quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Bomba! A volta da narrativa canalha

Rodrigo Constantino

Polícia Militar patrulha a Praça dos Três Poderes, em Brasília, após explosão em frente ao STF. Foto: EFE/Andre Borges

Explosões são ouvidas em Brasília, perto do STF, e temos um morto. As manchetes já começam: bombas explodem em ataque terrorista ao Supremo! Quando se descobre a identidade do sujeito, que foi candidato pelo PL a vereador em 2020, ao menos um jornalista já solta o óbvio: "terrorista bolsonarista". 

Imediatamente surge uma investigação da PF para investigar as explosões em Brasília com o comando de Alexandre de Moraes, que já inicia discursos sobre a necessidade de regular redes sociais para combater o "discurso de ódio". O Brasil é previsível demais. E como cansa! 

O sujeito amalucado que se explode é culpa dos bolsonaristas, mas Adélio Bispo, ligado ao PSOL, não passa de um "lobo isolado" sem qualquer responsabilidade de quem demoniza seu alvo há anos como se fosse Hitler em pessoa? 

O jornalismo tradicional se fazia com respeito aos fatos e muita cautela. O que temos hoje são só narrativas buscando pretextos para serem empurradas goela abaixo do público. Após as explosões em Brasília, ministros do STF já voltaram a falar de "gabinete do ódio", e os militantes disfarçados de jornalistas já tentam culpar as lideranças políticas que falam em anistia. Tudo podre demais! 

Então se um maluco se explode deixando um recado contra Bolsonaro e Lula e era do PL antes de Bolsonaro entrar no partido, mas sim quando a coligação local era com o esquerdista PDT, isso é prova de que a culpa é dos "golpistas" e precisamos abortar as conversas sobre anistia aos presos do 8 de janeiro? 

Vamos colocar mais lenha na fogueira, como se não fosse justamente a postura autoritária atual que estivesse esgarçando ao máximo o tecido social e fomentando desespero em muita gente? Por que o sujeito amalucado que se explode é culpa dos bolsonaristas, mas Adélio Bispo, ligado ao PSOL, não passa de um "lobo isolado" sem qualquer responsabilidade de quem demoniza seu alvo há anos como se fosse Hitler em pessoa? 

É tudo tão canalha que realmente parece um script de filme de terror. Enquanto os verdadeiros golpistas farejam a oportunidade de realimentar uma narrativa cafajeste num momento de empolgação da direita com a vitória de Trump, Bolsonaro busca colocar panos quentes de forma madura e responsável: 

Pela pacificação. Lamento e repudio todo e qualquer ato de violência, a exemplo do triste episódio de ontem na Praça dos Três Poderes. Apesar de configurar um fato isolado, e ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa que, infelizmente, acabou falecendo, é um acontecimento que nos deve levar à reflexão. Já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força. A defesa da democracia e da liberdade não será consequente enquanto não se restaurar no nosso país a possibilidade de diálogo entre todas as forças da nação. E as instituições têm um papel fundamental na construção desse diálogo e desse ambiente de união. Por isso, apelo a todas as correntes políticas e aos líderes das instituições nacionais para que, neste momento de tragédia, deem os passos necessários para avançar na pacificação nacional. Quem vai ganhar com isso não será um ou outro partido, líder ou facção política. Vai ser o Brasil. 

Infelizmente, algumas autoridades estão investidas demais em suas narrativas canalhas e não conseguem mais recuar. Demonstram também o perfil de psicopatia típico dos tiranos. É por isso que não resta a menor dúvida de que vão utilizar as explosões em Brasília para avançar ainda mais com a repressão, a censura e o arbítrio. Já começaram. E era evidente que agiriam desta maneira. Como eu disse, o Brasil cansa...

Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 14-11-2024, 11h28 

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