sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

OESTE 143: Como era a censura no Twitter antes da chegada de Elon Musk

Como era a censura no Twitter antes da chegada de Elon Musk e as decisões inconstitucionais de Alexandre de Moraes estão entre os destaques desta edição


Durante anos, usuários do Twitter insistiam na denúncia: suas publicações na plataforma estavam atingindo uma repercussão abaixo da que sempre produziam. Outros reclamavam do súbito sumiço de seguidores. Havia ainda o banimento de certos tuítes considerados “impróprios”. O Twitter não apresentava nenhuma justificativa convincente.

Não se conhece ninguém que tenha encontrado no Twitter uma pessoa de carne e osso disposta a escutar qualquer tipo de reivindicação. Respostas, quando existem, são enviadas automaticamente por links que levam a outros links, sempre com alegações genéricas.

Com a chegada de Elon Musk ao comando da rede, descobriu-se que havia lógica por trás dessa loucura aparente. Musk ordenou que se investigassem minuciosamente os porões da empresa, acusada de censurar com especial rigor usuários conservadores e republicanos. Como demonstra a reportagem de capa desta edição, assinada por Dagomir Marquezi, o Twitter Files concluiu que, sim, havia na empresa um grupo incumbido de fiscalizar e censurar posts rotulados de “antidemocráticos”.

A insensatez teve início durante o governo de Donald Trump e se intensificou na disputa entre o presidente republicano e o democrata Joe Biden. Para favorecer seu preferido, o Twitter criou uma série de selos para classificar usuários considerados perigosos — só figuravam nessa categoria quem publicasse informações que poderiam prejudicar Biden.

Eram visíveis apenas aos olhos dos administradores da plataforma selos como Trends Blacklist (“lista negra de tendências”), Search Blacklist (“lista negra de busca”) ou Recent Abuse Stricke (“ataque de abuso recente”). Graças a esses e outros instrumentos, o Twitter poderia decidir como seria a performance da conta de cada um dos quase 400 milhões de usuários espalhados pelo mundo.

Outra revelação da reportagem de Dagomir: confrontados com a Primeira Emenda (que determina absoluta liberdade de expressão, religião, imprensa e reunião, além do direito de contestar o governo), alguns democratas mais radicais recorreram a um argumento insustentável: “a Primeira Emenda não é absoluta”. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.

Nesta quinta-feira, os brasileiros acordaram com a notícia de que Alexandre de Moraes havia expedido mais de cem mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas de alguma forma às manifestações diante de quartéis ocorridas em diversas cidades brasileiras. Quatro foram presas e cerca de 170 perfis foram derrubados em redes sociais.

“Segundo as ameaças feitas na cerimônia de diplomação, contestar o governo Lula também vai ser um ato contra a democracia”, afirmou J.R. Guzzo, em seu artigo. “Vai haver punição. Vai haver repressão. Vai haver proibição, multa e cadeia. Já houve tudo isso, durante a campanha eleitoral. Agora a eleição acabou e Lula foi declarado vencedor pelo TSE, mas Lula e o ministro Alexandre de Moraes anunciam que a perseguição aos adversários vai continuar.”

Enquanto Lula e Alexandre de Moraes intensificam sua caça às bruxas, uns poucos parlamentares e magistrados lutam para impedir a continuação da barbárie. A coragem de alguns deles, como a do deputado federal Marcel van Hattem, a do desembargador aposentado Sebastião Coelho e a do procurador Darcy de Souza Filho, é louvada no texto de Augusto Nunes.

Infelizmente, nossas reedições de Elon Musk têm poderes bem menores que os do modelo original. Mais: são dramaticamente minoritários se comparados à multidão de covardes homiziados no Congresso, nos tribunais, nas delegacias e na imprensa. Esses estão sempre prontos para aprovar, aceitar e cumprir calados ordens e determinações vergonhosamente inconstitucionais. 

Boa leitura.

Branca Nunes 
Diretora de Redação, Revista Oeste, 6-12-2022

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