J. R. Guzzo
A Argentina está com uma inflação de 140% ao ano. A pobreza atinge 40% da população, algo que jamais acontecera antes na história do país. Não há dólares para pagar importações e muitas indústrias, que já estão na bacia das almas, não podem funcionar por falta de componentes que têm de ser comprados no exterior. O Tesouro nacional deve ao FMI e ao mercado financeiro internacional, e não paga. A Argentina está sem crédito algum; só pode contar com as contribuições do governo Lula, e isso não resolve a vida de ninguém.
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Foto: Agustin Marcarian/Reuters |
Trata-se, em suma, de um
desastre de primeira classe – e diante disso tudo o candidato que se propõe a
fazer o contrário do que vem sendo feito até agora ganha as eleições
presidenciais com uma lavada histórica. E
qual é a reação da esquerda brasileira? Estão dizendo
que houve “uma tragédia” na Argentina.
Eleição e democracia só valem quando o seu lado ganha; se perder,
porque o povo exerceu livremente o seu direito de votar, é “fascismo”.
Fica claro, mais uma vez, o
que existe na cabeça e na alma de quem opera nos extremos do “campo
progressista”: o grande problema da Argentina não é o naufrágio do país e o
sofrimento dos argentinos, mas a decisão dos eleitores em eleger o adversário.
É assim que funciona. Eleição e democracia só valem quando o seu lado ganha; se
perder, porque o povo exerceu livremente o seu direito de votar, é “fascismo”,
calamidade nacional e, sobretudo, uma aberração inadmissível.
Como um país que está na situação da Argentina, por causa das decisões tomadas durante anos seguidos pelo “peronismo” que tanto fascina o PT e seus satélites, pode estar errado por escolher quem propõe o caminho contrário? Mas a esquerda acha que uma reação popular tão lógica e legítima quanto essa é um crime. Um peixe graúdo do PT disse que a eleição de Javier Milei vai “afundar a Argentina”. Como assim – “afundar?” Afundar para onde? Por acaso o país estaria navegando num mar de prosperidade? Não faz nexo nenhum – mas a esquerda nunca faz nexo.
Durante a maior parte de sua existência, a esquerda declarou que tinha
como objetivo destruir o capitalismo. Hoje está claro que seu grande inimigo é
a liberdade.
O novo presidente, por esta
maneira de ver as coisas, não foi eleito porque a Argentina se viu levada à uma
situação de calamidade pelo esquerdismo dos seus sucessivos governos. Foi
eleito, segundo um deputado petista, para implantar “um projeto de ódio e
violência”. Falam em “retrocesso histórico”, como se o país estivesse indo para
frente. Falam em “isolamento”, e no “perigo” que seria a tentativa de mudar de
rumo. Falam que a Argentina vai mergulhar num futuro incerto – acham melhor
conservar as certezas do presente de ruínas.
Tudo isso, no fundo, resume-se
a um pensamento único: só é permitido o governo da esquerda. Esse é o começo, o
meio e o fim da história. Durante a maior parte de sua existência, a esquerda
declarou que tinha como objetivo destruir o capitalismo. Hoje está claro que
seu grande inimigo é a liberdade; é ela que tem de ser eliminada da vida
política.
O governo Lula, no mais,
sofreu a sua pior derrota no cenário externo desde que Lula assumiu a
presidência – logo aí, onde o PT tenta há onze meses vender a ficção de que o
Brasil tem uma posição de “protagonismo”. Desde que assumiu, Lula fez tudo pelo
peronismo: esteve cinco vezes com o presidente Alberto Fernandez, recebeu o
candidato peronista, fez doações ao vizinho com recursos que pertencem ao povo
brasileiro.
Nunca o Brasil se meteu
tanto numa eleição em país estrangeiro. Acabou chupando a maior surra eleitoral
que um aliado poderia levar: o “inimigo” teve 12% a mais de votos do que o seu
candidato. A sua reação, naturalmente, foi do tamanho da derrota. Soltou uma
nota medíocre, mesquinha e ressentida, na qual não citou o nome do vencedor –
como se isso mudasse alguma coisa – e falou em “vitória das instituições”. Não
houve vitória das instituições. Houve a vitória de Javier Milei. É uma realidade com a qual o
Brasil terá de conviver – e que o governo e o seu sistema não vão admitir que
aconteça por aqui.
Título e Texto: J.R. Guzzo,
Gazeta do Povo, 20-11-2023, 14h26
Argentina: vitória da liberdade
Javier Milei eleito. Por qué lloras, Francisco?
Javier Milei está longe de ser favorito a vencer eleição na Argentina, diz analista
Redação da Globo, segunda-feira, 20 de novembro de 2023...
Sergio Massa foi tão bem, tão bem, que até perdeu 😂
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