sábado, 25 de fevereiro de 2023

Uma festa sem máscaras e sem vergonha

Diante de tantas possibilidades de aprendizado hoje em dia, com a tecnologia que revela a verdade e os fatos históricos, por que ainda testemunhamos essa estupidez apologética ao comunismo?


Ana Paula Henkel

No best-seller O Lado Certo da História, o escritor e jornalista norte-americano Ben Shapiro dedica um capítulo inteiro aos avanços da humanidade e como as nações e as sociedades se desenvolveram ao longo do tempo, podendo hoje desfrutar de vasta prosperidade material e liberdade individual. A obra traz um extenso passeio pela filosofia, pela religião e pelo pensamento político, mostrando como a receita de liberdade de ideias, expressão e economia é um dos pilares do sucesso para a sustentação de nações férteis. O livro também traz relevantes dados e estatísticas que mapeiam de maneira clara como as nações criadas e mantidas na ideia de liberdade individual, mas também estabelecidas em um ambiente moral definido, são as mais prósperas do mundo. Mesmo diante dos imensos progressos alcançados na humanidade, possíveis apenas através da liberdade pelo conhecimento, nunca se viu tanta histeria como a promovida pelas novas gerações, em que tudo é problema, como se vivessem num antro de opressão global. Nunca na história fomos tão livres para criar, empreender, progredir, ter. E reclamar. 

Diante de imensas e inúmeras possibilidades para aprender, entender e crescer intelectualmente, o que leva alguém ou um grupo de pessoas a defenderem e enaltecerem o comunismo em 2023? Tudo, absolutamente tudo, que precisamos saber para que esse regime nefasto seja varrido para o lixo da história está disponível em milhões de páginas de livros de história e em milhares de horas gravadas em centenas de canais pelo YouTube. Enquanto os filhotes do comunismo no Brasil e no mundo escondem as verdadeiras vísceras desse monstro, muitos, infelizmente, nem sequer sabem que estamos em meio a uma época revolucionária. As instituições e grande parte da sociedade, em uma espécie de transe, estão sendo absorvidas não apenas pelo aparato do que foi chamado por Ronald Reagan de “império do mal”, mas por uma série de tentáculos desse fantasma que buscam destruí-las.

Durante o Carnaval por todo o Brasil nesta semana, havia blocos que enalteciam o regime que matou mais de 110 milhões de pessoas no mundo. Foliões que registraram em redes sociais suas fanfarronices e fantasias vermelhas com o símbolo da foice e do martelo no peito ou no boné. A escola de samba Protegidos da Princesa, de Florianópolis, foi para o seu desfile fazendo apologia ao comunismo e homenageando o extremista de esquerda Luís Carlos Prestes, chamando-o de “cavaleiro da esperança”. Na década de 1930, Prestes foi um militante comunista que, a convite do governo soviético, se mudou para Moscou, para imergir de maneira mais direta nas páginas do manual marxista-leninista, para que ele pudesse criar asas na América do Sul. Os soviéticos também pressionaram o Partido Comunista do Brasil para que aceitasse a adesão do “cavaleiro da esperança”, com o intuito de ter Prestes como um dos líderes para comandar uma revolução comunista no Brasil. O “herói” da escola de samba Protegidos da Princesa (ah… a ironia!) trabalhou detalhadamente para que a ditadura do proletariado fosse estabelecida no Brasil.

As imagens da bizarra homenagem ao comunismo geraram revolta nas redes sociais para aqueles que sabem o que significa toda essa bizarrice, e o tema entrou nos Trending Topics. Ao longo da performance da escola de samba, os príncipes e as princesas do Carnaval de Florianópolis cantavam uma música contra a censura, sem sequer mencionar que ela existe em regimes totalitários de extrema esquerda, sob o falso manto da bondade do comunismo e da tolerância.

Diante de tantas possibilidades de aprendizado hoje em dia, com a tecnologia que revela a verdade e os fatos históricos, diante de tantas informações que podem ser checadas em um segundo na palma de nossas mãos, por que ainda testemunhamos essa estupidez apologética ao comunismo?

A política de identidade, as táticas segregacionistas e que promovem divisões na sociedade e a censura imposta por plataformas digitais e pelo Judiciário hoje são as mesmas ferramentas, apenas atualizadas, que os regimes comunistas sempre usaram para impor seus esquemas utópicos

Não pensem que isso é uma tendência ignorante do brasileiro. Durante décadas, especialmente durante a Guerra Fria, os norte-americanos mantiveram uma visão amplamente negativa do comunismo e do socialismo e precisavam de pouco estímulo para falar contra essas ideologias. Mas isso mudou. Em 2019, um estudo da YouGov, uma empresa de pesquisa e dados reconhecida internacionalmente, mostrou que a ideia a favor do comunismo e do socialismo nos Estados Unidos está aumentando entre os millennials. Os números falam por si: um em cada três millennials é a favor do comunismo; até 70% provavelmente votariam em um candidato socialista para qualquer eleição; e apenas 57% acreditavam que a Declaração de Independência dos Estados Unidos garante “liberdade e igualdade” melhor do que o Manifesto Comunista. Outra descoberta da pesquisa observou que 66% dos norte-americanos não conseguiam definir corretamente o socialismo.

Essas descobertas compõem mais um relatório anual do YouGov sobre a favorabilidade pública ao comunismo e levaram em consideração as respostas de 2,1 mil entrevistados. O projeto foi encomendado pela Fundação Memorial das Vítimas do Comunismo, uma organização que visa a educar uma nova geração sobre a ideologia, a história e o legado do comunismo. Marion Smith, diretor-executivo da fundação, acha os resultados perturbadores (quem não acharia!), afinal, o comunismo e o socialismo têm uma história assassina. Mas Smith não está exatamente surpreso com os números: “Há uma normalização do termo ‘socialismo’. Isso aponta para a necessidade de educação e uma conversa honesta sobre o assunto”. Smith diz que há alguma sobreposição entre o número de pessoas que estariam dispostas a votar a favor de ideias socialistas e o número de pessoas que não sabem o que elas representam. Em outras palavras, alguns millennials parecem pensar que o socialismo é uma boa ideia.

É claro que todas as crenças dessas pessoas entre 18 e 30 e poucos anos não vieram do nada. Eles passaram o primeiro terço de suas vidas em um sistema de educação — com a ajuda de bombardeios maciços da imprensa — que prefere ensinar sobre autoestima e “palavras que machucam” a ensinar história. Muitos cursos de história descartaram ou parafrasearam muito como e por que a União Soviética entrou em colapso, e as grandes diferenças entre viver sob um sistema de livre empresa e sobreviver durante a Guerra Fria, quando o socialismo atingiu o pico e o contraste parecia preto e branco.

Uma outra pesquisa mais antiga do grupo, de 2016, é ainda mais estarrecedora: 1 em cada 4 norte-americanos (26%) e um terço da geração de millennials (32%) acreditam que mais pessoas foram mortas sob George W. Bush do que sob Joseph Stalin. Apesar de abraçar as ideologias que os líderes comunistas representam, muitos millennials não estão sequer familiarizados com os líderes comunistas: 42% reconheceram Mao Zedong; 40% Che Guevara; 33% Vladimir Lenin; e apenas 18% Joseph Stalin. Daqueles que estão familiarizados com Lenin, 25% o veem favoravelmente. Em vez de ser responsável por fundar uma ditadura totalitária que assassinou milhões de pessoas e promoveu brutos abusos dos direitos humanos, eles acham que ele foi apenas um defensor da classe trabalhadora. 

Há mais de cem anos o mundo testemunhou a Revolução Bolchevique na Rússia. Há muitas razões para continuarmos refletindo sobre o legado do comunismo. Desde que Vladimir Lenin derrubou a nascente democracia parlamentar da Rússia, em 1917, para estabelecer uma ditadura brutal, muitas outras nações caíram na isca do comunismo, muitas vezes rotulado de apenas socialismo. O comunismo promete igualdade, mas oferece escassez para todos, exceto para as elites em seu aparato. Ele lança a justiça social como promessa certa de ser cumprida e oferece escravização em massa, miséria generalizada, desconfiança social e punição severa para todos os que possam discordar. Vimos esses fenômenos acontecerem em todo o mundo, na China, na Coréia do Norte, no Sudeste Asiático, na Europa Oriental pós-Segunda Guerra Mundial, em Cuba, na América Central e talvez mais notavelmente visíveis hoje na fome e no caos de nossos vizinhos na Venezuela.

Não custa enaltecer a importância de sempre repetirmos para nossos herdeiros, independentemente da idade: durante o século 20, os regimes comunistas assassinaram mais de 110 MILHÕES DE PESSOAS. Esse tipo de crueldade espantosa está na própria natureza da besta chamada comunismo. Acontece quando muito poder se concentra nas mãos de poucas pessoas e esse ciclo sempre se repete. Repita para filhos e netos, para que nosso alerta seja constante — mais de cento e dez milhões de pessoas foram mortas pelo comunismo no mundo. Os mais de cem anos de comunismo alcançaram quatro principais resultados para as pessoas que sofreram sob ele: pobreza, opressão, guerra e morte em massa. Mostre para as crianças, sem medo do choque, o contraste entre países tomados pelos comunistas; da China e Rússia a Cuba e Venezuela. Ou eles mergulharam da relativa prosperidade para a fome, ou se isolaram por décadas da crescente prosperidade dos países capitalistas — muitas vezes bem ao lado, desfrutando dos mesmos benefícios geográficos e culturais. Mostre o contraste entre Berlim Oriental e Ocidental, entre Cuba e Chile, entre a China continental e Hong Kong, entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. O comunismo também alimentou dezenas de guerras civis brutais e insurreições em todo o mundo. Há uma lista de países sinônimos de guerras quase sem fim durante o fim do século 20: Vietnã, Camboja, Angola, El Salvador, Afeganistão… e todos com uma grande coisa em comum, o comunismo. O fim da Guerra Fria viu a maior queda no número de guerras e mortes por guerra desde o fim da Segunda Guerra Mundial, junto com a criação de dezenas de novas democracias. Acima de tudo, a história do comunismo é uma história de horrores em grande escala: o terror da fome na Ucrânia, os julgamentos e gulags de Stalin, a fome em massa do Grande Salto Adiante da China, seguido pelo terror anárquico da Revolução Cultural no Camboja. 

Não podemos relativizar o mal e não podemos deixar que ele venha travestido de “inocência carnavalesca”. Uma foto de 2019 do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, fazendo o símbolo do comunismo, também viralizou nesta semana na internet. A fantasia do então governador do Maranhão pelo PCdoB era composta de um boné verde com estrela vermelha, igual ao do Exército de Cuba, e uma foice e um martelo nas mãos. O atual ministro da Justiça tem em seus planos como chefe nacional da segurança pública desarmar a população responsável, que tem suas armas registradas, e também a criação de um “Ministério da Verdade Orwelliano” para chamar de seu, em que ele e seus asseclas decidirão o que é verdade e o que é mentira, o que pode ser falado ou não. Talvez seja apenas coincidência seu apreço pelo comunismo.

O Muro de Berlim caiu, em 1989, mas o comunismo, não. Mais de cem anos após a Revolução Bolchevique, um quinto da população mundial ainda vive sob regimes comunistas de partido único na China, em Cuba, na Coreia do Norte, no Vietnã, na Venezuela, na Nicarágua e em outras ditaduras africanas. O comunismo promete tornar todos iguais, mas oferece uma desigualdade radical, imposição da censura e uma lista de atrocidades que nunca são implementadas da noite para o dia. Cada vez que é tentado, termina em colapso econômico ou em Estado policialesco.

A política de identidade, as táticas segregacionistas e que promovem divisões na sociedade, o domínio das massas e a censura imposta por plataformas digitais e pelo Judiciário hoje são as mesmas ferramentas, apenas atualizadas, que os regimes comunistas sempre usaram para impor seus esquemas utópicos. Se mais e mais pessoas reconhecessem a ideologia como a perversão assassina que ela é e entendessem como suas ferramentas abrem caminho para a verdadeira opressão, estaríamos mais vigilantes. Mas como podemos construir essa consciência se a educação é a base da sociedade e ela está desmoronando?

Quando as escolas substituem Deus e os fatos históricos por lugares seguros e autoestima pela autorização de que o governo trará segurança sem questionamentos, produzimos uma geração de adultos com pouca perspectiva histórica e ignorância geral do mundo. Não esperem mais nada das escolas, por melhores que elas sejam. Eduquem seus filhos e netos sobre o que — de fato — foi e ainda é o grande mal da humanidade.

Na próxima semana, escreverei sobre algumas obscuras e bárbaras páginas do comunismo na história, para que possamos sentar e mostrar aos nossos filhos os perigos do império do mal, que, de tempos em tempos, se traveste de bondade para ludibriar os desavisados e jovens sonhadores. É preciso mostrar para a futura geração — com todas as letras e imagens — que os atuais filhotes do comunismo tentarão apagar ou redesenhar o passado, como mandam seus manuais de lavagem cerebral, nem que para isso usem a tradição da folia do Carnaval.

Até lá.

Título e Texto: Ana Paula Henkel, Revista Oeste, nº 153, 24-2-2023 

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