que deveria o mundo
livre fazer?" Poucos dias depois, Redeker começou a receber ameaças de
morte. "Não consigo trabalhar e sou obrigado a me esconder", ressaltou Redeker. "De modo que, de um jeito ou
de outro, os islamistas conseguiram me punir no território da república como se
eu fosse culpado de um crime de opinião".
Deveríamos ter dado mais atenção ao primeiro incidente. Foi o primeiro de uma longa série de ataques a professores e escolas francesas. Quatorze anos depois, Samuel Paty pagou com a sua vida, um professor universitário já se encontra sob proteção policial e outro teve que pedir demissão da sua escola devido às ameaças. Se os extremistas conseguiram intimidar escolas e universidades da França, por que não conseguiriam colocar de joelhos toda a sociedade?
Título e Texto: Giulio Meotti, Gatestone Institute, 26-2-2021Original em inglês: The Religious Transformation of French Schools
Tradução: Joseph Skilnik
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