Jacinda Ardern criou recentemente um
“imposto animal” que objetiva taxar o metano lançado pelos animais por
arrotarem e soltarem puns
Ricardo Felício
Quando falamos em “mudanças climáticas”, já sabemos que o assunto não será sobre clima, mas o quanto devemos pagar pelo nosso pecado de existir neste mundo. Além de consumirmos petróleo, madeira, água, usarmos o solo, as rochas etc., ainda temos que acrescentar ao nosso pecado, o simples ato de que precisamos comer. Assim, todo o abastecimento alimentício também tem uma culpa neste cartório global climático.
No caso específico,
abordaremos o envolvimento da produção de carne. Para os ambientalistas que
projetam a sua concepção revolucionária climática, o gás metano (CH4) é tão
mortal quanto o CO2, embora até hoje não saibamos para quem está direcionada a
tal ameaça de mortalidade, ou para a humanidade, ou para o planeta. Tal
conjectura baseia-se, como sempre, na falsa hipótese das “forçantes radiativas”
(ou farsantes radiativas) adotadas pelo IPCC, o painel do clima da ONU, onde o metano teria a
infeliz propriedade de ser dez, 20 (já vi até 38) vezes mais “estufa” que o
dióxido de carbono, o que o elegeria um “super-estufa”, mesmo que a sua
concentração na atmosfera seja insignificante, de apenas 0,00018% (o CO2 é de
cerca de 0,035 a 0,038%) ou seja, um gás traço dentro dos traços.
Ele é medido em partes por bilhão de moléculas, de forma que seria impossível que realizasse o efeito supostamente deletério que o condenam. O metano ainda tem uma ficha corrida interessante: tem vida média baixa na atmosfera, não colaborou com o IPCC nas suas taxas de crescimento (caindo, inclusive, por décadas) e suas fontes são esmagadoramente naturais, sendo bastante duvidosas as estimativas das concentrações atribuídas às atividades humanas, ou seja, deste valor insignificante da sua concentração total, a contribuição humana sequer poderia ser avaliada. Nestes termos, implicar com o metano só significa criar mais problemas para a humanidade nas atividades produtivas que já possuem os seus próprios problemas reais em demasia.
A cara do totalitarismo
Contudo, a agenda climática precede às demandas humanas, pois o planeta “pede” socorro (a humanização da matéria é sempre surreal). E na implementação de medidas urgentes de controle climático, seja lá o que isto represente na mente destes sujeitos, algo precisa ser feito e começamos a observar os seus agentes trabalhando em experimentos laboratoriais pelo mundo, onde estão a criar os meios de controle tão necessários. Assim sendo, um dos laboratórios mais avançados para tais medidas draconianas passou a ser a Nova Zelândia.
2! Ela elogiou a nova taxa,
orgulhando-se de ser a primeira do mundo, em um protagonismo claramente débil,
não só por taxar o metano, mas também o óxido nitroso (N2O) produzidos pelos
seis milhões de cabeças de gado e 26 milhões de ovelhas no país. O interessante
é que as “soluções” adotadas por esse tipo de político são sempre a nada
saudável criação de mais impostos, que atrapalham ainda mais o curso natural
dos processos produtivos.
Trocando em miúdos, imagine-se
utilizando do transporte público em 20 dias do mês, duas vezes por dia, para ir
e voltar ao seu trabalho. Como haverá a “necessidade” de se combater às
mudanças climáticas, criar-se-á um “imposto do ônibus” porque este usa
petróleo. Assim, você não poderá deixar de usar o transporte porque precisa ir
trabalhar, pois afinal, o seu uso não é facultativo, então terá que absorver
esse novo imposto no seu orçamento de alguma forma. Para o caso dos alimentos,
um imposto climático só fará os mesmos encarecerem e assim, ou os consumidores
absorvem este impacto orçamentário, ou deixarão de consumir o produto. No final
das contas, não se fez nada pelo clima, tendo em vista que o próprio argumento
é uma estupidez falaciosa, mas se criou um processo financeiro que arrecadou
recursos sobre um problema inexistente e sabemos que essa arrecadação não será
pouca.
Para o estudo de caso em
questão, os agricultores da Nova Zelândia partiram para os protestos contra
este “imposto animal” planejado por Jacinda. No final do mês de outubro,
diversos comboios de veículos interromperam o tráfego em Auckland e Wellington
exigindo que o governo abandonasse a adoção de tal medida. Os agricultores
utilizaram de seus tratores, máquinas agrícolas, picapes e caminhões também
para tomar outras cidades e estradas, onde passaram a exibir seus cartazes de
protesto contra a adoção do imposto climático do atual governo de esquerda que
assola o país.
O pedido de cancelamento de
tal medida é totalmente legítimo, pois como explicado, isto cria não só mais
custos para o sistema produtivo, como também serve de arma de controle para o
governo, pois este pretende utilizar tais medidas para “atingir as metas
climáticas necessárias”. Jacinda ainda alegou que tal medida irá até beneficiar
os agricultores, porque poderão cobrar mais caro por “carnes ecológicas”. Com
declarações tão esdrúxulas e sem fundamento, não se admirou que os protestos
tivessem adesão de boa parte da população das cidades, pois já entenderam que o
encarecimento da comida atingirá a todos.
Plano maligno
Aqui fica clara a insanidade e
a falta total de lógica de pessoas como esta que se assentam nas cadeiras do
poder. Primeiro porque tal medida visa mesmo apenas operações financeiras e
nada tem a ver com clima. Segundo, que não é porque o processo produtivo ficou
mais caro que ele se tornou “ecológico” e muito menos “tratou do clima”. O que
se conseguiu foi reduzir a produção. Com o encarecimento dos produtos, a
própria produção começa a ficar comprometida, pois o nicho do mercado que tem o
poder aquisitivo para atingir o consumo de certo produto vai diminuindo.
As máscaras acabam caindo e o
plano maligno fica totalmente evidente. Por isso que os agricultores e
produtores rurais estão a protestar desde então. Eles sabem que a sua
subsistência ficará prejudicada, como declarou o Sr. Bryan McKenzie, um dos
organizadores do protesto que identificou a gravidade do problema, pois
entendeu que o imposto era uma forma de punição que acabaria comprometendo a
existência das comunidades rurais, algo que todos estes embusteiros climáticos
desejam: que haja redução de consumo mundial, em prol do clima e do planeta.
A desculpa é sempre a mesma
para se chegar ao cumprimento da Agenda 2030, mesmo que isto crie problemas
produtivos. Cada vez fica mais claro para as pessoas que estão despertas que “erradicar
a pobreza” e “acabar com a fome” são apenas sofismas colocados como alegorias
neste discurso. De certo que casos semelhantes já ocorreram em outros países,
como foi na Holanda, onde o governo resolveu também reduzir a produção de seus
rebanhos. Embora neste caso o problema seja outro, aproveitou-se para se
aplicar regras “climáticas” que sempre objetivam mais controle do Estado sobre
o indivíduo e suas formas de produção.
O Brasil que se prepare, pois
este canhão também se virará contra nós. Os produtores rurais já devem se
atentar para alguns sujeitos que irão trazer essa “maravilha” para as terras de
Vera Cruz, afinal, temos um dos maiores rebanhos do mundo e a boquinha de se
criar mais impostos sempre é bem-vinda aos governos totalitários de esquerda,
em especial, ao que nos reserva aqui no nosso país. Não se impressionem se
nesta sanha de se taxar tudo e a todos, os governantes de esquerda, insanos e
surreais que rugem ao nosso redor, não queiram também taxar o metano humano in
situ, acrescentando algum medidor em nossos traseiros. Ideias totalitárias, não
faltam.
Título e Texto: Ricardo Felício, Revista Oeste, 26-11-2022, 16h10
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