quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Antes PS no poder, do que Chega em minoria

Telmo Azevedo Fernandes

Do processo eleitoral na Iniciativa Liberal, resulta claro que a liderança do partido não aceitará qualquer compromisso nem acordo com o Chega para promover uma eventual solução parlamentar ou governativa para tirar o PS do poder.

Ancorado em «linhas vermelhas» imaginadas por uma elite urbana bem-pensante, entre ser útil aos portugueses para os libertar do polvo do PS ou fazer proclamações de virtude inconsequentes, a Iniciativa Liberal não hesita em escolher a segunda hipótese.

Ora, tendo o Chega tido 400 mil votos e a Iniciativa Liberal 270 mil votos nas últimas legislativas, qualquer alternativa de governo ao PS terá de passar também pelo terceiro maior partido nacional, o Chega.

Em termos de representação da vontade popular à Direita, a Iniciativa Liberal é o mais pequeno dos partidos. Além disso, a soma de todo o eleitorado à Direita é escassa (se é que é mesmo suficiente) para um projecto de poder alternativo ao PS. Portanto, enquanto a parte mais fraca numa solução ou arranjo para tirar o PS do poleiro, a Iniciativa liberal terá de arranjar maneira de se entender com o PSD, mas também com o Chega. Caso contrário, estará a beneficiar o infractor – o PS – e a condenar os Portugueses a um aprofundar do caminho socialista para o empobrecimento.

É também ridículo e, diria até antidemocrático o desprezo e exacerbado sentido de superioridade que se sente nos dirigentes da Iniciativa Liberal em relação ao que eleitorado do Chega. Compreender-se-ia alguma animosidade para com André Ventura, que é na verdade um videirinho. Mas deplorar 400 mil portugueses não parece consistente com a doutrina liberal.

Até porque a maior parte dos votantes no Chega vem do PSD e não propriamente de catacumbas de trogloditas. A Iniciativa Liberal parece continuar a dar gás à prosápia infantil da cerca sanitária ao Chega. Parecem preferir o PS no poder ao Chega em minoria. A ênfase da nova liderança da Iniciativa Liberal é agora «romper com o bipartidarismo».

Pena é que não se dediquem a romper com o socialismo.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 26-1-2023

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