Telmo Azevedo Fernandes
Aparentemente Gouveia e Melo [foto] é proto-candidato presidencial. A maior crítica que lhe fazem é a de não se conhecer o seu pensamento político. Ora, para mim, essa seria uma vantagem do putativo candidato, já que sempre que abre a boca diz asneira e quando lhe entregam missões de trabalho deixa muitíssimo a desejar.
Recordo por exemplo que em
Março do ano passado 13 militares recusaram embarcar num navio da Marinha
alegando razões
de segurança por se verificarem fissuras na estrutura da barcaça,
não ser estanque à água e o esgoto da casa das máquinas não funcionar. Perante
isto, chefe da Armada em vez de tratar do assunto internamente com discrição,
resolveu fazer uma espécie de conferência de imprensa para ser transmitida
pelas televisões, humilhando, julgando sumariamente e condenando
na praça pública os seus subordinados. Não é coisa de digna de um
militar.
Incumbiram o senhor Gouveia e
Melo de gerir uma operação logística para inoculação de produtos farmacêuticos
experimentais da Pfizer e logo o especialista em submarinos, pateticamente,
declarou “guerra” à covid, cavou trincheiras e com ego inchado falou do seu objetivo
de “encurralar o vírus a um canto”. Confessou até que “a retórica
da guerra ajudou na tarefa de combater o inimigo”, neste caso um
microrganismo acelular infecioso.
A dada altura o Sr. Almirante vestiu a pele de Prof. Bambo, deitou búzios e leu cartas tendo declarado que “as alterações climáticas estiveram por trás da pandemia”. Pena não ter deixado o seu contacto telefónico na secção “RELAX” do Jornal de Notícias, não fosse alguém o querer consultar para outras feitiçarias.
Durante a sua chefia da
task-force distribuiu insultos por quem decidiu conscientemente não se injetar.
Chamou negacionistas e malucos a uma data de gente e apelidou de obscurantismo todo
e qualquer pensamento crítico sobre a gestão da covid. Pelo meio ainda surgiu a
canalhice de sugerir que a inoculação de crianças e jovens era um dever cívico,
quando hoje até a Autoridade de Saúde proíbe essa
administração.
Dizem que o putativo candidato
presidencial tem um perfil que é a antítese de Marcelo Rebelo de Sousa. Errado.
Lembro-me bem do Sr. Gouveia e Melo se
fazer a aplausos em eventos públicos, distribuir emblemas do SNS,
tirar selfies e
distribuir beijinhos ao povo e andar na rua com guarda-costas. Chegou até a ser
recebido como um herói na Web Summit onde aliás deu conselhos
sobre parentalidade.
Ofuscado pela sua húbris,
achou que tinha coisas relevantes para dizer ao mundo e, ridiculamente, decidiu
escrever um livro de memórias. Multiplicou-se em longas entrevistas
de vida, pungentes conversas
televisivas, revelou pormenores da sua infância e adolescência a revistas
cor-de-rosa e deu-se a conhecer na intimidade que
deve ser tão entusiasmante como a de uma mosca-varejeira.
O fulano que é especializado
em Comunicações
e Guerra Electrónica, mas teve o desplante de aceitar receber o Prémio
Nacional de Bioética, talvez num dos momentos mais deprimentes da nossa
Academia.
Por fim, lembro que quando
questionado acerca de um eventual futuro político, Gouveia e Melo pediu, e
cito: “Se
isso acontecer, deem-me uma corda para me enforcar”.
A minha crónica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 27-11-2024
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