domingo, 26 de fevereiro de 2023

Desmontar as causas dá muito trabalho

Miguel A. Baptista

Penso que é a totalidade das empresas em bolsa que tem as suas holdings sedeadas nos Países Baixos. Quando a Jerónimo Martins, e afins, apresentam resultados chove sempre um chorrilho de críticas. Penso que, mais do que criticar, seria interessante procurar compreender as causas por que o fazem. Por exemplo, se calhar, não estão dispostas a ter que lidar com um sistema de justiça que poderá demorar dezenas de anos a resolver um litígio de uma centena de milhão de euros. A competitividade fiscal também será importante, mas para isso até há soluções.

Se se considerar que a existência de casas devolutas é um problema, seria interessante procurar entender por que ocorre. Se calhar os senhorios sentem-se desprotegidos quando acontecem situações de má-fé em que o inquilino não paga e causa danos à habitação.

Criticar empresas que se sediam no estrangeiro, ou proprietários que optam por não colocar as suas casas no mercado, é relativamente fácil, e provoca alívio. Mas em nada resolve os nossos problemas.

Ver quais são as causas que estão por detrás destas ineficiências e procurar desmontá-las é o caminho. No entanto, para um socialista tal implica enfrentar interesses instalados e, acima de tudo, dá "muita trabalheira". É mais fácil deixar tudo como está e arranjar uns bodes expiatórios contra os quais o povo possa destilar o seu ódio.

O bode expiatório, de William Holman Hunt

Título e Texto: Miguel A. Baptista, Corta-fitas, 26-2-2023

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