O tesoureiro do Partido Conservador
Britânico, Peter Cruddas, foi “apanhado” a propor favores em troca do habitual:
dinheiro. Nada de nos fazer abrir a boca de espanto, sendo mais interessante a
“deslocalização” do assunto para Portugal.
Pegando em experiência
anterior, a comunicação social amiga estaria em polvorosa denunciando a
tramoia. Uma cabala, utilizando o termo em moda. De imediato o PGR e o
presidente do STJ levantariam as suas vozes determinadas: “que se destrua o
vídeo. E já!”. Talvez o visionassem primeiro, para que, conscientemente,
concluíssem não ter matéria de facto; que não era do interesse público e que
feria a Constituição numa carrada de alíneas.
Os jornalistas amigos, os
politólogos – também amigos – sempre presentes em todos os canais de televisão
e as eminências pardas (pais incluídos) da democracia vigente, tratariam de
imediato de considerar tal informação, manobra de uma qualquer “agenda”.
Jurisconsultos com avença estatal, apontariam de imediato a ilegalidade, pois a
vítima – o tesoureiro partidário – não tinha sido previamente avisado que a
conversa iria ser gravada em vídeo. Que como toda a gente sabe, nisso, Portugal
é o campeão dos direitos: para se gravar um crime, deve pedir-se autorização
prévia ao criminoso. Caso contrário, não vale. Invertem-se mesmo os papéis, a
testemunha passa a criminoso e o dito a vítima… com direito a indemnização.
Os políticos do partido visado
apontariam o bota abaixismo da ação. Os jornalistas responsáveis, como
não-jornalistas, ou mesmo travestidos de jornalistas. E a “vítima”, ou seja, o
tesoureiro partidário: o tesoureiro mais perseguido de sempre.
Porém, numa demonstração de
democracia imatura, o primeiro-ministro do partido do tesoureiro partidário pediu
desculpa. Prova que é um frouxo, fazendo lembrar a triste figura que em
Portugal também tem essa mania: pedir desculpa. E demitem o tesoureiro – a
verdadeira vítima – sem, ao que se saiba, lhe tenham reservado um lugarzinho
numa administração de uma empresa amiga, ou na União Europeia… ou mesmo no BCE
– sítio para onde enviamos as nossas mais competentes personagens.
Portugal nesta matéria mais
uma vez dá lições ao mundo.
Título e Texto: Alberto de
Freitas
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O primeiro-ministro David
Cameron classificou a acção do tesoureiro do seu partido como “completamente
inaceitável”. Foto: Olivia Harris/Reuters
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