
Jovens angolanos protestam
contra o regime pela sexta vez desde Março
Joana
Gorjão Henriques
Os jovens activistas que têm
estado a pedir a deposição do Presidente José Eduardo Santos vão hoje voltar a
sair à rua. Uma marcha estava marcada para hoje, às 9h – parte do cemitério da
Santa Ana e segue em direcção à Praça da Independência em Luanda – para pedir a
libertação dos 18 detidos numa manifestação a 3 de Setembro. É também uma
marcha pelo direito à liberdade de expressão e, inspirada na Primavera Árabe,
contra os 32 anos de governação de José Eduardo Santos.
É impossível prever o que hoje
vai acontecer nas ruas de Luanda. A polícia pode, à última hora, deter os
manifestantes e “parar” a marcha. Há um braço-de-ferro sobre o local da
manifestação. O Governo Provincial de Luanda (GPL) definiu na semana passada
locais específicos – fechados – para manifestações; os manifestantes querem
fazer uma marcha. O advogado dos detidos, William Tonet, diz que a ordem do GPL
é ilegal.
Difícil de prever ainda é o
número de pessoas que vai aparecer no sexto protesto organizado por jovens
apartidários, que não têm um nome, não têm líder, não estão centralizados e não
se sabe quantos são. Muitos aparecem espontaneamente nos protestos, dizem.
Apesar de várias fontes confirmarem que este movimento de contestação ao
Governo é cada vez maior, os números de participantes nas manifestações são contraditórios
– há quem fale de poucas centenas e há quem refira até um milhar.
Finalmente, é uma incógnita
saber quantos angolanos subscrevem as palavras de protesto dos jovens.
Texto: Joana Gorjão Henriques, Público, 25-09-2011
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Foto: Miguel Madeira/Público |
Continuemos, lendo Lara Pawson no "The Guardian":
Students are rattling Angola's
regime
Protests on the streets of
Luanda show that young people are increasingly willing to speak out against the
ageing government.
De onde vem o dinheiro?
É um prazer ouvir Rafael Marques na SIC Notícias
(uma estação com muita audiência em Angola, mas que não pode enviar jornalistas
para lá) a falar sobre Angola, com o pretexto do seu último livro sobre os “diamantes
de sangue”. E é um prazer porque o que ele diz são verdades tão sabidas que
parecem truísmos, só que ninguém as diz sobre Angola. É por isso que o prazer
vem de se assistir a um ato de coragem, simples e inequívoco.
Rafael Marques interpela os portugueses sobre a
sua colaboração ativa com a corrupção em Angola. Então os bancos portugueses
que recebem as malas de dinheiro vindas de Angola não sabem qual é a origem
desse dinheiro? Então os nossos governantes, homens de negócio, jornalistas,
que andam tu cá tu lá com a elite corrupta angolana não se interrogam sobre a
origem do dinheiro que permite a esses angolanos comprarem empresas, bancos,
jornais portugueses e viverem no luxo e na ostentação? Sabem bem de mais, mas
acham que não é nada com eles. Ajudam-nos ativamente a lavar o dinheiro e
protegem-nos, com uma censura ativa, de ver denunciada a corrupção.
José Pacheco Pereira, Sábado, nº 386, 22 a
28-09-2011
Angola na encruzilhada
Se Angola quer plenamente entrar no concerto das
nações desenvolvidas e civilizadas, sabe o que tem a fazer.
Precisa de ter finanças públicas transparentes, um
Estado de Direito, tribunais independentes, leis claras, densas e precisas, um
sistema efetivo de direitos, liberdades e garantias. Tem de manter um regime
baseado na escolha consciente dos cidadãos, livremente expressa.
Se Angola quer chegar ao patamar das nações
justas, deve repartir as suas riquezas de forma equilibrada e racional,
valorizar o mérito e o trabalho, não discriminar em função da origem social,
filiação ou doutrina.
Se Angola quer continuar o caminho da paz e do
progresso, tem de transformar as forças armadas em fator de segurança externa,
união e soberania. Não pode ter medo de manifestações, dissensão ou crítica,
por mais extrema ou agreste que pareça.
Em muitos destes campos, Angola fez e continua a
fazer grandes progressos. Não pode parar na encruzilhada. Nem deixar que outros
decidam por si.
Nuno Rogeiro, Sábado, nº 386, 22 a 28-09-2011
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