Henrique Pereira dos Santos
De Segunda a Sexta, pelas sete e picos da manhã, este é o cenário à porta de um serviço público que deve abrir pelas nove.
Tem variações, há alturas de
menor afluência (como atualmente), há alturas de maior afluência, havendo quem,
uma vez por outra, ali fique do dia anterior, para ser atendido.
Lembrei-me de si e dos seus
nobres sentimentos de solidariedade com as vítimas da história de há mais 100
anos e calculei que fosse por mero esquecimento que a solidariedade para com as
vítimas da história de há cinquenta anos tenham estado ausentes do seu discurso
de 10 de Junho.
Estes são vítimas da nossa
responsabilidade, da Lídia, minha, e de todos os que compraram a nossa
tranquilidade com uma lei na nacionalidade racista que retirou a possibilidade das pessoas
optarem pela nacionalidade que entendiam, quando foram criados novos países.
Mais que isso, para conservar a nossa tranquilidade (não, não estou a julgar a história nem a dizer que poderia ter sido diferente, as coisas são o que são, no seu contexto, e não o que poderiam ter sido, noutro contexto), não deixámos, sequer, essas pessoas escolher o seu destino, que entregámos a grupos armados não democráticos.
Hoje, precisamente hoje,
mantemos os descendentes destas vítimas à porta dos nossos serviços, porque
somos incapazes de gerir um Estado funcional, capaz de dar resposta às pessoas
(por coincidência, ontem um amigo mandava-me um e-mail a dizer que um organismo
público, ao fim de onze meses de insistência, finalmente lhe tinha respondido
sobre se tinham ou não tinham uma coisa concreta que tinham obrigação de ter,
resposta essa, aliás, que não dizia nada de relevante).
Era só isto que lhe queria
dizer, que para além de maior rigor histórico (cuja discussão deixo para terceiros), teria sido bom não se ter esquecido das
vítimas concretas que ainda hoje sofrem as consequências concretas de decisões
concretas tomadas na nossa vida.
É pena.
Título, Imagem e Texto: Henrique
Pereira dos Santos, Corta-fitas, 17-6-2025
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