O clássico ''Sobre a liberdade'' foi
iniciado em 1854 como um ensaio curto sobre a relação entre autoridade e
individualidade, mas a complexidade do assunto fez com que fosse publicado
somente em 1859, com uma extensão bem maior.
Até então, nunca ninguém se detivera
sobre o conceito de liberdade pessoal, pensando- o minuciosamente perante as
questões da sociedade. Partindo da individualidade como um dos elementos
imprescindíveis ao bem-estar de cada um, passando pela liberdade de crença, de
expressão, de associação e das minorias, o autor problematiza de forma
fascinante este e outros temas, como a religião, os regimes tirânicos e a
democracia.
Uma obra atemporal instigante, que deve
ser lida por todo e qualquer cidadão.
Um trabalho importante
Alexandre C.
Uma ode, um encômio à liberdade. Neste pequeno livro Mill é categórico ao descrever o antagonismo central no plano político-social: agentes com maior predisposição a mudanças e experiências sociais contra agentes menos predispostos a mudanças abruptas. Essa descrição mais ampla nos permite alocar de uma forma mais genérica os atuais conflitos entre o que entendemos por direita e esquerda. Estas correntes sempre dialogaram e se enfrentaram, assumindo vertentes como individualismo e sociocentrismo, esta última mais voltada a um dirigismo que invariavelmente avança sobre o espaço do indivíduo e o primeiro respeitando essa esfera particular, estabelecendo limites.
O que Stuart Mill faz aqui é uma ampla defesa do respeito a estes limites, e como isso é feito:
- através de reflexões de como pensar
estes limites;
- o que é fundamental e auto evidente;
- o que depende de bom senso;
- o que cabe estar na lei;
- o que apenas o desagravo social já é
suficiente para constranger.
- a defesa de minorias contra a maioria
(já estava tudo aqui, toda aquela filosofia barata do século XX pulverizadora
de conflitos com base em releitura Marxista era dispensável, caso tivesse sido
adotada a sofisticação de Mill ao invés do quase esoterismo destes teóricos radicais);
- a defesa da liberdade de opinião, que
é fundamental e inviolável, além de ser fundamental para o desenvolvimento
humano em todos os aspectos: material e espiritual;
- um exposição acerca do conceito de
verdade e uma reflexão sobre as pessoas que se arrogam possuidoras de seu
entendimento, quando o tempo demonstra que não eram detentoras de verdade
alguma;
- Não é feita uma relativização da
verdade ou negação da mesma, ele apenas busca demonstrar como as vezes é árduo
e longo o caminho que a humanidade leva para incorporar entendimento ou o que
quer que seja que se aproxime mais disso. Há um certo ceticismo da parte de
Mill sobre a máxima de que a verdade vencerá e que isso é uma questão de tempo.
Ele apenas a apresenta como uma "concorrente" com uma certa vantagem,
por ser ele mesma, mas que isso não é garantia apodítica de que irá prevalecer;
- Mill defende que até a mais simples
verdade deve sempre receber opiniões contrárias, pois caso isso não aconteça,
em algumas gerações ocorrerá uma espécie de atrofia intelectual que reduzirá
muito a capacidade das pessoas de defender até o ponto mais trivial.
Esse tipo de leitura seria de grande
valia para os defensores do "libertarismo", um ideário prosaico e
cheio de incompreensões acerca do conceito de liberdade. O mesmo pode-se dizer
dos fervorosos adeptos de políticas baseadas no dirigismo centralizador e
invasivo.
Alexandre C., Amazon,
3-5-2019
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