J.R. Guzzo
O Congresso Nacional não existe mais – ocorreu, ali, o que os médicos chamam de “morte clínica”, quando o organismo ainda está biologicamente vivo, mas não tem mais circulação sanguínea, respiração e batimentos cardíacos capazes de sustentar a vida de um ser animado. Câmara e Senado continuam de portas abertas, pagam os salários de todos os seus dependentes (são os parlamentares mais caros do mundo) e até aprovam aumentos para eles próprios e os seus senhores do Poder Judiciário, mas já não respondem mais a estímulos internos ou externos de qualquer natureza.
Não servem rigorosamente para
mais nada, do ponto de vista do interesse público. Suas decisões não contam
para coisa alguma – tanto faz, na verdade, se decidem ou não, porque quem faz
as leis é o Supremo Tribunal Federal. É dali que saem, na vida real, as ordens
a serem obedecidas pela sociedade brasileira.
A
morte do Congresso vem se fazendo por etapas, com a participação ativa dos
presidentes da Câmara e do Senado – os mais destrutivos da história parlamentar
do Brasil, em sua obediência cega ao STF.
Deputados e senadores, eleitos pela população, só podem fazer o que o STF permite, não têm mais liberdade de se manifestar fora do Plenário (talvez nem dentro, pelo jeito que vão as coisas) e podem ser presos até por nove meses, sem o mais remoto fundamento legal, se um ministro assim quiser. Não reagem a mais nada que o STF decida. Estão vivendo na base de aparelhos – no caso, do dinheiro público, de seus negócios privados e da submissão completa à “corte suprema” e a um segundo patrão, o futuro governo Lula.
A morte do Congresso vem se
fazendo por etapas, com a participação ativa dos presidentes da Câmara e do
Senado – os mais destrutivos da história parlamentar do Brasil, em sua
obediência cega ao STF e, agora, ao novo governo. Sua última obra, que veio
junto com o escândalo do aumento na remuneração, foi aprovar a licença para
Lula gastar 145 bilhões de reais acima do que a lei permite – um assalto
explícito ao Tesouro Nacional e, pior que isso, uma perfeita palhaçada.
Não fez nenhuma diferença a
sua aprovação – o Supremo já tinha decidido que o teto de gastos ia ser jogado
no lixo e o Congresso mais uma vez, disse “sim senhor”. Não fazia e continuará
a não fazer nenhuma diferença o que deputados e senadores queiram ou não
queiram, ou a vontade dos eleitores que os colocaram em seus cargos; quem vai
mandar no Brasil, cada vez mais, é o consórcio STF-Lula, e todo o imenso
sistema de interesses que lhe dá apoio.
Lula diz, e os políticos
concordam, que não conseguiria “ajudar os pobres” sem essa montanha de dinheiro
arrancada do bolso do pagador de impostos – ele nem assumiu o governo, não
examinou por cinco minutos nenhum número das contas públicas, mas já quis,
antes de qualquer outra coisa, 145 bilhões de reais a mais para gastar. Os
“pobres”, obviamente, não têm nada a ver com isso. Mas se tivesse o mínimo
interesse em ajudar de fato os “pobres”, por que Lula não pensou em se opor ao
aumento para o Legislativo e o Judiciário – nem ele, nem o seu partido e nem
ninguém?
Por que não se cogita, em
nenhum momento, de usar os lucros das empresas estatais (foram 250 bilhões de
reais, em 2022) para reduzir a miséria? Por que a recusa absoluta de
redistribuir renda através da redução em um centavo das despesas do Estado,
hoje na casa dos 2 trilhões por ano? É claro que há parlamentares que não
concordam com a destruição do Congresso, nem com a sua anulação diante da
vontade do STF e de Lula. Mas estão em clara minoria – e sob ameaça.
Os deputados e senadores não
têm mais nenhum medo da opinião pública – só têm medo dos ministros do Supremo
e das punições que podem receber deles, inclusive por seus problemas com o
Código Penal. Todos desfrutam do “foro privilegiado”; é o STF que decide se são
processados ou se ficam fora da cadeia. Têm, hoje, o grande privilégio de
obedecer às ordens da ditadura do Judiciário. Enquanto ficarem de joelhos,
continuarão com a sua vida de vegetal. Se criarem algum problema, vão ser
castigados pelo STF e pelo sistema Lula. Já fizeram a sua escolha.
Título e Texto: J. R. Guzzo, Gazeta do Povo, 22-12-2022, 14h40
Relacionados:[Aparecido rasga o verbo – Extra] E a Caixa Preta do Brasil que será aberta a partir de 1º de janeiro de 2023?
O Brasil ‘civilizado’ do STF
‘Isso aqui é um teatro. Quem manda no Brasil é o STF’
‘STF fechou o Congresso’
O inquérito de Moraes é pior do que o AI-5
Judicial Tyranny in Brazil
Alexandre de Moraes e o “guarda da esquina”
O supremo carcereiro só prende inocentes
Rumo ao estado policial
Página da Casa Imperial é suspensa no Twitter
CALOU A MULHER DE CELSO DANIEL, CALHORDA.
ResponderExcluirAterrorizante!
Excluir