quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Do barco furado ao pedido de Gouveia e Melo

Telmo Azevedo Fernandes

Aparentemente Gouveia e Melo [foto] é proto-candidato presidencial. A maior crítica que lhe fazem é a de não se conhecer o seu pensamento político. Ora, para mim, essa seria uma vantagem do putativo candidato, já que sempre que abre a boca diz asneira e quando lhe entregam missões de trabalho deixa muitíssimo a desejar.

Recordo por exemplo que em Março do ano passado 13 militares recusaram embarcar num navio da Marinha alegando razões de segurança por se verificarem fissuras na estrutura da barcaça, não ser estanque à água e o esgoto da casa das máquinas não funcionar. Perante isto, chefe da Armada em vez de tratar do assunto internamente com discrição, resolveu fazer uma espécie de conferência de imprensa para ser transmitida pelas televisões, humilhando, julgando sumariamente e condenando na praça pública os seus subordinados. Não é coisa de digna de um militar.

Incumbiram o senhor Gouveia e Melo de gerir uma operação logística para inoculação de produtos farmacêuticos experimentais da Pfizer e logo o especialista em submarinos, pateticamente, declarou “guerra” à covid, cavou trincheiras e com ego inchado falou do seu objetivo de “encurralar o vírus a um canto”. Confessou até que “a retórica da guerra ajudou na tarefa de combater o inimigo”, neste caso um microrganismo acelular infecioso.

A dada altura o Sr. Almirante vestiu a pele de Prof. Bambo, deitou búzios e leu cartas tendo declarado que “as alterações climáticas estiveram por trás da pandemia”. Pena não ter deixado o seu contacto telefónico na secção “RELAX” do Jornal de Notícias, não fosse alguém o querer consultar para outras feitiçarias.

Durante a sua chefia da task-force distribuiu insultos por quem decidiu conscientemente não se injetar. Chamou negacionistas e malucos a uma data de gente e apelidou de obscurantismo todo e qualquer pensamento crítico sobre a gestão da covid. Pelo meio ainda surgiu a canalhice de sugerir que a inoculação de crianças e jovens era um dever cívico, quando hoje até a Autoridade de Saúde proíbe essa administração.

Dizem que o putativo candidato presidencial tem um perfil que é a antítese de Marcelo Rebelo de Sousa. Errado. Lembro-me bem do Sr. Gouveia e Melo se fazer a aplausos em eventos públicos, distribuir emblemas do SNS, tirar selfies e distribuir beijinhos ao povo e andar na rua com guarda-costas. Chegou até a ser recebido como um herói na Web Summit onde aliás deu conselhos sobre parentalidade.

Ofuscado pela sua húbris, achou que tinha coisas relevantes para dizer ao mundo e, ridiculamente, decidiu escrever um livro de memórias. Multiplicou-se em longas entrevistas de vidapungentes conversas televisivas, revelou pormenores da sua infância e adolescência a revistas cor-de-rosa e deu-se a conhecer na intimidade que deve ser tão entusiasmante como a de uma mosca-varejeira.

O fulano que é especializado em Comunicações e Guerra Electrónica, mas teve o desplante de aceitar receber o Prémio Nacional de Bioética, talvez num dos momentos mais deprimentes da nossa Academia.

Por fim, lembro que quando questionado acerca de um eventual futuro político, Gouveia e Melo pediu, e cito: “Se isso acontecer, deem-me uma corda para me enforcar”.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 27-11-2024 

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