Aparecido Raimundo de Souza
O MACHO em oposto, fala abertamente, grita, esbraveja, se mostra o maioral sem papas na língua. Por conta, esbraveja, xinga, profere palavrões e insultos a bel prazer. Em nenhum momento (pasmem!), em nenhum momento necessita de um ajuntamento de veados com terninhos de grifes e armados até os dentes, ou uma fila de carros blindados acobertando seu traseiro.
O COVARDE é um babaca. E não sabe. Se julga deus embora tenha convicção, que nunca chegará, sequer, a seus calcanhares. A diferença entre ele, o deus falso e o Deus verdadeiro, é simplória. Se firma as suas ações no patamar de que aquele considerado Supremo é justo, perfeito e inabalável. O Majestoso jamais descerá as escadas ou se igualará a figura esquálida de um verme meia tigela, tipo um deus robotizado, capaz de vender a puta que o pariu para aparecer.
O MACHO, ah, esse anda por aí à solta. Ri da própria sorte negra que o persegue, mas se faz invulnerável. Bate papo com todo mundo. Parece até político em épocas eleitoreiras. Beija criancinhas catarrentas, cumprimenta os moradores de ruas, dá esmolas, ajuda as velhinhas a atravessarem as ruas, senta no colo da cadeirante e diz que a ama. O Macho é um guerreiro desconhecido, pelejando, incógnito, numa guerra sem fim. No mesmo chute, um herói anônimo, irreconhecível que o Covarde por pura ganância, quer tirar de circulação, em face da sua robustez marcante o deixar de pernas e mãos atadas.
O COVARDE se sente bem “aparecendo”, nem que seja em festinhas movidas a cocaína e muitas latinhas de cerveja e whiskies importado diretamente do Canadá e Estados Unidos. De contrapeso, deliciando seus olhos sem a autenticidade da glória inusitada, se vê pasmo e ressabiado diante de uma alcateia de lindas putas que se vendem no espúrio da fraqueza, para ganharem uns trocados e manterem pulsante a sobrevivência do dia seguinte. Nesses encontros apetitosos, não faltam os outros arruaceiros, disfarçados, como se fosse o espelho de sua própria personalidade estragada. Seres insólitos que no mesmo pensar usam e abusam de um poder de envergadura pequena, minúscula e irrestrita, que tempos depois se desmanchará descartado, como se fosse uma babel arruaçando vozes e sons vindos diretamente do inferno.
O MACHO é aguerrido e valente, de compleição musculosa e desassombrado. Também se mostra decidido e impávido. Não carece, em nenhum momento, ser adulado ou bajulado, canonizado ou intumescido e inflado para que se sinta realmente macho, com “M” Maiúsculo. Tampouco demanda ou necessita estar rebolando o esqueleto nas garras da mídia. Ele sabe que esses meios de difusão em massa, tem a garganta larga. Os seus donos, se vendem, a quem der mais. O Macho é um ser pacato, humilde e solitário. Transita como um aborígene, mas o faz de cabeça erguida. É honesto, casto, probo, nobre, virtuoso, integro e recatado. Vive do suor do seu trabalho. Tem as mãos em chagas vivas, calejadas e escapole das raias da fome constante e o melhor de tudo, se mostra o herói por conviver em família e nela, ser “o tal”. O Macho ama de paixão ser a pedra fundamental na propositura de manter em evidência a comunidade em que vive.
O COVARDE, também no mesmo trilhar, ama de paixão, tudo o que lhe traz a riqueza em graças prodigiosas. Goza sobejamente as benesses da sociedade hipócrita. Porém, por debaixo das calcinhas e sutiãs, camas e colchões, vende a alma (se é que a tem). Em posição igual, se sente imortalizado e nesse tom, promove as úlceras e as chagas alheias. Não respeita os códigos e as leis existentes. Aliás, para esse câncer incurável, as leis, os códigos, as normas e a própria constituição, são usadas para outras finalidades. Viraram uma espécie de bacia das almas, recheadas de atrativos promíscuos diferenciados. De certa forma, a bem da verdade, produtos oportunos para manter limpo o rego de suas sujidades no silêncio pesado daquilo que ele chama de sua casa.
O MACHO segue firme, intáctil. Marcha seguro, porfioso, cravado e tenaz. Se diverte levando os filhos em passeios os mais diversificados. É comum vê-lo em sessões de cinemas e circos, tomando café em padarias, almoçando em restaurantes com a esposa, ou, pior, é corriqueiro encontrá-lo no cotidiano tresloucado do comezinho banal, desfrutando do seu sopro divino, transitando pelos corredores da vida insensata, desequilibrada e custosa, sem, todavia, receoso daquele medo mórbido e afastado do receio perturbante de ser morto ou atacado. Esse Macho vai e volta, volta e vai, sempre de cabeça erguida. Em nenhum momento, altera a plenitude do seu diário mantendo um amontoado de pústulas (sempre é bom lembrar) ao seu redor, guarnecendo as suas costas de um possível ataque iminente.
O COVARDE prescinde de manter vinte e quatro horas um exército blindando aformoseando e fortificando a sua imagem rica e majestosa, bordando a sua posição em letras garrafais em painéis múltiplos e chamativos, expostos às margens de vias urbanas espalhados pelas ruas e avenidas, becos e desvãos da cidade, lembrando de ser ele um onipotente pomposo como uma relíquia etérea e imorredoura. Ele se sente e se vê, se imagina e crê na ideia estapafúrdica, como se fosse o soberano sacrossanto, invulnerável e intocável de um país obscuro. Seu “eu” interior inflado de merdas e gazes “fedorentados,” alimenta a falsa ideia de que ele tem as chaves de uma nação que o despreza e o teme, deslembrando a todo minuto que os seus objetivos não passam de um avolumado de indignidades “nauseabundadas”, como toda a espécime da sua laia. Um dia, isso tudo se transformará num amontoado de vermes peçonhentos namorando a decomposição.
Em resumo, o COVARDE E O MACHO são seres distintos. Quanto a isso, não deve prevalecer a menor dúvida. Enquanto a Covarde procura, atarantado e sem descanso os fluídos da glória, o Macho, aos goles poucos, granjeia encontrar a fórmula da composição da Paz de Espírito. Mais hoje, ou amanhã, o Covarde se deteriorará, ao passo que o Macho seguirá pelejando em busca de uma vitória que lhe faça único nos caminhos de um porvindouro risonho e imutável. SOBRETUDO, PERPÉTUO E SEMPITERNO.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, 29-4-2025
Anteriores:[Aparecido rasga o verbo – Extra] O sonho de Isis Valverde está chegando
O desejo maduro pelo quase impossível
Branca de Neve e os Sete Anões Modernos: A Nova Era das Festas
Reincantamento do cotidiano
Algumas observações sobre o ‘Covarde e o ‘Macho’
ResponderExcluirO TEXTO O 'Covarde' e o 'Macho' de Aparecido Raimundo de Souza, apresenta uma dualidade muito marcante entre duas figuras opostas, explorando não apenas o caráter de cada uma, mas também as suas implicações sociais, psicológicas e morais. Vou procurar trazer à baila, o que entendi sinalizando alguns pontos que podem ser interessantes para que os mais distraídos acompanhem a minha linha de pensamento. Comecemos pelo contraste entre o ‘Covarde’ e o ‘Macho.’ Para início de conversa, o texto constrói um engasgo claro entre os dois, tipo assim, uma oposição quase como arquétipos, ou seja, o ‘Covarde’ representa a hipocrisia, o apego às aparências e à riqueza, enquanto o ‘Macho’ simboliza a autenticidade, a humildade e a força moral. Como essa dicotomia dialoga com conceitos como poder e reputação, euzinha pergunto: será que essa visão é absoluta, ou há nuances que podem ser exploradas? Acredito que haja. Vamos ver a coisa pela crítica social. Entre tapas e bordoadas, o Aparecido faz uma crítica àqueles que buscam reconhecimento e status sem ter valores genuínos, conectando isso à corrupção e ao uso manipulador do poder. E como essa crítica se aplica à sociedade atual? Pela minha visão, percebo paralelos com figuras públicas ligadas a situações contemporâneas. O estilo e a linguagem do Aparecido trazem, de cara, um tapa forte e bem dado, um safanão quase visceral, com uma linguagem carregada de ironia e indignação. Esse tom meio abrupto e virulento, influencia a interpretação? Sim. O impacto emocional das palavras reforça a mensagem do autor? Também! Por conta, sintonizo existir embutido um questionamento implícito sobre o que define um ‘verdadeiro’ homem e sobre o peso da dignidade, do caráter e da autenticidade.
Algumas observações entre o ‘Covarde e o ‘Macho (parte 2).
ResponderExcluirUma análise bem estruturada no meu conceito de mera leitora, penso que carece de ser clara, organizada e argumentativa. Em rápidas pinceladas, tentarei deixar evidenciado o que entendi. Comecemos pelo contraste entre o ‘Covarde’ e o ‘Macho.’ ‘O Covarde’ é retratado como um personagem hipócrita, oportunista e preocupado com status. O ‘Macho,’ por sua vez, é independente, íntegro e firme em seus valores. O ‘Covarde’ se esconde atrás de aparências e influência social, enquanto o ‘Macho’ enfrenta desafios de forma honesta e desanuviada. Continuo açoitando na tecla de que o texto, de ponta a ponta, utiliza um tom acrimoniosamente rígido para reforçar essa contraposição e destacar a subalternidade moral do ‘Covarde.’
Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. (Continua).
Algumas observações entre o ‘Covarde’ e o ‘Macho’ parte 3 (continua).
ResponderExcluirComo crítica social, eu diria que o ‘Covarde’ está à frente daqueles que se beneficiam da estrutura social sem respeitar princípios éticos, refletindo figuras públicas e respingando elites corruptas. A ideia de masculinidade idealizada no texto sugere uma crítica à forma como o poder e a reputação são manipulados na sociedade. O Aparecido vai um pouco além e sugere que, embora o Covarde pareça vencer a curto prazo, a sua decadência é inevitável, enquanto o ‘Macho’ persiste com força e dignidade. Partindo da minha reflexão, entendo, lado outro, que o texto propõe uma oposição extrema entre essas figuras. No entanto, na sociedade contemporânea, muitas vezes me questiono: será que esses perfis ainda fazem sentido? Ou por outra, ainda vemos indivíduos que usam o poder e a influência para manipular, enquanto outros seguem firmes em seus valores? Talvez essa, como diria, ‘dicotomia’ seja mais complexa do que parece, com nuances entre a coragem e a covardia que (caso à parte) merecem uma discussão mais profunda. Vamos lá. O conceito de ‘Macho’ traz uma ideia de força e integridade. Mas será que essa definição ainda corresponde ao que a sociedade dos nossos dias atuais entende como masculinidade? A visão do Aparecido Raimundo de Souza valoriza características como coragem e honestidade, mas será que outras qualidades, como empatia e vulnerabilidade, também fazem parte da construção de um homem íntegro?
Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. (Continua).
Algumas observações entre o ‘Covarde’ e o ‘Macho’ parte 4 (continua).
ResponderExcluirO texto critica aqueles que manipulam a sociedade por meio do poder e da influência, enquanto exalta a figura do homem simples e trabalhador. Essa crítica pode ser aplicada a diversos contextos políticos e sociais hoje, onde a imagem e a reputação são usadas estrategicamente para ganhar poder. Podemos refletir: como o ‘Covarde’ e o ‘Macho’ se manifestam nas estruturas de liderança e nas relações de poder que observamos ao nosso redor? Vamos tentar. O ‘Macho,’ segundo construção do Aparecido Raimundo de Souza, é alguém que vive de forma honesta, sem precisar da validação externa. Já o ‘Covarde’ se preocupa com aparências e status. Essa reflexão pode ser aplicada ao nosso próprio cotidiano. Quantas vezes buscamos reconhecimento em vez de autenticidade? Vivemos em uma sociedade corrupta, desumana, que valoriza mais a imagem pública do que o caráter verdadeiro. Sim, queridas amigas e leitoras da Grande Família Cão que Fuma. A diferença essencial entre o Covarde e o Macho, segundo o que o Aparecido Raimundo de Souza quis deixar claro em seu texto, está na postura e nos valores que cada um carrega. O Covarde (como disse acima) é representado como alguém que se esconde atrás de aparências, poder e manipulação, buscando vantagens e status sem autenticidade.
Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. (Continua).
Algumas observações entre o ‘Covarde’ e o ‘Macho’ parte 5 (continua).
ResponderExcluirEle depende da aprovação externa, da ostentação e das máscaras sociais para se sentir relevante, mas no fundo, a sua fragilidade e hipocrisia o tornam um merda elevado ao quadrado. Já o ‘Macho’, como o Aparecido Raimundo de Souza o descreve, é uma figura que age de forma transparente, sem medo de mostrar quem realmente é. Ele não busca reconhecimento artificial nem se rende às pressões da sociedade para moldar a sua identidade. Sua força maior vem da dignidade, da simplicidade e da coragem de enfrentar desafios sem precisar se apoiar em falsidades ou influências externas. Indo mais adiante, diria que o Aparecido Raimundo de Souza constrói essa dualidade como um contraste extremo, onde o ‘Covarde’ representa a corrupção e a decadência, enquanto o ‘Macho’ encarna o mundo real e foca em sua autenticidade. Todavia, se a gente for dar uma espiada bem lá do alto, como uma girafa de pescoço esticado, eu diria que um olhar mais crítico, pode ser interessante para refletir se essas categorias são tão rígidas na realidade, ou uma ou mais perguntas meio fora de órbita: será que as pessoas são inteiramente ‘Covardes’ ou ‘Machos,’ (ACHO JÁ FIZ ESSA PERGUNTA LÁ EM CIMA), se não fiz, faço agora e questiono de existem nuances entre esses comportamentos?
Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. (Continua).
(Continua).
ResponderExcluirAlgumas observações entre o ‘Covarde’ e o ‘Macho’ parte 6 (continua).
O texto de Aparecido constrói o ‘Covarde’ e o ‘Macho’ como arquétipos, sem apontar claramente para figuras específicas. Essa escolha permite que o leitor identifique esses perfis em diferentes contextos, sejam eles políticos, sociais, culturais e até pessoais. Se analisarmos a crítica social presente na obra, o ‘Covarde’ pode representar indivíduos que usam poder e influência para manipular, se esconder atrás de aparências e evitar o confronto direto. Essa figura se encaixa em líderes autoritários, figuras públicas que dependem da ostentação e até mesmo pessoas que evitam assumir responsabilidades.
Já o ‘Macho,’ na concepção do autor, é alguém que age com autenticidade, enfrenta desafios sem precisar de suporte artificial e se mantém firme em seus valores. Ele pode ser visto como um cidadão comum que trabalha honestamente, um líder que defende princípios sem se corromper ou qualquer pessoa que não teme ser quem realmente é. O interessante do texto é que ele não nomeia ninguém, deixando a interpretação aberta. Você enxerga figuras públicas ou situações reais que se encaixam nessas descrições? Pense, e deixe a sua opinião.
Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. (Continua).
(Continua).
ResponderExcluirAlgumas observações entre o ‘Covarde’ e o ‘Macho’ parte 7 (final).
O desfecho do ‘Macho’ e a posição do ‘Covarde,’ segundo o texto de Aparecido, são bem contrastantes. O ‘Macho’ segue firme, enfrentando desafios e mantendo seus valores intactos. Ele marcha com segurança, desfruta da vida cotidiana sem medo e carrega a dignidade de quem não precisa de aparências para se validar. Seu destino é a persistência, a luta diária e, acima de tudo, a paz de espírito. Mesmo em um mundo caótico e desequilibrado, ele se mantém íntegro. O Aparecido Raimundo de Souza sugere que essa força moral faz dele um eterno guerreiro, alguém que, apesar das dificuldades, nunca se corrompe. Já o ‘Covarde’ se sustenta na ostentação e na manipulação. Ele busca glória e poder, distinção e fama, mas a sua construção é artificial e frágil. No final, Aparecido deixa entender que o ‘Covarde’ se deteriora com o tempo, pois sua essência é baseada em ilusões e hipocrisia. Ele pode parecer grandioso por um período, mas sua própria natureza o condena à ruína. O autor aponta para um futuro inevitável de decadência, em que essa figura se tornará apenas um nome apagado, perdido entre falsas promessas e corrupção.
A mensagem final, termino repetindo o que já disse acima, parece enfatizar e de fato enfatiza, que embora o ‘Covarde’ viva cercado de poder, a sua existência é oca e vazia. Enquanto isso, o ‘Macho,’ mesmo sem grande reconhecimento, encontra sentido na sua jornada. Essa diferença é o cerne do texto: o verdadeiro sucesso, minhas queridas amigas e leitoras da Grande Família Cão que Fuma, não está na aparência externa, mas na autenticidade e na firmeza dos próprios princípios. Desculpem pelo texto grande demais e por algumas coisas que repeti para deixar bem claro o meu pensamento.
Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
Excluir👏