Presidente do HotéisRio, Alfredo Lopes disse que todas as esferas de governo são responsáveis pela violência no Rio de Janeiro, uma vez que não agem de forma integrada
Patricia Lima
As cenas de caos que aconteceram na Avenida Brasil, na altura da Cidade (Complexo de Israel), por conta de uma operação policial, na manhã da última quinta-feira (24), com todos os seus transtornos e desdobramentos, especialmente três mortos com tiros na cabeça, além de três feridos, continuam reverberando.
Nesta sexta-feira (25), o
presidente do HotéisRio, Alfredo Lopes, disse em
entrevista ao jornal O Globo que a imagem da cidade está se
dissolvendo em decorrência do cotidiano de violência provocada pela guerra sem
fim entre bandidos, milicianos e policiais. Alfredo Lopes destacou que os
governos federal, estadual e municipal têm responsabilidade por esse cenário de
guerra, ao não agirem de forma integrada
“Todo mundo é responsável. O estado parece não ter uma política de segurança efetiva e tenta enxugar gelo. Mas o que aconteceu na Avenida Brasil mostra que nem isso está conseguindo. A prefeitura tem responsabilidade, não adianta dizer que não, na medida que ela falha no ordenamento urbano, permitindo a expansão das favelas. O Rio foi capital e por isso tem muitas rodovias federais, que deveriam ter segurança. As esferas têm que agir de forma integrada”, disse Alfredo Lopes ao veículo.
O presidente do HotéisRio
disse ainda que a violência afeta toda a cadeia turística da capital e se
espraia por atividades, com restaurantes, bares, comércios e shopping, que têm
suas receitas reduzidas diante da baixa movimentação causada pelo dos clientes
de saírem às ruas.
“A indústria do turismo
está se dissolvendo por causa da violência. E essa crise afeta não só hotéis
como outras atividades relacionadas, como bares, restaurantes, shoppings que
faturam menos. Falam muito sobre como nesse cenário realizaremos o G20. O Rio
tem tradição de fazer grandes eventos como Olimpíada, quando reforça a
segurança e não há incidentes graves. A questão é o dia a dia”, comentou
Lopes.
O representando do setor
hoteleiro também comentou que, apesar de as áreas turísticas contarem com um
efetivo policial mais reforçado, os turistas pensam cuidadosamente antes de
tomarem a decisão de visitar a cidade, após terem acesso ao noticiário que envolve
o Rio de Janeiro.
“Durante a intervenção federal
(2018-2019), houve melhorias, a polícia foi reequipada, ganhou armas e outros
recursos. Mas passou. As áreas sob influência do crime organizado só se
expandem. Agora, você já observa caveirões em operação policial em Vargem
Grande, por exemplo. Outro dia, a gente descobre que existe uma nova facção na
cidade, que se comunica facilmente com celulares. E o governador promete
instalar bloqueadores. Será que é tão difícil assim tornar presos
incomunicáveis em um país em que o ministro Alexandre de Moraes conseguiu tirar
do ar o X em uma semana? Tecnologia existe”, lamentou Alfredo Lopes.
Título e Texto: Patricia Lima, Diário do Rio, 26-10-2024
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