A Eliminalia usa diversas táticas para apagar o passado de seus clientes e para desinformar o público
A empresa espanhola Eliminalia ganhou milhões de euros nas décadas recentes para limpar a imagem e a reputação na internet de inúmeros condenados e investigados em 54 países por corrupção, lavagem de dinheiro, abuso sexual e tráfico de drogas.
As taxas pagas para a empresa
espanhola limpar a imagem de políticos, traficantes de drogas, abusadores
sexuais, criminosos de colarinho branco e empresários variam de US$ 500 (R$ 2,5
mil) para um site, de acordo com um contrato de 2018, a mais de US$ 420 mil (R$
2 milhões). A fatura depende dos itens a serem neutralizados e sua
complexidade.
As informações foram reveladas
pela Forbidden Stories, uma organização jornalística que expôs
as manobras de desinformação da empresa para modificar as informações digitais
com sites falsos ou o uso fraudulento de leis de proteção à propriedade
intelectual.
O grupo Forbidden Stories conta com mais de 30 veículos de imprensa. A iniciativa faz parte do projeto Story Killers, que expõe a indústria da desinformação. Já são mais de 50 mil documentos vazados, incluindo contratos, passaportes, conteúdos a serem apagados e taxas pagas por cerca de 1,5 mil usuários.
O jornal Folha de S.
Paulo faz parte da iniciativa e disse que, entre os clientes da
empresa Eliminalia está Airton Grazzioli, ex-promotor de Fundações do
Ministério Público de São Paulo, acusado de corrupção; e Wissam Mohamad Nasser,
brasileiro-libanês envolvido com tráfico e exploração de mulheres.
Grazzioli também foi
denunciado por lavagem de dinheiro. A reportagem conta que o ex-promotor pagou
€ 19,7 mil (R$ 108 mil) para a empresa interferir na visibilidade dos conteúdos
publicados on-line sobre a operação de busca e apreensão que havia sido
realizada em sua casa.
A Folha de
S.Paulo mostra que líderes chavistas subordinados pela construtora
Odebrecht também contrataram os serviços da empresa espanhola, como María
Eugenia Baptista Zacarías, esposa do ex-ministro venezuelano de Transportes e
Obras Públicas Haiman El Troudi, e empresários acusados de lavagem de dinheiro
para o cartel mexicano Los Zetas.
Táticas usadas pela empresa
espanhola
A empresa usa diversas táticas
para apagar o passado do cliente e desinformar o público. Entre as medidas
estão o envio de petições para as plataformas de buscas e empresas de hospedagens,
com falsas denúncias de violação de direitos autorais; e enganar o algoritmo de
mecanismos de busca como o Google para que ele posicione melhor as notícias
criadas pela Eliminalia.
A Eliminalia conta com 600
sites que controla por meio da Maidan Holding, uma empresa da Flórida, Estados
Unidos. Eles usam a aparência real de sites reconhecidos como o Le
Monde France, London New Times e CNNews Today.
Título e Texto: Redação,
Revista Oeste, 18-2-2023, 20h30
Lula pagou quanto para a imprensa brasileira?
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