
Isso sempre ocorreu com coisas
que as crianças atuais sequer conheceram, como uma bolinha de gude, as bonecas
de pano anteriores à era Barbie, um peão, uma casinha de bonecas, um papagaio,
um carrinho de rolimã, um trenzinho elétrico, as figurinhas dos álbuns ou
qualquer outro brinquedo das crianças da minha geração ou anteriores.
Em seguida, as disputas
ocorriam nas mais diversas áreas, como natação, judô, balé, e também aí aqueles
que perdiam ficavam muito tristes e até choravam por haverem perdido para
outras crianças da mesma idade. Na escola elas eram pelas notas, pela escolha
de quem participaria do time de futebol, da representação teatral ou da
apresentação de balé.
Na juventude, pela pessoa por
quem estávamos “apaixonados”, e a perda de uma paixão para outro jovem era
bastante dolorosa para aqueles ou aquelas que a perdiam. O sentimento de
“perda” daquela pessoa podia, inclusive, criar barreiras psicológicas que
dificultavam novas buscas, pelo medo de novamente se passar por aquela
situação.
Já na fase adulta, as paixões
são aquelas que podem ser sentidas de forma alegre, divertida e por dezenas de
vezes durante a vida, que provocam muita felicidade em quem as vive, e só se
sente sua perda até o início da próxima.
Poucos, entretanto, são os que
conseguem transformar essa paixão em um amor verdadeiro, aquele para quem se
deseja dar mais do que receber. Alguém de quem se quer a companhia em todos os
momentos de nossas vidas, ao lado de quem nos sentimos em paz, que nos entende,
apoia, protege e satisfaz. A pessoa com quem desejamos estar até os últimos
dias de nossa vida.
Mas nenhum desses sentimentos
provoca tanto impacto na vida de uma pessoa como a morte de um ente querido
muito próximo, seja seu amor, o pai, a mãe, um irmão ou filho. Por mais que,
desde o nascimento, saibamos que isso ocorrerá, esse é um sentimento que,
quando acontece, provoca extrema dor.
Os ocidentais estão
culturalmente menos preparados para a morte que os orientais e em decorrência
disso, essa ocorrência neles provoca dores imensuráveis e reações individuais
distintas, que os afetarão pelo resto de suas vidas.
Milhões já passaram pela vida
sem nenhuma perda importante, muitos perderam bastante, mas outros ainda não
sentiram algo tão profundo como a morte de quem ama.
Quando um relacionamento onde
existia um amor verdadeiro chega ao fim, raramente um deles consegue encontrar
um novo amor como aquele, mas quando um dos dois morre, é muito comum o breve
falecimento daquele que ainda sobrevivia. Muito difíceis são também as mortes
dos pais e irmãos, mas pior ainda é a de um filho, pois pelo menos
cronologicamente, ela é inimaginável.
Entretanto, a única maneira
para os que já os perderam poderem sobreviver, é olhar para os lados, pois
perceberão que milhões perderam ainda mais, em quantidade ou em proximidade. Os
que perderam o pai, verão que muitos perderam pai e mãe no mesmo instante e os
que perderam um filho, verão que muitos perderam vários, ou todos eles.
Muitos já perderam muito, mas pouco, diante dos que já perderam mais.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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