Aparecido Raimundo de Souza
SENHORAS E SENHORES, acreditem, pelo amor de Deus. O brazzzil em que vivemos –, esdruxulamente se comparado à alguma coisa inutilmente sem nenhum tipo de valor moral –, concluiremos, de pronto, foi desmoralizado por uma imensa lassidão. Essa, por sinal, uma coisa frustratória, horrífica e “pandemonicamente” indigesta. Embarcamos num enorme trem com muitos vagões desembestados e sem freios. Como um episódio maluco se desenrolando a todo vapor. E para onde estaria indo esse comboio? Certamente para a puta que o pariu, ou para a puta que nos pariu. O maquinista, coitado, foi traído. Tomou literalmente no pescoço em francês. Ele não sabe nada de francês, mas sempre aparece uma mula de última hora e faz a tradução. E qual seria essa tradução?
Simples. Numa forma distinta, a mulher dele, com Uma mente brilhante, obcecada em atenuar seus desesperos sexuais, deu a boceta – perdão –, doou, de graça, a “racha ” para um garanhão de vinte e poucos anos, e o coitado do marido, galhado, sem ter onde enfiar a vergonha, os cornos coçando no alto da testa, às vistas com níveis insuportáveis de sofrimentos perante os amigos e familiares, e mormente para não se sentir pra baixo, ou ter crises delirantes, e esquecer de pensar que não ia além de ser Um estranho no ninho, e, antes de se sentar nos controles da locomotiva, fumou um cigarrinho do diabo. Em contraste oposto aos seus princípios, ficou doidão e bateu os pés dizendo “qui tava tudo dominadu.”
Depois, de sanja –, não de canja –, cheirou um pozinho, e, em seguida, passou a mão na sua “malmita” e se mandou para o trabalho. E ai está ele, agora, conduzindo um trem onde, em cada vagão, podemos encontrar pessoas dignas, homens sem manchas e acima de qualquer tipo de “suspeita tida como distanciada de suspeitosa.” Apenas para constar, sentados confortavelmente em vagões luxuosos, com ar-condicionado, mordomos servindo pratos especiais, vinhos importados, esses cidadãos (nossos representantes), com as fuças de tarados confabulam à alta vozes. Se seguirmos em frente, pulando de um vagão para outro, poderemos esbarrar com um punhado de birbantes. Uma gama de indignos e sicofantas.
Também tropeçaremos em impostores, trapaceiros e salteadores. Eles sem medo de represálias. Abundam em confortáveis acentos como membros indispensáveis de uma panelinha de vigaristas batendo na tecla que a sociedade, por força deles, segue gloriosa e próspera. Espiam, eloquentes vezes em quando, pelas janelas. Pensam em como continuar as suas anomalias sexuais mamando nas tetas dos “zés-povinhos” mantendo-os nos cabrestos aturdidos como animais a caminho de um prolixo matadouro. Atrelados a outros picaretas, ocupantes de outros vagões, conhecidos entre nós, ao cruzarmos com eles, daremos tapinhas em costas de ombros de safados, de pilantras e de enganadores, e, se duvidar, até bichas e veados com caras de sapos, caneteiros esferográficos sem cabelos – perdão –, caneteiros esferográficos sem tampas. Lembrando, sem nos esquecermos dos delinquentes, dos parasitas, bandoleiros e até, se duvidar, de quadrilheiros.
Repetindo o óbvio, senhoras e senhores, vivemos, ou melhor, vegetamos como vermes respirando um ar carregado de mazelas. Dispomos de nosso tempo sem tempo, atarracado em um país marginalizado, excluído e sem leis. Um rincão descalço, os pés atolados, onde os códigos existentes com as suas leis inóspitas. Se verificarmos, por exemplo, os artigos usados nas impressões, nem para limpar as nossas cagadas fedorentas servirão. O brazzzil, acreditem, está às minguas, as traças, ao deus-dará. O brazzzil se fez fodido, falido, perdido, arruinado, desmilinguido e, de sobressalto, decadenteado ou (a conjunção de decadente com um marginalizado faltando uma porção de dentes.) O país – ou melhor –, o que sobrou dele, se tornou uma coisa esquisita e disforme. A bem da verdade nua e crua, a porra toda se agigantou tostaramorfoseado –, ou dito de forma mais objetiva –, se adulterou fortemente queimado com enormes variações de uma metamorfose Franz Kafkaniana.
Por conta dessa caótica situação, o bolo de altos e baixos se engrandeceu anormal e indecente e seu estado de normalidade, em dias de hoje, se viu entregue às raias de uma putada libertina –, ou por outra visão malparida, se contaminou em decorrência das garras de uma alomorfia que lembra muito o escrachado. Por essa razão, povos e gentios divorciados zombam de nós. Nações as mais diversas e “além do alcance conhecido de nossa imaginação, morrem de rir, motejam, porque sabem, tem certeza que por aqui, de norte a sul, de leste a oeste, do Oiapoque ao Chuí, predomina a miséria, a fome esmagadora, paralelada a fornicação pelo poder, a gana nojenta frontispiciada por um carguinho de merda. Seja, pois, essa ajeitação de juiz, promotor, governador... ou onde, igualmente, o sujeito se torne macho e, como tal, se veja capaz de vender a mãe, ou trocá-la por um quilo de picanha, ou ainda, de comer com feijão os fundilhos do pai, transar com as filhas, ou pior, barganhar o rabo junto com as pregas, para chegar às raias de um parlamento enlameado de titica, um supremo onde os corredores catingam a merda e os gabinetes a excrementos de vagabas e periguetes sem tirar nem pôr, é o que faz a diferença.
Em derredor, e por conta de um rincão de porteiras abertas, vale tudo. Tudo vale, menos a lisura, o bom senso, a falta de caráter e a ausência de vergonha. Onde infelizmente, senhoras e senhores, impera de modo assustador, e, de contrapeso, na mesma mala de dinheiro ilícito, criam asas as sujidades de “bundas e regos de cus” mal lavados, ou de bocas cheirando a dentes apodrecidos, não importa. Acreditem, caros amados e amadas, por aqui, dentro desse trem expresso, tudo pode, tudo é admitido, e suportado. Tudo é bem-vindo. Num abrir e piscar de olhos, na velocidade de um peido, o errado se faz verdadeiro. O branco se torna negro, o azul se mescla de vermelho, ainda que depois, pasmem –, ainda que depois se faça e se passe disfarçada nos calcanhares de uma doença pior que o câncer, conhecida entre nós como Fake News.
Elas, as Fake, se espalham e se alastram pior que ervas daninhas. Em nosso “braz-zzil” tudo é conchavado por figuras circenses, os semblantes cheios de poses, intocáveis, metidos em ternos acurados, onde, na verdade, nós, brasileiros babacas, filhos da Terra, os meias-bocas, e os meias-tigelas que não honram as calças, nem os colhões, nada fazemos. Apenas cruzamos os braços. Melhor ver os jogos de futebol. Mais confortável beber, promover churrascos, se divertir... o resto que se exploda. Simplesmente concordamos. Via igual, senhoras e senhores, permanecemos calados, os ouvidos tapados, as bocas trancadas. Aceitamos, sem sequer tentar mudar o quadro asqueroso que nos amofina. Mudar para quê? Tudo, por aqui é valido e acessível, esperado, amado e aceito, menos o pundonor, a pujança, a honorabilidade e a equanimidade. “Uma nação se faz com homens e livros –, ” apregoava, em seu tempo, o escritor Monteiro Lobato. Um filho da puta veio e contradisse o senhor autor de “Cidades Mortas”. Um país se faz com dinheiro e mais precisamente, na arte de engabelar os trouxas”.
Em verdade, em verdade, somos uma manada de cavalos e éguas famintos em busca de capim. Queremos ver pastos, pastos, pastos... o nosso brazzzil que se afumente. O brazzzil é um pasto... para estrangeiros, intrusos e metediços se criarem. Sem parar, as estações vão passando. E o trem segue em frente. Ninguém quer descer. Ainda que ele pare numa estação qualquer. A comida a bordo é boa, a paisagem encantadora. As vadias que foram trazidas para programas pagos com os suores de nossos bolsos, fazem de tudo e cobram a vitalidade, a autossuficiência, a coordenação muscular e, no geral, a rapidez de movimentos. As mundanas se despem nessas horas, orgulhosas diante das ereções que endurecem seus rostos com gotas de leite quente tiradas diretamente da pica do produtor para o consumidor. Acredito que as senhoras e os senhores não entenderam patavina. Dirão, após ler tanta besteira num só texto. Esse cara pirou na batatinha. Do fundo da minha alma, não sei por qual motivo mandei esse texto para a revista. Talvez, um dia, descubra como é ser um imbecil sem espaço acreditando não passar de um sabido arrumadinho.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha no Espírito Santo, 26-11-2024
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