Nicole Gérard, Livraria Civilização Editora, Porto, dezembro de 1973, 484 páginas.
Condenada a dez anos de
prisão, Nicole Gérard foi libertada em 1970, depois de ter cumprido “sete anos
de penitência”. Quando ela estava na prisão prometeu escrever seu livro. Aqui
está ele.
Não é a história de um “caso
do dia”. A sua autora tem outras coisas para contar, coisas, aliás, que
importam a todos nós.
Nicole Gérard viveu lado a
lado com todos os aspectos deste mundo impiedoso e quase desconhecido da
detenção feminina.
Encarcerada inicialmente por
três anos e meio em La Roquette, ela viu desfilar aí a súcia muitas vezes
pitoresca das sovaqueiras, das carteiristas, das meretrizes e das “tecedeiras
de anjos”.
Ela viveu o clima turbulento e sórdido do centro de prisão preventiva, testemunhou as ligações homossexuais que ali proliferaram, e também conheceu algumas dessas grandes criminosas que, após o seu julgamento, reencontraria na austera e sinistra casa de Rennes, a única central reservada às mulheres.
Este mundo é pintado por
Nicole com uma lucidez extrema, mas também com uma profunda emoção, nascida da
ânsia de compreender e do sentimento de solidariedade que a une, doravante, a
todas as detidas. Porque castigar é uma coisa, humilhar e envilecer é outra.
O sistema prisional – neste
caso, o francês – continua ainda hoje a se reger por regulamentos obsoletos,
entregue a um pessoal carcerário, na maioria sádico, e a uma administração que
só pensa em afirmar a sua força.
E assim, com frequência, a
prisão devolve o preso à sociedade sem lhe ter dado qualquer meio de se
reintegrar, algumas vezes até depois de o ter tornado completamente
inadaptável.
É essa desumanidade e esse
absurdo que Nicole Gérard denuncia.
Este livro, sensível,
generoso, apaixonado, é o testemunho de uma mulher que nunca parou, nem por um
momento, de lutar para preservar a sua dignidade.
Le cas de Nicole Gérard, meurtrière de son troisième mari n'a rien de pathologique, estime l'expert psychiatre
Le procès de Nicole Gérard, meurtrière de son mari le radiologue Guy Gérard, qui s'est ouvert lundi devant la cour d'assises de la Seine, ne dissimule, quant aux faits, aucune énigme. L'accusée a reconnu qu'elle avait prémédité son crime, commis le 26 juin 1963 dans un restaurant de la rue de la Huchette, à l'heure du déjeuner, au moyen d'un fusil de chasse chargé de chevrotines. Devant les jurés, elle n'a pas un seul instant tenté, au cours de la première audience, d'atténuer la rigueur de sa détermination.Elle a tué, et, si elle accepte les conséquences de son acte, elle entend que son procès soit aussi celui de sa victime, son orgueil la conduisant à tenter de reprendre l'avantage moral que la mort a conféré à un homme dont il est malaisé, il est vrai, de rendre la mémoire sympathique.
Par MAURICE DENUZIÈRE, Le Monde, Publié le 9 mars 1966 à 00h00
(…)
Um livro impressionante!
Recomendo, com certeza! ⭐⭐⭐⭐⭐
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