Paulo Hasse Paixão
Enquanto Joe Biden decide,
contra a vontade expressa do eleitorado americano, esticar a corda da guerra
nuclear e Trump nomeia um
falcão do aparelho militar e industrial para chefe da sua diplomacia, os
democratas da Pensilvânia contabilizam alegremente a favor do seu candidato
votos ilegais, admitindo que são ilegais, na corrida para a Casa dos
Representantes; os senadores republicanos, agora em maioria na câmara alta do
Congresso, juram que
vão fazer tudo o que é possível para dificultar as nomeações da administração
do Presidente Eleito, a quem devem precisamente essa maioria; os funcionários
dos serviços de emergência federais evitam prestar
assistência às vítimas do furacão Helena que apresentem sinais exteriores de
conservadorismo e a imprensa corporativa apela à
resistência violenta contra os resultados eleitorais.
Mas se nos EUA as notícias
teimam em manter-se sombrias, na Europa as coisas vão de mal a pior.
Na Alemanha, as pessoas são
presas por chamarem idiotas
aos ministros, órgãos da comunicação social dissidentes são fechados sem
mandato judicial, cidadãos que injuriam violadores de crianças recebem
penas maiores dos
que os próprios violadores e, à medida que o crime urbano explode para
níveis de terceiro mundo e o metro de Berlim passou a ser um dos pontos de
convergência mais mal frequentados do planeta, a solução do partido dos Verdes
para proteger as mulheres é enfiá-las em
carruagens segregadas em função do género: homens para um lado, mulheres para o
outro. E está o assunto arrumado.
No Reino Unido, jornalistas são visitados em casa pela gestapo de Keir Starmer, a propósito de um tweet publicado há um ano atrás, que ofendia alguém; cidadãos são condenados por crimes do pensamento e por retórica anti-sistema; há presos políticos anti-imigração a suicidarem-se em estabelecimentos correccionais infestados por gangues de muçulmanos; vítimas de assalto que são repreendidas pela polícia por usarem linguagem ofensiva e cidadãos que apanham 20 meses de cadeia por gritarem com as autoridades (e com os cães das autoridades); enquanto uma mulher é violada a cada hora que passa na cidade de Londres e o governo se prepara para roubar a terra aos pequenos proprietários rurais, entregando-a às sagradas mãos do estado, da banca e dos grandes conglomerados corporativos.
Em França, os burocratas do
funcionalismo público declararam guerra
à democracia, enquanto gangues de imigrantes que se dedicam ao saudável tráfico
de estupefacientes estão a transformar a
cidade de Marselha numa metrópole argelina e, talvez por isso, a Adidas escolheu a
cidade para apresentar ao mundo o novo equipamento da selecção magrebina.
Em Espanha, as pessoas
revoltadas com a deficiente resposta do governo de Pedro Sánchez à catástrofe
natural que atingiu a Comunidade Valenciana são perigosos
radicais de extrema-direita.
Na Suécia, outro país à beira da
guerra civil, os imigrantes que lá foram parar com o sincero objectivo de
prosperar e de viver em segurança, estão a voltar para
os seus países de origem, por não encontrarem no país nórdico nem prosperidade
nem paz.
Em Viena de Aústria, 70% dos
alunos das escolas públicas não
usam o alemão como primeira língua, enquanto os populistas, que ganharam as
eleições, são institucionalmente impedidos de
constituir governo.
Entretanto em Bruxelas, Ursula
von der Leyen, eleita por ninguém, continua a
forçar a agenda globalista, como se o AfD não fosse o segundo partido mais
votado na Alemanha, como se a coligação leninista-globalista no poder em Berlim
ainda fosse uma realidade política funcional, como se Marine Le Pen não fosse a
candidata mais votada na primeira ronda das presidenciais em França, como se
Meloni não tivesse sido eleita através de uma plataforma populista, como se
Sánchez não tivesse que se aliar a terroristas para permanecer no poder, como
se Wilders não tivesse ganho as legislativas na Holanda, como se Herbert Kickl
não tivesse ganho as legislativas na Áustria e como se Robert Fico e Viktor
Orbán simplesmente não existissem.
Nesta altura do campeonato,
qualquer europeu que acredite viver em democracia é retardado. E qualquer
americano que deposite na administração Trump a fé de que a América vai voltar
a ser a terra dos livres e a casa dos bravos, uma força em favor da
paz no mundo e a nação detentora da chama da dignidade humana, sofre de
dioptrias no cerebelo.
Título, Imagem e Texto: Paulo
Hasse Paixão, ContraCultura,
20-11-2024
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