Haroldo Barboza
Pessoas bem-informadas sabem que NADA é
100% seguro. Como exemplo, podemos citar:
- fortes barragens de concreto que
desabam e inundam municípios ocasionando dezenas de mortes;
- chefes de estado que são eliminados
apesar do aparato de segurança com dezenas de pessoas treinadas e aparelhadas
para defendê-lo;
- cofres de bancos que são invadidos
por túneis grotescos abertos na periferia ao longo de três meses;
- meliantes que abandonam prisões de
“segurança máxima” - no final de janeiro de 2023 três internos escaparam de
Bangu por “falta de energia”;
- obras que matam usuários trinta dias
após sua inauguração com “aval” dos órgãos competentes” (lembram da ciclovia do
RJ em 2016?).
Família que reside em casa, dentro de
seu orçamento, implanta equipamentos de vigilância e procura usá-los de forma
correta para que durem o máximo possível.
Dentro de um aglomerado de moradias,
grupos de sessenta a oitocentas pessoas misturam hábitos e culturas diversas.
Cada parcela da comunidade tem um valor diferente para as prioridades definidas
pela maioria. Alguns dão mais valor a um painel colorido no elevador do que a
um portão coberto de arames para dificultar invasões.
Com tantas divergências e vaidades em
conflito dentro de aglomerados humanos (vilas, condomínios, comunidades),
chegar a um denominador comum para definir normas que possam deixar a segurança
do grupo perto de 90% exige debates demorados e argumentados com lógica. Nada
de “achismos”.
Nosso país não é conhecido por ter um
povo preventivo, que planeje seus projetos com cuidado para que sejam
elaborados com calma, segurança, facilidade de manutenção e economia. Opta pelo
mais barato mesmo suspeitando que o projeto não deve ter longa duração. Pronuncia
a frase padrão (nossa):
”deixe assim mesmo. Depois a gente dá um
jeito”.
E os maus hábitos (mais de 100) de cada grupo não são corrigidos para dar ênfase à segurança. os mais comuns são:
- o distraído tranca o carro sem
conferir se a porta da garagem ficou aberta;
- o preguiçoso não dá duas
voltas na chave do portão;
- o apressado sai do prédio pela
manhã e não observa se o portão fechou;
- o “inocente” entra e deixa o
rapaz entrar com embrulho para entregar à tia Zuzu no último andar (o
entregador de pizza da semana passada deu este nome ao parceiro que agora
penetra no prédio);
- o irresponsável conta no
facebook que o prédio não tem zelador para anotar
pontos críticos (rachaduras,
vazamentos, empenamentos) a serem corrigidos;
- a exibida conta que no
Carnaval vai viajar assim como os demais moradores de seu andar; os incautos
anotam este detalhe para arrombarem em paz;
- os insatisfeitos não conferem
câmeras pois mais da metade delas gera imagens
obscuras pela pouca luminosidade do
local e por seu baixo índice de pixels;
- os “espertos” omitem suas ideias
por não terem argumentos imediatos;
- cães sem focinheira se
estranham nas dependências internas;
- prestadores de serviço possuem
oportunidade de fazer cópia de chaves enquanto transitam pela área
desacompanhados.
Além de todas estas adversidades, os bairros não possuem política de união entre os condomínios que podem formar grupos de atuação a cada raio de duzentos metros, mas desperdiçam este potencial.
Tal espírito de cidadania não é
cultivado pelas autoridades que preferem o caos urbano “eterno” que rende boas
comissões a mais em suas contas bancárias.
O povo sem oportunidade de um aprendizado de qualidade de vida (“passa” de ano até tirando zero - lembram do Cesar Maia?), fica feliz por votar (até em condenados pela Justiça) “nos mesmos”, que permanecem no cenário político por quarenta ou cinquenta anos e ainda orientam seus herdeiros a praticarem as mesmas artimanhas para desviarem verbas das áreas sociais, que nunca são equacionadas para eternamente servirem de trampolim nas eleições “compartilhadas” entre as quadrilhas.
Percebemos uma piora pós-covid das
reações humanas, o que torna difícil obter uma fórmula semipronta para superar
os atritos fúteis que surgem a qualquer instante em aglomerados humanos e
esgarçam as conexões “fraternais” realçadas em belas prosas.
Enquanto isso, problemas sérios ficam em terceiro plano encobertos
pela cortina da vaidade que seca as boas relações comunitárias.
Título e Texto: Haroldo P. Barboza – Vila Isabel/RJ – fevereiro 2023
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