Guerra & Paz Editores, 1ª edição: janeiro de 2023
Irá Lisboa ter um Museu das
Descobertas, como foi prometido, ou continuará essa promessa a ser travada pelo
clamor dos radicais de esquerda? Irão esses mesmos radicais prosseguir a sua
campanha de desinformação acerca do envolvimento de Portugal na escravatura?
Continuarão a querer demolir alguns monumentos e estátuas, bem como alterar os
livros escolares e a nossa linguagem do dia a dia?
E como responderemos nós a essas e a
outras pressões? Iremos resistir-lhes ou iremos ceder-lhes, modificando, por
exemplo, os programas da disciplina de História do secundário para as
satisfazer? Essas são algumas das questões levantadas e respondidas em Descobrimentos
e Outras Ideias Politicamente Incorretas.
Este livro é um combate contra os apologistas e praticantes do pensamento politicamente correto, que são os mesmos que têm aversão mental aos Descobrimentos e ao Império, e que flagelam Portugal com o tema da escravatura, esforçando-se por transpor essa flagelação para o nosso ensino secundário.
Doutorado em História pela Universidade Nova de Lisboa, João Pedro Marques foi professor universitário e do ensino secundário e investigador do Instituto de Investigação Científica Tropical, além de romancista de créditos firmados. Especialista em História da Escravatura, tem sido uma das principais vozes críticas contra o politicamente correto em redor das questões raciais de séculos passados. “Descobrimentos e outras ideias politicamente incorretas“, a sua mais recente obra, integra sobretudo um conjunto de textos publicados na imprensa nos últimos anos onde contraria alguns dos argumentos que defendem a demolição de estátuas ou as alterações da toponímia para apagar algumas figuras da História Colonial. Numa conversa politicamente incorreta com o PÁGINA UM, com o foco principal na escravatura, mas abordando também o wokismo e ainda Joan Baez e até George Orwell.
Existe a ideia de que foram as revoltas
dos escravos que foram determinantes para a abolição da escravatura. Mas no seu
livro destaca a preponderância do movimento abolicionista na libertação dos
escravos nas colónias, e do papel dos ocidentais nesse processo. E defende que
o primeiro país a abolir a escravatura foi o atual Haiti, antigo Saint-Domingue…
Essa opinião está errada. Quer dizer,
estritamente falando, está errada. Repare, o jogo aí é utilizar a palavra
“país”. É isso que condiciona, deturpa e esconde o que foi a realidade. Os
estados do norte dos Estados Unidos da América já estavam a abolir a
escravidão. Começaram a fazê-lo na década de 70 [do século XVIII], ou seja,
quase 30 anos antes de o Haiti se ter tornado independente [em 1804]. O
Vermont, a Pensilvânia, Nova Iorque… A pouco e pouco, esses estados do norte
dos Estados Unidos iam abolindo, de uma forma gradual, a escravidão. Mas
naquilo que viria a ser o Haiti, já a França tinha abolido a escravidão. Ou
seja, o primeiro país a abolir a escravidão, foi a França. Globalmente, foi a
França, em 1794, em plena revolução francesa. O comissário francês que na
altura estava na colónia francesa então chamada São Domingos [Saint-Domingue],
um indivíduo chamado Sonthonax, em 1803 decretou a abolição da escravidão. João Pedro Marques
No
ano seguinte, a Assembleia em Paris ratificou a medida do seu comissário e
aboliu em todas as colónias da República Francesa. Portanto, o primeiro país a
abolir a escravidão foi a França. É verdade que, adiante, no tempo de Napoleão,
a medida foi revertida. Em 1802, Napoleão repôs a escravidão. E quando o Haiti
se tornou independente constitucionalmente, em 1804, aboliu definitivamente a
escravidão nessa região. Mas, como vê, a história é mais complexa do que essa
visão taxativa. De facto, os abolicionistas foram decisivos. Sem os
abolicionistas, boa parte dos quais brancos, não teria havido abolição. Isto
não é uma opinião exclusivamente minha. Muitas colegas historiadores defendem
este ponto de vista, mas são quase todos velhos como eu, não é? Anteriores à
chegada do wokismo.
[…]
Gostei muito!
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