Contra-Cultura
Google's efforts to “pre-bunk” misinformation will expand to Germany and India after promising results from a pilot project in Eastern Europe. https://t.co/DfGXF7UVlN
— The Associated Press (@AP) February 13, 2023
O relatório, que se lê como um
comunicado de imprensa, afirma que a Google vai publicar vários vídeos mas
principais plataformas de comunicação social focados na ‘desinformação’ em
torno das vacinas, da COVID-19, da imigração, das alterações climáticas e dos
processos eleitorais. Só a narrativa de que a guerra na Ucrânia se trava em
nome da democracia parece ficar fora do programa doutrinário.
O esquema está já a ser
lançado na Alemanha depois de ter sido previamente testado na Europa de Leste.
Beth Goldberg, chefe de investigação e desenvolvimento da Jigsaw, uma divisão incubadora da Google, declarou:
“Utilizar anúncios como
veículo para contrariar técnicas de desinformação é bastante inovador. E
estamos entusiasmados com os resultados”.
Uma campanha de propaganda
como esta não tem nada de inovador, embora talvez fizesse Goebbels corar de
vergonha. Na reportagem da AP podemos ler esta maravilha da novilíngua:
“Embora a crença em
falsidades e teorias da conspiração não seja nova, a velocidade e o alcance da
Internet deram-lhes um poder acrescido. Quando catalisadas por algoritmos, as
alegações enganosas podem desencorajar as pessoas a tomar vacinas, espalhar
propaganda autoritária, fomentar a desconfiança nas instituições democráticas e
estimular a violência.”
Projecção pura. Quem catalisa
narrativas falsas através de algoritmos é a Google. Quem espalha propaganda
autoritária é a Google. Quem fomenta a desconfiança nas instituições,
democráticas ou não, é a Google. Não fazem, aliás, outra coisa.
O texto prossegue no mesmo
registo delirante:
“A verificação dos factos
por parte de organizações como a Associated Press não é lida por todos, e não
convencerá aqueles que já desconfiam do jornalismo tradicional”.
A rapaziada que redigiu esta
pérola deve estar esquecida que a AP ia provocando a terceira guerra mundial
com uma falsa notícia
que publicou em novembro do ano passado. E por muitos anúncios que publique, a
Google não vai convencer aqueles que desconfiam – e bem – do jornalismo
tradicional. Isso é certo.
Mas continuando esta entretida
leitura:
“A moderação do conteúdo
por parte das empresas tecnológicas é outra resposta, mas apenas conduz à
desinformação noutros locais, ao mesmo tempo que suscita clamores de censura e
parcialidade”.
Ninguém discorda que a
moderação contemporânea é censura pura e dura, como foi comprovado pelos Twitter
Files. A única objecção a este parágrafo é que quanto mais longe estivermos
do condicionamento da Google mais perto estaremos da verdade e não da
desinformação.
Acontece que o pre-bunking é
ainda mais insidioso do que a censura explícita, porque procura estruturar,
através do controlo das fontes da informação que circula na web, a forma como
as pessoas pensam, promovendo exclusivamente as narrativas aprovadas pelos
poderes instituídos e cancelando o livre arbítrio. Este programa procura
alcançar uma espécie de imunidade do rebanho a todo e qualquer input dissidente,
limitando a sua propagação e impacto.
Sander van der Linden, um
professor da Universidade de Cambridge que trabalhou com a Google para
desenvolver este projecto pidesco, saiu-se com esta metáfora que diz muito
sobre as suas intenções draconianas:
“Podemos pensar na
desinformação como um vírus. Então talvez possamos descobrir como inocular as
pessoas.”
A iniciativa da Google surge após
recentes revelações sobre o Índice Global de Desinformação, uma
organização que está a desenvolver um intenso esforço para colocar na lista
negra fontes de informação dissidentes, catalogadas como ‘desinformação’ e que
recebeu 330.000 dólares de duas entidades apoiadas pelo Departamento de Estado
dos EUA e ligadas aos mais altos níveis de governo, suscitando preocupações por
parte de advogados da Primeira Emenda e de membros do Congresso americano.
O pre-bunking está
também relacionado com uma ideia sinistra dos comissários do World Economic
Forum, o programa Safety
by Design, que, como o Contra já
noticiou, procura controlar o discurso nas redes sociais através de
mecanismos de censura de conteúdos incorporados na tecnologia por trás das
plataformas.
Título e Texto: Contra-Cultura,
17-2-2023
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