sábado, 28 de janeiro de 2023

[Versos de través] Magnificat

Fernando Pessoa 

Quando é que passará esta noite interna, o universo, 
E eu, a minha alma, terei o meu dia? 
Quando é que despertarei de estar acordado? 
Não sei. O sol brilha alto, 
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio, 
Impossíveis de contar. 
O coração pulsa alheio, 
Impossível de escutar. 
Quando é que passará este drama sem teatro, 
Ou este teatro sem drama, 
E recolherei a casa? 
Onde? Como? Quando? 
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo? 
É esse! É esse! 
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei; 
E então será dia. 
Sorri, dormindo, minha alma! 
Sorri, minha alma, será dia!


Fernando Pessoa

Anteriores: 
Os Justos 
Amor é fogo que arde sem se ver 
Feliz Natal! 
“O Pão Maldito”, de Guy de Maupassant (poema traduzido) 
The sorrow of love 
Eu sei que vou te amar 
Sobre um poema 
A velhice 
Tristeza 
Canções peregrinas

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