quinta-feira, 5 de junho de 2025

[Daqui e Dali] O perigo de cativar

Humberto Pinho da Silva

No início da tarde de domingo, de 31 de julho de 1944, o escritor e aviador, Antoine de Saint-Exupéry [foto], desapareceu no mar Mediterrânico. O avião, incendiado, caiu entre a baía dos Anjos e Saint-Raphael, ao meio-dia e cinco minutos.

O P 38, for abatido pelo piloto alemão Robert Heichele, perto da costa de Saint Raphael.  Estávamos em plena Grande Guerra.

Várias buscas se realizaram, mas o corpo nunca foi encontrado; apenas nas cercanias de Marselha, o pescador Jean Claude Bianco, encontrou, no mar perto da cidade, correntinha gravada com o nome de Sant-Exupéry e de sua mulher, Consuela Suncin

Ao encetar a crónica não pretendia, nem pretendo, abordar a biografia do autor de "O Principezinho", famosa obra que se encontra traduzida em 102 línguas e dialetos, considerada best-seller da literatura mundial.

A passagem do livro que me despertou maior interesse, foi a da raposa, quando esta explicava o que significa “cativar":

É criar laços? Pergunta-lhe o menino.

Isso mesmo”, disse a raposa. “Para mim não passas, por enquanto, de um rapazinho. Eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti não passo de uma raposa, igual a cem mil raposas. Mas se me cativares, precisamos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei única no mundo, para ti".

Conheci dois colegas de trabalho, de sexo diferente, que eram camaradas. Por mero acaso, a menina descobriu que o rapaz podia ser um bom partido, e tentou cativá-lo.

De início, o jovem, que era tímido, não parecia perceber, mas aos poucos a moça começou para ele, a ser única, e apaixonou-se.

A jovem, talvez receando que o "namoro" não terminasse no altar, como interesseiramente pretendia, afastou-se repentinamente, argumentando, que já namorava, e pretendia casar. Deixando o colega, que cativara, destroçado e humilhado, por descobrir que foi usado.

Namorar para encontrar companheira de jornada, não deve ser divertimento juvenil, porque pode advir daí consequências desastrosas, como depressões, psicoses nefastas, e até suicídio, se a vítima verificar que foi enganada e usada, como se fosse simples objeto.

Quem cativa voluntariamente ou involuntariamente, fica responsável moralmente pelo mal que vier a causar, se a vítima, por ingenuidade, acreditar nas boas intenções do namorado/namorada.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, maio de 2025

Anteriores:
Um crente de coragem 
Vamos falar de política 
As formigas só andam por celeiros cheios 
Parentes pobres e parentes ricos 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-