sexta-feira, 1 de novembro de 2024

[Aparecido rasga o verbo] Breves e bobos momentos de um coração infeliz

Aparecido Raimundo de Souza 

Fugaz

EM MEU SONHO
vi você passeando
pelos caminhos
do meu coração.

Nossos olhos,
num repente,
se cruzaram
em louca contemplação.

Pensei comigo:
“Ela vai voltar”
e todo “meu eu” se engalanou...
por um instante apenas... que triste decepção!

Havia, ao lado, um recipiente
com flores enfeitando
pequenas almas em animada festa
numa alegria pra lá de incandescente.

O meu desespero... chorou...
Derramou lágrimas da mais pura felicidade
Esse momento, confesso, eu amei.
Mas, para meu espanto, em seguida, ACORDEI.

Em vão

Vivo a procura de mim
dentro de você...
numa busca interminável.
Nunca lhe encontro!

Tenho a impressão
que afinal,
como se fosse um castigo
chegou de mansinho, o meu fim...

em igual sentido, ingrata reprimenda segue
aumentando a minha solidão
e me torturando o coração
simplesmente... simplesmente assim...

Indesejada

Tarde da noite,
alguém bateu
à minha porta
com vontade, 
quase a ponto de derrubá-la...

Ao abri-la,
Era a Saudade
do seu adeus...
E agora – me pergunto:
“como fico eu?!”

Sempre igual

Num ato de pura loucura
busquei teu rosto...
e para meu desgosto
no lugar dele... do nada assim:
me deparei com a tua ausência
toda ela grudada em mim...

Se

Se eu morresse hoje (agora)
Levaria comigo
A tristeza do seu adeus.

Depois de tudo o que restou... por fim
Virei essa parte você
Que se desprendeu de mim...

Decisão

Parei de correr atrás da saudade
que ficou de você...
Agora não me acho em mim
Acredite –, é a mais pura verdade.

Céu nublado

A chuva infindável caiu,
e molhou
a minha alma
quando você partiu...
e eu fiquei aqui, abandonado...

Por assim, “nos depois” em que
penso em você, as horas param
o tempo estanca, e tudo me leva
a acreditar, e a perceber,
que a vida cruel me sufoca até morrer

Visível

Choro lágrimas de saudade...
não há lenço que resista
a minha necessidade
de mantê-lo no bolso,
seco e limpo... limpo e seco...

A todo instante
aumenta a ausência de você...
e todo mundo percebe
A dor imensa que sinto.
Somente você... somente você não vê.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, no Espírito Santo, 1-11-2024

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