segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Os media morreram. O que resta é propaganda

Cristina Miranda 

Seria hipocrisia minha fingir surpresa com o estado atual dos media. A reação dos grandes órgãos de comunicação social – nacionais e internacionais – aos recentes assassinatos de Irina e Charlie Kirk é apenas a mais recente prova da morte do jornalismo enquanto função informativa. O que resta hoje são estruturas de ativismo político disfarçadas de informação, a operar em conluio ideológico e com objetivos que pouco ou nada têm a ver com a busca da verdade.

Desde 2016, quando comecei a dedicar-me ao ativismo cívico, venho denunciando o comportamento dos media: incoerências gritantes, mentiras reiteradas, manipulação factual e uma agressividade constante contra qualquer voz que não repita a narrativa oficial. O que antes se chamava jornalismo tornou-se uma engrenagem de propaganda – uma “operação Mockingbird” em versão século XXI -moldando a opinião pública e produzindo consenso em torno de causas políticas, culturais ou ideológicas, sob o disfarce da neutralidade.

O caso de Irina, brutalmente assassinada num metro europeu, é um exemplo cruel desta falência ética. Durante dias, as redacções fingiram não ver. Nenhum destaque, nenhum editorial, nenhum “debate urgente”. Só quando as redes sociais – esse novo e incómodo poder popular – tornaram o caso viral é que os media se viram obrigados a reagir. E, ainda assim, fizeram-no com cautela e eufemismo, procurando desculpas para o agressor e desviando o foco da tragédia humana.

Poucos quiseram reconhecer o essencial: a indiferença coletiva e o silêncio ensurdecedor perante a violência. Nenhum “telejornal de referência” questionou o que falhou na sociedade que se diz progressista e solidária. Pior: a morte de Irina não serviu de abertura em horário nobre, dos telejornais porque não encaixava na narrativa. 

Contrastemos com o caso de Charlie Kirk, cuja morte foi imediatamente tratada de forma seletiva. Ao invés de um trágico assassinato político, preferiu-se a etiqueta conveniente: “ativista de extrema-direita”, “apoiante de Trump” – um rótulo suficiente para, nas redes e nas redacções, justificar o inaceitável. Quando a ideologia se sobrepõe à humanidade, o jornalismo deixa de ser mediador e torna-se cúmplice.

A escritora J.K. Rowling resumiu bem esta inversão moral:

“Se você acredita que a liberdade de expressão é para si, mas não para os seus opositores políticos, você é antiliberal. Se acredita que o Estado deve punir quem discorda, é totalitário. E se deseja a morte dos que pensam diferente, é terrorista.” 

Hoje, nas redacções ocidentais, estas palavras soam quase subversivas. O jornalismo que nasceu para fiscalizar o poder tornou-se o braço ideológico do mesmo. Os fact-checkers, outrora símbolo de rigor, transformaram-se em árbitros partidários da verdade, validando falsidades convenientes e desmentindo factos incómodos.

Em Portugal, esta tendência não é excepção – é regra. As redacções estão povoadas por militantes travestidos de jornalistas, cronistas que confundem opinião com reportagem e noticiários que já nem disfarçam a militância. O espaço público é dominado por “comentadeiros” que ditam o que se pode ou não pensar, enquanto se acusam os outros de “discurso de ódio”. (leia aquiaqui e aqui)

Entretanto, os mesmos media que exigem solidariedade seletiva recusam o mínimo de coerência: o Parlamento Europeu, por exemplo, não concedeu um minuto de silêncio por Charlie Kirk, mas fez questão de o fazer por George Floyd. Não se trata de comparar tragédias, mas de expor o duplo critério moral – e o papel dos media em o legitimar.

O que resta da função informativa está hoje nas margens: nas redes sociais, nos pequenos canais independentes, nos cidadãos que filmam, questionam e investigam aquilo que as redações omitem. São estes que ainda praticam, por instinto, o velho jornalismo – o da verdade incómoda. E são precisamente estes que a UE quer condicionar por, vejam só, propagação de mensagens de “ódio”. Que conveniente.

Porque a verdade, hoje, é revolucionária. E os media, esses que juraram defendê-la, tornaram-se o seu principal inimigo.

É urgente insurgirmo-nos todos contra esta nova realidade.

Título, Imagens e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 3-11-2025

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