terça-feira, 29 de outubro de 2024

[Aparecido rasga o verbo] Descascando o abacaxi, sem saber o que é um abacaxi

Aparecido Raimundo de Souza

ME PERGUNTARAM o que eu acho da “trajetória de planejamento.” Não faço a menor ideia do que seja. Contudo, para não deixar as pessoas sem uma resposta, ainda que fora da órbita contextual, eu tomei fôlego e disse que “é um caminho dinâmico e estratégico que busca transformar uma visão ou um conjunto de objetivos em realidade.” Como? Simples! Através de ações bem definidas e coordenadas. Um percurso, meio que longo e penoso, muitas vezes complexo e multifacetado, todavia, essencial tanto para projetos pessoais quanto para iniciativas empresariais e institucionais. Verdade? Sim!

O ponto nevrálgico, da coisa, ou de partida, ou via igual, de qualquer caminho obscuro e tortuoso a ser seguido, carece antes de mais nada, de um planejamento adequado com uma visão clara e bem definida do objetivo a ser alcançado ou da visão em si. Essa visão não pode ser “capenga,” menos ainda sem conteúdo preciso. Dito de forma mais abrangente. Sem uma meta específica. O planejamento “capenga,” ao qual me refiro, pode se tornar um exercício vago e sem foco. A formulação de metas, no meu entender, envolve não apenas a identificação do que se deseja alcançar, mas também a compreensão dos porquês e dos impactos desses objetivos. Isso ajuda a criar um propósito sólido e uma motivação consistente. Indestrutível.

Uma vez que o objetivo esteja claro, a próxima etapa é a análise profunda do contexto e dos recursos disponíveis. Compreender o ambiente em que se está operando se faz fundamental para um planejamento de sucesso. Isso inclui avaliar forças e fraquezas internas, mensurar milimetricamente, bem como evitar oportunidades e ameaças externas. É o que mais tem e se vê. A análise “SWOT,” ou (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) é uma ferramenta muito importante e útil para processar esse estágio. Ela ajuda a mapear o cenário e a identificar os principais fatores que podem ou poderão influenciar no sucesso do projeto.

Com base nessa análise, é possível começar a traçar o plano de ação. Isso envolve, obviamente, definir estágios concretos, alocar recursos e estabelecer prazos. O plano deve ser perfeito, como a tirada das virgindades das nossas urnas eletrônicas em tempos de votação, notadamente detalhando o suficiente para orientar a execução de quem vai manipula-las, a depois, mas também, lado outro, flexível para acomodar ajustes e propinas, conforme as circunstâncias mudam em face das “onrosas” apurações. Uma abordagem iterativa (entenda a palavra “iterativa” como aquela que expressa um ato repetitivo), ou seja, que permitam revisões e adaptações contínuas, ainda que para ingleses e franceses rirem até os colhões fazerem bicos.

Essas revisões podem ser particularmente eficazes para lidar com as imprevisibilidades e as mudanças no ambiente. A seguir vem a execução. É a fase complicada e sombria, onde a teoria da relatividade se transforma em prática da relatividade não relativa. E a prática, como um todo, em porcaria nenhuma. Aqui, a gestão do tempo e a coordenação enérgica e apressurada, entre as partes envolvidas são cruciais. A comunicação clara e regular ajuda a manter todos os membros da equipe alinhados e motivados. Além disso, o acompanhamento e a avaliação contínuos do progresso permitem identificar rapidamente quaisquer desvios do plano original e implementar correções.

No tocante a fase de revisão e logicamente da aprendizagem encerra a caminhada de planejamento. Ao concluir um projeto ou alcançar um objetivo, é importante refletir sobre o que funcionou bem e o que poderia ser melhorado para pior. Esse processo de análise “pós-implementação” não apenas valoriza os conhecimentos adquiridos, mas também fornece “insights” valiosos para futuros planejamentos. Vamos melhorar um pouco a coisa citando pessoas que entendem profundamente do assunto.

Um “insight,” que diabo venha ser isso? Se come, se bebe, se adquire nas feiras livres? Calma! Segundo Antonio Claret Campos Filho, renomado autor sobre essa matéria argumenta que “insight nada mais é que um acontecimento cognitivo” e, como tal, “pode ser associado a vários fenômenos, podendo ser sinônimo de compreensão, conhecimento e intuição.” Outros autores, como Bruno César de Melo Moreira e Dany Rogers Silva afirmam ser um “insight, um tipo de perspicácia soberba, dona de si, ou, via outra, a capacidade de apreender alguma coisa e essa alguma coisa acontecer e vir à tona, quando uma solução surgir de forma repentina, sem que se espere por ela””. Exemplo óbvio: era para ganhar Romeu, deu merda, e ganhou a Julieta.  

Indo um pouquinho mais longe, “Insight” é uma palavra inglesa que significa “uma compreensão súbita, uma revelação ou percepção repentina. Pode ser definido como um momento de clareza mental em que uma pessoa, mesmo burra de pai e mãe, compreenda algo obscuro, ou adquira um “concebimento” mais imaginoso e mais profundo de uma situação qualquer, seja ela um problema, uma pessoa, ou até mesmo um fato tido como corriqueiro.” Um “insight” é também, “um acontecimento cognitivo que pode ser associado a vários fenômenos, podendo ser sinônimo de compreensão, conhecimento e intuição e, muitas vezes, as forças estranhas por debaixo dos panos e tapetes.””

Acho que já disse o que tinha a ser falado. Pois bem! Se repeti alguma coisa, por favor, relevem ou desconsiderem.  Ou me mandem plantar bananas nas cercanias da Torre de Tevê, em Brasília. Para encerrar o assunto, vamos dar um passeio em volta de um profissional que tem pleno conhecimento “nesse trocinho,” como, por exemplo,  o Marcos Chedib Abel. Essa criatura bate o pé e afirma em seu brilhante texto “Insight na psicanálise,” que o “insight” é a “perspicácia ou a capacidade de apreender alguma coisa e isso ocorre quando uma solução surge de forma repentina, tão inviolável como o acender de uma lâmpada queimada, assim que o interruptor que lhe deu vida, se firmou claro e objetivo.””

Em suma, a “trajetória de planejamento” ou o “planejamento de uma trajetória” nada mais é que, esdruxulamente falando, como um ciclo menstrual contínuo de definição de objetivos, análise de contexto, formulação de estratégias, execução e revisão. Embora desafiadora, essa jornada oferece a oportunidade (entre aspas) de transformar ideias em realidades tangíveis e de aprender cada passo dado na direção certa. Com uma abordagem bem estruturada e adaptativa, o “planejamento” pode ser um poderoso motor não o movido a carvão, tampouco a velha bateria, mas um motor sisudo e elétrico (agora tão em moda) para o sucesso e consequentemente a tão sonhada I N O V A Ç Ã O.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha no Espírito Santo, 29-10-2024

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