domingo, 19 de fevereiro de 2023

Empresa espanhola é acusada de limpar imagem de acusados de corrupção e tráfico

A Eliminalia usa diversas táticas para apagar o passado de seus clientes e para desinformar o público


A empresa espanhola Eliminalia ganhou milhões de euros nas décadas recentes para limpar a imagem e a reputação na internet de inúmeros condenados e investigados em 54 países por corrupção, lavagem de dinheiro, abuso sexual e tráfico de drogas.

As taxas pagas para a empresa espanhola limpar a imagem de políticos, traficantes de drogas, abusadores sexuais, criminosos de colarinho branco e empresários variam de US$ 500 (R$ 2,5 mil) para um site, de acordo com um contrato de 2018, a mais de US$ 420 mil (R$ 2 milhões). A fatura depende dos itens a serem neutralizados e sua complexidade.

As informações foram reveladas pela Forbidden Stories, uma organização jornalística que expôs as manobras de desinformação da empresa para modificar as informações digitais com sites falsos ou o uso fraudulento de leis de proteção à propriedade intelectual.

O grupo Forbidden Stories conta com mais de 30 veículos de imprensa. A iniciativa faz parte do projeto Story Killers, que expõe a indústria da desinformação. Já são mais de 50 mil documentos vazados, incluindo contratos, passaportes, conteúdos a serem apagados e taxas pagas por cerca de 1,5 mil usuários.

O jornal Folha de S. Paulo faz parte da iniciativa e disse que, entre os clientes da empresa Eliminalia está Airton Grazzioli, ex-promotor de Fundações do Ministério Público de São Paulo, acusado de corrupção; e Wissam Mohamad Nasser, brasileiro-libanês envolvido com tráfico e exploração de mulheres.

Grazzioli também foi denunciado por lavagem de dinheiro. A reportagem conta que o ex-promotor pagou € 19,7 mil (R$ 108 mil) para a empresa interferir na visibilidade dos conteúdos publicados on-line sobre a operação de busca e apreensão que havia sido realizada em sua casa.

Folha de S.Paulo mostra que líderes chavistas subordinados pela construtora Odebrecht também contrataram os serviços da empresa espanhola, como María Eugenia Baptista Zacarías, esposa do ex-ministro venezuelano de Transportes e Obras Públicas Haiman El Troudi, e empresários acusados ​​de lavagem de dinheiro para o cartel mexicano Los Zetas.

Táticas usadas pela empresa espanhola

A empresa usa diversas táticas para apagar o passado do cliente e desinformar o público. Entre as medidas estão o envio de petições para as plataformas de buscas e empresas de hospedagens, com falsas denúncias de violação de direitos autorais; e enganar o algoritmo de mecanismos de busca como o Google para que ele posicione melhor as notícias criadas pela Eliminalia.

A Eliminalia conta com 600 sites que controla por meio da Maidan Holding, uma empresa da Flórida, Estados Unidos. Eles usam a aparência real de sites reconhecidos como o Le Monde FranceLondon New Times e CNNews Today.

Título e Texto: Redação, Revista Oeste, 18-2-2023, 20h30

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