Humberto Pinho da Silva
Nunca se falou tanto de Educação como nos nossos
dias, mas são poucos os que sabem educar.
Em norma confunde-se educar com instruir.
Educa-se em casa, no seio da família. Instrui-se
na escola, com o professor.
Pais há que preferem abdicar, deixando a difícil
tarefa à escola, o que é um erro. O professor pode ser ótimo mestre, mas
corre-se o risco de inculcar, nas mentes em formação, ideologias e conceitos
nefastos e perniciosos.
Em "L’Éducation des Filles – R. A. Corrêa, Paris", François Mauriac aborda e indica o que é a verdadeira educação:
"Para muitos pais, o essencial é, antes de tudo o mais, que os filhos estejam de saúde: é esse o primeiro cuidado: "Estás a transpirar, não bebas ainda... Parece-me que estás quente: vou ver se tens febre..." (...) Primeiro cuidar da saúde da criança; depois da educação: "Põe-te direito: estás a fazer corcunda... Não limpes o prato... Não te sabes servir da faca... Não te espojes no chão dessa maneira.... Põe as mãos em cima da mesa! As mãos, não os cotovelos... Com a idade que tens, ainda não sabes descascar um fruto?..." Sim, é preciso que sejam bem-educados! E o sentido que todos nós damos a esta expressão "bem-educados" mostra até que ponto nós a rebaixamos. O que conta é a impressão que possam causar aos outros, ou seja, a fachada. Desde que, exteriormente, não traiam nada do que o mundo não aceita, achamos que tudo está a correr bem.
"Os únicos educadores dignos desse nome - mas
quantos há que o sejam? - são aqueles para quem conta aquilo a que Barrès
chamava educação da alma. Para esses, o que importa naquela jovem vida, que
lhes é confiada, não é só a fachada que dá para o mundo, mas as disposições
interiores, aquilo que, num destino, só Deus e a consciência conhecem. A
educação moral da criança, é uma coisa importante"
O que devia interessar ao educador, não é como
disse Mauriac, a fachada, as boas maneiras, regras úteis para viver em
sociedade, mas a educação da alma, para que cresça com sólida formação moral e
venha a ser útil à coletividade, como cidadão.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, novembro
de 2023
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