Pedro Candeias
Decidi espreitar:
O Falcon 50 da Presidência da República tem 6,97 metros de altura e
18,86 metros de envergadura, leva uma tripulação de três e suporta 12 passageiros
e duas macas, consegue voar a 887 km/h e durante sete horas no máximo, e tem combustível
suficiente para 5.500 quilómetros.
Ora, como o Catar fica a
7.500 km de Lisboa, o Falcon 50 em que Marcelo viaja para o Mundial2022
terá de fazer uma paragem para reabastecimento: o voo partiu às 07h30 do
Aeródromo de Trânsito n.º1 de Lisboa e o Presidente da República esteve
acompanhado por meia dúzia de militares que lhe bateram continência antes de
entrar nesta aeronave construída por uma empresa chamada, adequadamente, Marcel
Dassault.
O protocolo presidencial foi cumprido em Figo Maduro, um dia depois de o
Presidente ter sido protocolarmente libertado na Assembleia da República, com alguns votos contra, para viajar
até ao Mundial e assistir ao jogo de Portugal na quinta-feira. Tudo isto seria absolutamente normal – é assim há 200 anos –, não fosse um ligeiro
problema reputacional deste pequeno emirado absurdamente rico com área
equivalente à de Trás-os-Montes e Alto Douro.
E é aqui que se entrincheiram as convicções.
É normal que a mais alta figura do estado português se desloque a um evento cujo anfitrião viciou
comprovadamente o sorteio de atribuição a seu favor? Marcelo não estará assim a validar
um país sobre o qual recaem acusações de escravatura, intolerância perante as mulheres e a comunidade gay?
Ou, pelo contrário, isto é uma oportunidade para entreabrir a porta de um mundo fechado ao progresso? Ou estaremos
todos – jornalistas, comentadores, cidadãos, adeptos – apenas
a ser hipócritas? Ou uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa
completamente diferente?
Título e Texto: Pedro
Candeias, Expresso curto, 23-11-2022
Sangue, suborno e bola
Calores e omissões reveladores
Processo de escolha
ResponderExcluirO processo de escolha para as sedes das edições de 2018 e 2022 iniciou em janeiro de 2009, e as associações interessadas tinham até 2 de fevereiro de 2009 para enviar a documentação necessária.
Inicialmente, onze propostas foram recebidas pela FIFA, porém o México decidiu desistir do processo,] e a candidatura da Indonésia foi rejeitada pela FIFA em fevereiro de 2010, após a Associação de Futebol da Indonésia não apresentar uma carta de garantia do governo indonésio para apoiar a candidatura.
No final, havia cinco propostas para a competição, a Austrália, Catar, Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão. Os membros do Comitê Executivo da FIFA se reuniram em Zurique em 2 de dezembro de 2010 para votar e selecionar as sedes das duas edições.
Dois membros foram suspensos antes da votação após alegações de corrupção em relação aos seus votos.
A vitória do Catar foi classificada como tendo alto risco operacional pela mídia estadunidense, australiana e britânica.
Foi severamente criticada após os escândalos de corrupção na FIFA.
O Catar é o menor país em área e população que irá sediar uma Copa do Mundo FIFA, superando a Suíça, que havia sediado em 1954.
Já imaginou se fosse um presidente, de Direita assumida, que tanto quisesse passear no Qatar?! Imaginam os decibéis da "indignação"?!
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