Paulo Hasse Paixão
Com a perspectiva, ainda não completamente clara, de uma alteração da posição de Washington em relação a Kiev, após o regresso de Donald Trump à Casa Branca, Paris e Londres não excluem a possibilidade de liderar uma coligação militar na Ucrânia.
Como se a Europa, a sós,
conseguisse ser mais bem sucedida frente à Rússia, do que foi na companhia dos
Estados Unidos da América.
Numa altura em que o conflito
na Ucrânia entra numa nova fase de intensificação de tensões entre o bloco
ocidental e a Rússia, estão a ser reavivadas as discussões sobre o envio de
tropas ocidentais e de empresas privadas de defesa para a Ucrânia. Trata-se de
discussões sensíveis, a maior parte das quais classificadas – relançadas à luz
de uma potencial retirada americana, quando Donald Trump tomar posse a 20 de
janeiro de 2025.
O debate sobre o envio de
tropas para a Ucrânia, que o Presidente francês Emmanuel Macron iniciou numa
reunião entre os aliados de Kiev em Paris, em Fevereiro deste ano, teve a forte
oposição de alguns países europeus, liderados pela Alemanha. No entanto, foi
retomado nas últimas semanas graças à visita a França do primeiro-ministro
britânico, Keir Starmer, um fanático russo-fóbico e entusiasta da guerra, para
as comemorações do 11 de novembro. A este propósito, uma fonte militar
britânica confidenciou ao Le Monde:
“Estão em curso discussões
entre o Reino Unido e a França sobre a cooperação em matéria de defesa,
nomeadamente com vista à criação de um núcleo duro de aliados na Europa,
centrado na Ucrânia e na segurança europeia em geral.”
Estes comentários estão em linha com aqueles que foram feitos pelo ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, durante uma visita a Londres. Numa entrevista à BBC, a 23 de novembro, apelou aos aliados ocidentais para “não estabelecerem e expressarem linhas vermelhas” no seu apoio à Ucrânia. Quando questionado sobre a possibilidade de enviar tropas francesas para o terreno, declarou:
“Não descartamos nenhuma
opção”.
O Ministério das Forças
Armadas francês e o Palácio do Eliseu ainda não deram luz verde ao envio de
tropas convencionais – ou de contratados privados. Mas há vários meses que
essas propostas estão claramente em cima da mesa. Uma delas diz respeito ao Défense
Conseil International (DCI), o principal operador do Ministério das Forças
Armadas para o controlo dos contratos de exportação de armas francesas e para a
transferência de know-how militar. A DCI é detida em 55% pelo
Estado francês.
Não se percebe muito bem, no
entanto, como é que a França e o Reino Unido e até a Alemanha terão capacidade
militar para fazer frente à segunda potência militar mundial, sem o apoio
norte-americano. E também não se entende como que que esta Europa pretende
sobreviver à guerra nuclear a que está a forçar Moscovo.
Título e Texto: Paulo Hasse
Paixão, ContraCultura,
28-11-2024
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