sábado, 18 de fevereiro de 2023

[Versos de través] O pai morava no fim de um lugar

Manoel de Barros 

O pai morava no fim de um lugar. 
Aqui é lacuna de gente – ele falou: 
Só quase que tem bicho andorinha e árvore. 
Quem aperta o botão do amanhecer é o arãquã. 
Um dia apareceu por lá um doutro formado: cheio de suspensórios e ademanes. 
Na beira dos brejos gaviões-caranguejeiros comiam caranguejos. 
E era mesma distância entre as rãs e a relva. 
A gente brincava com terra. 
O doutor apareceu. Disse: Precisam de tomar anquilostomina. 
Perto de nós sempre havia uma espera de rolinhas. 
O doutor espantou as rolinhas.

Manoel de Barros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-