JL Braga
Eu crítico, de forma geral, o pensamento de muitos comentadores e jornalistas que, ao analisar as eleições americanas e figuras como Kamala Harris, adotam uma postura elitista e paternalista, tratando o eleitorado com desdém e como se estivessem em posse de uma verdade incontestável. Em vez de respeitar a pluralidade das escolhas políticas e os contextos que moldam o voto de milhões de pessoas, esses analistas frequentemente recorrem a um tom condescendente, onde a falha do outro é vista como uma simples falta de informação ou discernimento. Esse tipo de pensamento não só subestima a capacidade de decisão dos eleitores, como também ignora a complexidade das sociedades democráticas, que são formadas por diversas camadas sociais e culturais, com diferentes interesses e visões de mundo.
Donald Trump, por exemplo,
ganhou com o seu programa político, que, ao contrário do que muitos previam,
não foi uma surpresa para os eleitores. Ele nunca escondeu suas intenções ou o
que representava; seu discurso direto e sem rodeios foi claro, atraindo uma
base fiel que se sentia desconectada das propostas tradicionais. Esse sucesso,
embora controverso, deve ser entendido como um reflexo da capacidade de Trump
em conectar-se com aqueles que se sentiam ignorados por outras figuras
políticas. Em vez de desmerecer a sua vitória como resultado de ignorância ou
manipulação, devemos compreender o que o tornou tão eficaz em comunicar sua
mensagem a uma parte significativa da população americana.
Porém, o que me incomoda profundamente é o fato de muitos jornalistas e comentadores portugueses se acharem em posição de julgar o eleitorado americano. O que sabem esses analistas para se imporem ao eleitorado de outro país, especialmente quando não parecem compreender as dinâmicas sociopolíticas e culturais que envolvem a eleição nos Estados Unidos? E, se sabem tanto, o melhor é exportá-los gratuitamente para a terra do tio Sam, para que possam ensinar aos americanos como se deve votar e decidir seu futuro. Esse tipo de arrogância intelectual, que tenta se sobrepor ao direito dos cidadãos de decidir de acordo com suas próprias realidades, só enfraquece o debate público e mina a confiança nas escolhas democráticas.
A derrota de Kamala Harris,
muitas vezes descrita como um "banho", é também um reflexo dessa
visão estreita, onde se tenta reduzir os complexos desafios políticos a falhas
pessoais ou de liderança. Em vez de analisar as razões profundas para o fracasso
da campanha, muitos comentadores preferem simplesmente apontar defeitos,
ignorando que a política americana é multifacetada e marcada por profundas
divisões. A postura elitista de muitos jornalistas e comentadores, ao
desvalorizar as escolhas dos eleitores, não contribui para o esclarecimento,
mas sim para a polarização e o distanciamento das verdadeiras questões que
afetam a sociedade.
A verdadeira responsabilidade
de comentadores e jornalistas não é impor sua visão de mundo, mas sim fornecer
informações, promover um debate inclusivo e respeitar a autonomia dos cidadãos
para que possam tomar suas próprias decisões políticas. A mídia deve ser um
espaço onde diferentes ideias e perspectivas são discutidas de maneira aberta e
respeitosa, não um palco para impor um ponto de vista único e reduzir a
política a um jogo de "sabedores" e "ignorantes".
Texto e Imagem: JL Braga, Facebook,
18-11-2024, 11h57
Nuno Marques Carvalhana:
Não vale a pena exportá-los para os EUA pois que já lá há muitos destes. Analistas desta água são, na realidade, ecos dos seus «colegas» americanos, debitam a propaganda anti-Trump do outro lado do Atlântico. De resto, ter num programa televisivo de «análise» representantes dos principais partidos é, na verdade, mais propaganda política para além daquela que se faz nas eleições. São os mais típicos representantes da elite político-cultural reinante no Ocidente - que outra coisa poderiam eles dizer para além do que disseram? A «religião» desta espécie de gente é o «anti-racismo» militante, que pode mesmo definir-se como uma autêntica Boa e Sã Doutrina da Santa Madre Igreja do Anti-Racismo e do Multiculturalismo dos Últimos Dias do Ocidente.
Não é apenas o seu intelecto mas, sobretudo, a sua SENSIBILIDADE, que está formatada nos moldes do universalismo a-racial e até anti-racial tido como supremo dever moral. Para este «clero», Trump é o símbolo máximo do pecado mortal - quando ele se candidatou à presidência dos EUA em 2015, «toda» esta gente lhe achou graça, ou nem achou nada, o loiro era tido como figura engraçada e inofensiva - «mais um figurão televisivo a querer ser presidente». Ora a partir do momento em que declarou querer travar a imigração, pois a partir daí a sua alma caiu sempiternamente no Inferno, isto na perspectiva do «clero» anti-racista - pois se até contra um líder partidário que se oponha à imigração a incitação ao ódio é constante, quanto mais se não veria contra um candidato a líder da maior potência planetária, tal ultraje não pode ser perdoado e o sujeito tem obviamente de ser diabolizado sem quartel, como de facto o foi desde então, sobretudo depois de ganhar as eleições - há oito anos, 8, que a incitação ao ódio contra Trump é constante na «informação» televisiva dos horários nobres. 365 x 8 mais dois dias, pelos anos bissextos.
Ora MESMO com tudo isto, MESMO assim o caraças do «povinho» dá-lhe uma vitória esmagadora... CLARO que a elite reinante tem de ficar em pânico - já percebeu, para seu temeroso horror, que já NÃO CONTROLA o «povinho», já não é tutora moral da população, e os seus valores, aqueles que esta elite dá como indiscutíveis, não valem a real ponta de um chavelho para um número crescente de pessoas das classes populares. Bem podem declarar, gritar!, guinchar, gemer, que mauzão é racista!, xenófobo!, fasciiiiista!!!!, que cada vez mais o povo se borrifa para esses «alertas» palermas. É neste sentido que se deve entender a sua preocupação, expressa desde há anos, relativamente àquilo a que chamam, muito significativamente, a «normalização» do discurso «racista» - querem com isto dizer que o «povinho» já não tem medo de dizer coisas «racistas», e que, por isso, os donos da boa moral anti-racista cada vez têm menos poder para envergonhar e/ou intimidar quem pense de forma diferente da deles. É isto que os assusta. Olham para as redes sociais e para os votos na Ultra-Direita, e em Trump, do mesmo modo que provavelmente os aristocratas franciús olharam para a guilhotina - e com razão.
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