sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

[Foco no fosso] Tecle “ESC” para esc... apulir

Haroldo Barboza

Os DETRANs espalhados pelo Brasil arrecadam milhões de Reais por ano por cobrança elevada de serviços que quando atingem 70% de qualidade, já são considerados “bons”. 

Cobram emplacamento, troca de proprietários, multas, GRD, GRM, liberação de veículos rebocados, troca de cor, IPVA, revisão anual do veículo, renovação de CNH, de permissão para taxistas, primeiro licenciamento e confecção de placas, além de outros menores. 

Claro que São Paulo arrecada mais. Porém, o RJ (7 000 000 de veículos) não fica longe, já tendo ultrapassado a cifra de R$ 1 BI em 2019. E deste, podemos resumir as seguintes “virtudes”. 

O mau serviço (na parte burocrática) fica por conta de documentos não entregues no prazo por falta de papel, falta de energia nos postos de vistoria, falta de funcionários (escala de férias mal planejada), falta de ar-condicionado nos postos de atendimento e até falta de material de limpeza para manter o espaço dos clientes em razoáveis condições. 

Na parte operacional, encontramos semáforos apagados ou mal regulados nas esquinas dos grandes cruzamentos. O “pardal” é o único equipamento que deve ter uma equipe própria para reparo, tal a rapidez com que são consertados. Placas das vias enferrujadas ou com letras apagadas (para o motorista entrar errado numa pista e ser multado?) ou paralelas ao fluxo. Faixas no asfalto já sumidas (cuidado com as lombadas!). 

E para coroar este primor de “modelo”, apesar da arrecadação monstruosa, consegue não pagar terceirizados em dia. Atendentes de telefone e técnicos que controlam operações online estão numa “greve branca”, aumentando o aglomerado de pessoas que pagam seus DUDAs e não recebem seus documentos nas datas estipuladas. 

“Solução” encontrada para este caos: o agendamento online foi suspenso (será que os chips são da era 2G?) e cada cliente escolhe o posto que deseja visitar para pedir a impressão de seu documento. Em não tendo agendamento prévio, imaginemos a seguinte cena. 

No bairro A tem um posto. No bairro C tem outro. Dos 500 moradores do bairro B (entre A e C), 50 resolvem ir para o posto A. No jantar, encontra-se com um vizinho e conta que tirou seu documento em 10 minutos no posto A.

Seu vizinho mal-humorado, informa que ficou numa fila por duas horas para obter o mesmo documento no posto C. 

Este padrão de qualidade ilustrado, não é exclusividade do DETRAN.

É o retrato da administração pública que tem poucos funcionários concursados e dedicados que precisam dividir espaço com os “aspones” que trabalharam na campanha eleitoral de seu padrinho e acabam infestando (rotulados de terceirizados) as repartições públicas apenas sabendo onde fica a tecla “esc” de seu moderno monitor. 

Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço. 

Título e Texto: Haroldo P. Barboza – Vila Isabel/RJ – janeiro 2023 

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