Como era a censura no Twitter antes da chegada de Elon Musk e as decisões inconstitucionais de Alexandre de Moraes estão entre os destaques desta edição
Não se conhece ninguém que
tenha encontrado no Twitter uma pessoa de carne e osso disposta a escutar
qualquer tipo de reivindicação. Respostas, quando existem, são enviadas
automaticamente por links que levam a outros links, sempre com alegações
genéricas.
Com a chegada de Elon Musk ao
comando da rede, descobriu-se que havia lógica por trás dessa loucura aparente.
Musk ordenou que se investigassem minuciosamente os porões da empresa, acusada
de censurar com especial rigor usuários conservadores e republicanos. Como
demonstra a reportagem de capa desta edição, assinada por Dagomir
Marquezi, o Twitter Files concluiu que, sim, havia na
empresa um grupo incumbido de fiscalizar e censurar posts rotulados de
“antidemocráticos”.
A insensatez teve início durante o governo de Donald Trump e se intensificou na disputa entre o presidente republicano e o democrata Joe Biden. Para favorecer seu preferido, o Twitter criou uma série de selos para classificar usuários considerados perigosos — só figuravam nessa categoria quem publicasse informações que poderiam prejudicar Biden.
Eram visíveis apenas aos olhos
dos administradores da plataforma selos como Trends Blacklist (“lista
negra de tendências”), Search Blacklist (“lista negra de
busca”) ou Recent Abuse Stricke (“ataque de abuso recente”).
Graças a esses e outros instrumentos, o Twitter poderia decidir como seria a
performance da conta de cada um dos quase 400 milhões de usuários espalhados
pelo mundo.
Outra revelação da reportagem
de Dagomir: confrontados com a Primeira Emenda (que determina absoluta
liberdade de expressão, religião, imprensa e reunião, além do direito de
contestar o governo), alguns democratas mais radicais recorreram a um argumento
insustentável: “a Primeira Emenda não é absoluta”. Qualquer semelhança com o
Brasil não é mera coincidência.
Nesta quinta-feira, os
brasileiros acordaram com a notícia de que Alexandre de Moraes havia expedido
mais de cem mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas de alguma
forma às manifestações diante de quartéis ocorridas em diversas cidades
brasileiras. Quatro foram presas e cerca de 170 perfis foram derrubados em
redes sociais.
“Segundo as ameaças feitas na
cerimônia de diplomação, contestar o governo Lula também vai ser um ato contra
a democracia”, afirmou J.R. Guzzo, em seu artigo. “Vai haver
punição. Vai haver repressão. Vai haver proibição, multa e cadeia. Já houve
tudo isso, durante a campanha eleitoral. Agora a eleição acabou e Lula foi
declarado vencedor pelo TSE, mas Lula e o ministro Alexandre de Moraes anunciam
que a perseguição aos adversários vai continuar.”
Enquanto Lula e Alexandre de
Moraes intensificam sua caça às bruxas, uns poucos parlamentares e magistrados
lutam para impedir a continuação da barbárie. A coragem de alguns deles, como a
do deputado federal Marcel van Hattem, a do desembargador aposentado Sebastião
Coelho e a do procurador Darcy de Souza Filho, é louvada no texto de Augusto
Nunes.
Infelizmente, nossas reedições
de Elon Musk têm poderes bem menores que os do modelo original. Mais: são
dramaticamente minoritários se comparados à multidão de covardes homiziados no
Congresso, nos tribunais, nas delegacias e na imprensa. Esses estão sempre
prontos para aprovar, aceitar e cumprir calados ordens e determinações
vergonhosamente inconstitucionais.
Boa leitura.
Diretora de Redação, Revista Oeste, 6-12-2022
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