Paulo Hasse Paixão
A jornalista do The Telegraph Allison Pearson [foto], revelou que agentes da polícia britânica visitaram a sua casa no dia 10 de Novembro, em ligação com um “ incidente de ódio não criminoso”. A visita da polícia de Essex esteve relacionada com um tweet que ela publicou há um ano.
A polícia informou-a de que a
investigação se insere na seção 17 da Lei da Ordem Pública de 1986, que trata
de material alegadamente susceptível ou destinado a incitar ao ódio racial. A
jornalista perguntou então aos polícias:
“O que é que dizia o post
que escrevi e que ofendeu alguém?”
Mas os agentes disseram-lhe
que não lhe podiam responder, recusando também informá-la sobre a identidade do
queixoso, afirmando que não se tratava de um ‘acusador’, mas de uma ‘vítima’.
É espantoso que alguém seja
considerado vítima de um crime que não existiu (trata-se, como a polícia
informou, de um ‘incidente de ódio não criminoso’), perpetrado por uma cidadã
que não foi sujeita a qualquer processo judicial e que nem foi informada sobre
a natureza da sua infracção.
Pearson descreveu – e bem – a
situação como “kafkiana” e prova do policiamento de dois critérios na
Grã-Bretanha, afirmando:
“Estamos a viver uma
epidemia de esfaqueamentos, assaltos e crimes violentos… que não estão a ser
adequadamente investigados pela polícia, mas eles arranjaram tempo para ir a
minha casa e intimidar-me.”
Os números revelam um crescendo de incidentes de ódio não criminais (NCHIs), com os incidentes a aumentar de 119.934 entre 2014 e 2019 para cerca de 250.000 desde então, de acordo com a Free Speech Union, que está a defender Pearson.
O governo liberal-estalinista
de Keir Starmer, em conluio com os aparelhos policial, judicial e mediático,
estão a intensificar a
repressão no Reino Unido, e pensar errado, dizer errado ou informar errado é
agora motivo para encarcerar cidadãos durante anos. Talvez o caso mais
aberrante deste decaimento para a tirania, seja o de cidadão britânico que
foi preso
e acusado criminalmente por publicações nas redes sociais que
continham “retórica antissistema”.
Também na Alemanha, os
jornalistas que não servem os poderes instituídos estão a ser alvo de
perseguição judiciária. Naquela que será a acção mais repressiva contra a
liberdade de imprensa no país desde a II Guerra Mundial, o governo de Olaf
Scholz interditou a
revista Compact Magazine e mandou mais de 200 agentes da polícia fazer uma
rusga ao escritório e domicílio do seu editor. Um tribunal federal levantou entretanto
a interdição.
Em França, o jornalista Alain
Bonnet foi condenado a
60 dias de prisão por chamar “lésbica gorda” a uma ativista LGBT.
Steve Baker, um consagrado
jornalista norte-americano foi detido pelo
FBI e acusado de várias contraordenações por ter ousado investigar a fundo os
acontecimentos de 6 de Janeiro. Fazer jornalismo independente é agora um crime
nos Estados Unidos da América.
Nas Ucrânia, os jornalistas que não compaginam o seu trabalho com o regime Zelensky são exilados, presos e assassinados, impunemente.
Título e Texto: Paulo Hasse
Paixão, ContraCultura,
19-11-2024
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