terça-feira, 11 de novembro de 2025

Democratas cedem e Senado avança com acordo para terminar paralisação do governo federal americano

Paulo Hasse Paixão

Como o ContraCultura tinha previsto, os senadores democratas não poderiam suportar a pressão de manter a máquina federal norte-americana paralisada durante muito tempo. O Partido Democrata é o Estado e o Estado é o Partido Democrata. A circunstância seria sempre insustentável. 

Neste contexto, o Senado deu o primeiro passo na noite de domingo para pôr fim à mais longa paralisação governamental da história dos EUA, com um acordo bipartidário que manterá o governo financiado até 30 de Janeiro de 2026.

A câmara alta votou na segunda-feira a aprovação final do acordo, e é muito provável que a Câmara dos Representantes o envie para a mesa do presidente Trump ainda esta semana.

Sete democratas – Dick Durbin, do Illinois, Tim Kaine, da Virgínia, Maggie Hassan e Jeanne Shaheen, de New Hampshire, Catherine Cortez Masto e Jacky Rosen, do Nevada, e John Fetterman, da Pensilvânia — juntamente com o independente Angus King, do Maine, votaram ao lado de 52 republicanos para quebrar a obstrução parlamentar sobre o pacote de despesas, que inclui três projectos-lei para financiar benefícios do SNAP (Programa de Assistência Nutricional Suplementar – “food stamps”), programas para veteranos e operações do Congresso até 30 de setembro de 2026.

O senador Rand Paul (R-Ky) foi o único republicano a votar contra.

A aprovação do acordo bipartidário no Senado está a abrir uma guerra civil no Partido Democrata.

O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer (D-NY), juntou-se à maioria do seu partido na votação contra o avanço da legislação, que prevê uma votação sobre a manutenção dos subsídios da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act) que expiram ainda este ano — mas não oferece qualquer garantia da prorrogação de seis semanas exigida pelos democratas.

Enquanto a votação estava em curso, Schumer afirmou no X:

“Os democratas têm lutado há meses para resolver a crise da saúde nos Estados Unidos. Pelos milhões que perderão a cobertura. Pelas pessoas com cancro que não receberão o tratamento de que necessitam. Pelas famílias trabalhadoras que não podem pagar mais 25 mil dólares por ano em cuidados de saúde. Continuaremos a lutar”.

O senador Bernie Sanders (I-Vt.) disse simplesmente que “esta noite foi uma noite muito má” na sua conta do X.

Os democratas da Câmara dos Representantes, liderados pelo líder da minoria, Hakeem Jeffries (D-NY), manifestaram indignação com o acordo para pôr fim à paralisação do governo, que interrompeu milhares de voos em todo o país e deixou milhões de pessoas sem os benefícios integrais do SNAP desde o início deste mês.

Jeffries protestou também no X:

“Parece que os republicanos do Senado vão enviar à Câmara dos Representantes um projecto-lei de despesas que não estende os créditos fiscais da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act). Vamos lutar contra o projeto-lei republicano na Câmara dos Representantes, onde [speaker] Mike Johnson será obrigado a terminar as sete semanas de férias financiadas pelos contribuintes republicanos.”

Johnson tem mantido a Câmara dos Representantes suspensa desde 19 de setembro, quando um projeto-lei para financiar o governo até 21 de novembro foi aprovado, mas depois chumbado pelos senadores democratas, que votaram 14 vezes para bloquear a sua apreciação.

No domingo o representante Ritchie Torres (democrata de Nova Iorque), afirmou em resposta aos rumores sobre o acordo:

“Se este é o tal ‘acordo’, então o meu voto será não. Isto não é um acordo. É uma rendição incondicional que abandona os 24 milhões de americanos cujos custos dos planos de saúde estão prestes a duplicar.”

O representante Greg Casar(D-Tx) também protestou:

“Aceitar nada mais do que uma promessa de dedo mindinho dos republicanos não é um acordo — é capitulação. Milhões de famílias vão pagar o preço.”

A representante Angie Craig (D-Mn), reforçou a indignação de muitos democratas:

“Se as pessoas acreditam que isto é um ‘acordo’, tenho uma ponte para vos vender. Não vou colocar 24 milhões de americanos em risco de perderem o seu plano de saúde. Sou contra.”

É verdade que os democratas do senado receberam pouco em troca da concessão: Além da votação sobre a prorrogação dos subsídios do Obamacare, os republicanos concordaram em recontratar todos os funcionários federais que a administração Trump tinha despedido durante a paralisação do governo e pagar-lhes os salários retroactivos. Mas não há garantia nenhuma que a prorrogação dos subsídios seja aprovada no Senado, enquanto Johnson nem sequer se comprometeu a levar a proposta à Câmara.

Por outro lado, a conversa dos democratas sobre os planos de saúde dos americanos escondem que o que realmente está em causa é o financiamento, previsto no pacote orçamental proposto pela esquerda, de cuidados médicos de saúde gratuitos para imigrantes ilegais. E é por causa disso que o governo federal tem estado paralisado, já que os republicanos não estão inclinados a concordar com essa linha de financiamento.

O Congresso é responsável por financiar o governo a cada ano fiscal, que começa a 1 de outubro.

Título, Imagem e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 11-11-2025

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