Walter Biancardine
Quiçá contarei meia dúzia de
leitores que, como eu, examinem a atual geopolítica e concluam ser a melhor
saída cavar abrigos subterrâneos ou refugiarem-se, via Space X, em alguma
estação orbital da NASA. E explicarei as razões de tal desalento.
Nítida é, aos meus olhos, a
pressão crescente – principalmente impulsionada pela mídia mainstream –
das forças motoras dos diversos aspirantes ao domínio global: califado
islâmico, eurasianismo e o comuno-globalismo ocidental. Diante de ações cada
vez mais ousadas, incisivas e sem nenhuma reação das potências tradicionais do
ocidente – concluir pela cumplicidade de seus governos é de uma obviedade
primária, desnecessário discutir.
O punctus dolens é
exatamente este grau de ousadia e avanço, o qual nos deixa poucas ou nenhumas
opções de reações políticas, pautadas pela civilidade diplomática. Em minha
antiga ocupação na aviação, poderia chamá-lo “ponto de não-retorno” o qual, uma
vez ultrapassado, já não existirão meios de se retornar ao aeródromo de
partida.
Temos uma Europa despovoada de
europeus e invadida por imigrantes árabes, africanos, ou seja lá quais mais
forem suas origens, mas quase todos – quase todos – coincidentemente homens
jovens, sem família, soldados perfeitos, em suma. Temos também uma avalanche
cultural a prestigiar o lumpemproletariado – leia-se
imigrantes e minorias – impondo sua (des)cultura, (falta de)valores e exaltando
a destruição de nossos símbolos, heróis e história.
Do mesmo modo a mídia mainstream os louva e conduz o cidadão comum – pelas orelhas – a encará-los como “amigos precisando de ajuda”, apontando o dedo em nossas caras e expondo nossa suposta falta de empatia, compaixão e amor ao próximo. Esta mesma mídia os eleva a cargos políticos, os canoniza como ídolos populares e, no frigir dos ovos, faz-nos concluir que a minoria – privilegiada e desumana – somos nós.
O eurasianismo de Dugin não
é amigo dos califas muçulmanos e, muito menos, de George Soros ou Klaus Schwab.
Mas estão todos alegremente de mãos dadas, pois farejam o colapso iminente de
toda a civilização ocidental, poderosamente auxiliada por um Papa militante e
lá colocado via golpe de Estado, através das mãos de Bill e Hillary
Clinton et caterva.
O que nos restou? Quais
soluções diplomáticas ainda serão possíveis? Como refrear civilizadamente a
insanidade da mídia e dos produtores de cultura? Quem matará a fome de poder
das elites globalistas, de todas estas vertentes? Algum diálogo ainda será
possível? E se for, quantas décadas levaremos – sempre ameaçados pelas
eventuais recaídas – até que o mundo volte aos eixos?
Os Estados Unidos? Os de Joe
Biden ou o de Donald Trump, este último sozinho contra o mundo? E como fará
isso, sem um big stick escondido por detrás do sorriso e da
mão estendida?
Este é o ponto onde meu
desalento reside.
Talvez seja eu um pessimista
crônico, mas nenhuma solução enxergo além de uma poderosa e catastrófica guerra
mundial, a devastar não apenas todos os símbolos e forças de nossos oponentes
como, inevitável e infelizmente, os nossos também.
Sem que me acusem de ser um
“frankfurtiano” (Escola de Frankfurt), adianto que a “destruição de tudo” não é
para que “surja algo novo e melhor” mas, sim, para que permaneçamos – nós,
nossos valores e cultura – ainda vivos sobre a face da terra, mesmo que isto
resulte no “despovoamento global” por eles almejado.
Sim, eu sei: é uma opinião
desesperada e desanimadora mas, infelizmente, tenho a lucidez como minha maior
inimiga.
Peço encarecidamente ao amigo
leitor que me prove estar eu errado.
Sem nenhuma vergonha admitirei
meus erros de análise e exibirei orgulhoso minha cara de burro – burro sim, mas
exultante de felicidade por estar vivo, não ser escravo e poder rezar pelo meu
Deus.
Título e Texto: Walter
Biancardine, ContraCultura,
29-10-2024
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