Paulo Hasse Paixão
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão pela maioria do polémico Supremo Tribunal Federal (STF) por tentar orquestrar um golpe para se manter no poder, depois de perder as eleições presidenciais de 2022. A decisão marca a primeira vez na história do país que um ex-presidente é considerado culpado de crimes contra a democracia.
Bolsonaro, que exerceu funções
entre 2019 e 2023, foi condenado por cinco acusações criminais, incluindo
conspiração para derrubar instituições democráticas, participação num grupo
criminoso armado e incentivo à violência política. Foi também acusado de representar
uma ameaça ao património nacional e aos bens do Estado. Três ministros votaram
pela condenação, enquanto um, Luiz Fux, votou pela absolvição. A divergência
abre caminho a eventuais recursos ou contestações judiciais.
A juíza Cármen Lúcia no seu
discurso antes de votar a condenação, afirmou:
“Este processo-crime é
quase um encontro entre o Brasil e o seu passado, o seu presente e o seu
futuro. (…) O réu agiu com o propósito de corroer a democracia e as
instituições”.
Os procuradores alegaram que
Bolsonaro e os seus aliados planeavam rejeitar os resultados das eleições de
2022, nas quais perdeu oficialmente para Lula da Silva, e preparavam-se para
usar a força militar para se manter no poder. A investigação terá ainda
revelado conspirações para atingir ministros do Supremo Tribunal Federal e
tentativas de incitar distúrbios violentos na capital. Bolsonaro negou qualquer
irregularidade.
A mulher de Bolsonaro,
Michelle, respondeu ao tribunal num comunicado publicado nas redes sociais,
dizendo:
“Quando a coerência e o sentido de justiça prevalecem sobre a vingança e a mentira, não há espaço para perseguições cruéis ou julgamentos tendenciosos”.
A decisão é o mais recente de
uma série de reveses jurídicos para o líder populista. Em 2023, Bolsonaro foi impedido de exercer cargos públicos até 2030,
depois de a Justiça Eleitoral do país ter decidido que abusou de poder e lançou
dúvidas infundadas sobre o sistema de voto electrónico do Brasil. O tribunal
considerou que as suas declarações públicas questionando a integridade das
urnas electrónicas e tentando regressar aos boletins de voto em papel
prejudicaram o processo democrático.
Em Julho de 2025, Bolsonaro
foi detido por receio que pudesse tentar fugir para os
Estados Unidos em busca de asilo político. O presidente Donald J. Trump tem
feito lobby em seu nome, ameaçando impor pesadas sanções e tarifas ao Brasil
por aquilo que considera ser uma caça às bruxas com motivações políticas.
Bolsonaro tem 70 anos. A pena
a que foi condenado equivale assim a prisão perpétua.
É importante sublinhar que
o atual presidente brasileiro, Lula da Silva, foi condenado, repetidamente e em
várias instâncias judiciais, por crimes de corrupção, e libertado com uma
pequena parcela da pena de prisão cumprida, sem nunca ter sido ilibado dos seus
crimes.
Mas este facto aberrante
não comove aqueles que dizem defender a democracia brasileira.
A verdade é que a democracia brasileira já era. O processo totalitário em curso no país acabou de fechar o primeiro ciclo. A partir de agora, as coisas só vão piorar.
Título, Imagem e Texto: Paulo
Hasse Paixão, ContraCultura,
12-9-2025
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