Os policiais que tombaram no Rio e os cidadãos que vivem sob o jugo do crime organizado não preocupam o PT. A preocupação é reeleger Lula
Mário Sabino
Depois de assistir ontem à noite às imagens terríveis do combate entre
policiais e traficantes do crime organizado, na mata que separa o Complexo do
Alemão do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, fui dormir mais uma vez com a
certeza de que o Brasil chegou a um beco sem saída.
A aumentar o meu desalento, e eu nem achava isso possível, tem-se a nota
publicada hoje sobre o que se pensa no Palácio do Planalto. Lá, o combate não é
entre a vida e a morte, entre a civilização e a barbárie. Nenhum áulico
presidencial está preocupado se quatro policiais morreram, um deles teve a
perna amputada e outros dois lutam pela vida no hospital.
Eles também não se interessam pelos 280 mil cidadãos que vivem sob o
regime de terror imposto pelos traficantes naquelas favelas cariocas, retratos
impressionantes do desastre social e urbanístico nacional. Nem com os demais 28
milhões de brasileiros que têm de se submeter ao jugo do crime organizado.
Não, o Palácio do Planalto só pensa em reeleger Lula. O PT só pensa em reeleger Lula. Lula só pensa em reeleger Lula. E todos eles torcem para que as mortes, de policiais e traficantes, tenham sido em vão.Ad l
A nota é do jornalista Lauro
Jardim. Ele publica o seguinte:
“No Palácio do Planalto, ninguém contesta o óbvio: Cláudio Castro ganhou
o primeiro round da guerra de segurança pública em termos de resposta da
opinião pública. As pesquisas são unânimes nesta direção. Mas no governo
federal a aposta é de médio prazo. Primeiro, há a confiança de que, com o
tempo, o desgaste virá para o governo do Rio de Janeiro.
Diz um ministro:
‘É só o tempo de ficar claro que o Comando Vermelho não foi atingido em
sua força, apesar de mais de uma centena de mortos.’
Um petista graúdo complementa:
‘As investigações sobre as mortes poderão trazer surpresas ruins para o
governador.'”
Na sequência, o jornalista afirma que o governo aposta na PF e na
Receita Federal para pegar o “andar de cima’” e, assim, “virar o jogo em um
segundo round”.
Sou só eu a me escandalizar com a imoralidade revelada por essa nota? A
imoralidade de um governo que torce pelo pior — e o pior, nesse caso, é o
horror próximo do absoluto — para minar a popularidade de um opositor?
Um governo que, então, apenas finge estar disposto a atuar em parceria
com o governador carioca? Que deseja que tenham ocorrido abusos policiais? Que
aposta em uma única operação federal contra bandidos da Zona Sul do Rio,
cúmplices do tráfico, para dar a ilusão de que assim se resolverá a tragédia
diária da massa de cidadãos pobres oprimida por criminosos armados com fuzis?
Chegamos ao beco sem saída por causa desse tipo de gente, que há cinco
séculos trabalha pesado na destruição do que nem sequer chegou a ser
construído: uma nação.
Título e Texto: Mário Sabino, Metrópoles, 3-11-2025, 15h48

A reunião entre Moraes e Cláudio Castro foi tudo, menos técnica. Trata-se de uma manobra política clara. A ADPF das Favelas nas mãos do Moraes se tornou uma “coleira” na segurança pública do Rio, que está em uma situação de guerra.
ResponderExcluirFacções tomando territórios, ameaçando moradores e assassinando inocentes. E mesmo assim o governador conduziu uma operação que apreendeu mais de 93 fuzis e mandou um recado ao crime: A população do Rio não será desamparada.
Mas, segundo o STF, ele precisa “pedir bênção” pra agir contra o crime. E quem perde com isso? O cidadão de bem.
Curiosamente, Moraes assume o caso justamente quando Cláudio Castro sobe de 43% para 53% nas pesquisas e ameaça a esquerda no Rio.
É evidente que o STF está começando a interferir na corrida eleitoral de 2026 e isso não é bom.
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