Texto publicado pelo The Wall Street
Journal cita o perigo do retorno do ex-presidente ao poder
A editora norte-americana Mary Anastasia O’Grady citou, em artigo publicado no The Wall Street Journal, que o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto pode colocar a democracia brasileira em xeque, ao mesmo tempo em que a Suprema Corte tenta limitar o poder do Congresso.
“O presidente eleito do
Brasil, Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, toma posse em 1º de janeiro, iniciando seu
terceiro (não consecutivo) mandato de quatro anos”, escreveu a colunista. “Como
um autodenominado defensor dos pobres, ele enfrenta o desafio das baixas
previsões de crescimento para os próximos dois anos e a pressão inflacionária
causada por gastos excessivos do governo.”
Ela lembra que o ex-presidente
é um dos fundadores do Foro de São Paulo, ao lado de Fidel Castro. “No entanto,
mesmo antes do dia da posse, Lula, um co-fundador do Foro de São Paulo, está
telegrafando sua intenção de deixar os gastos públicos estourarem, deter as
privatizações e reverter as reformas destinadas a conter a corrupção”, observou.
“Moderados que apoiaram sua candidatura, como o ex-presidente do Banco Central
Armínio Fraga, parecem surpresos. Em entrevista à Globo News, em novembro,
Fraga disse: ‘Não me arrependo do meu voto, mas estou preocupado’.”
E continuou. “Infelizmente, um presidente populista do Partido dos Trabalhadores que promete abrir caminho para a prosperidade nacional não é a única coisa que os brasileiros temem”, considerou O’Grady. “Uma ameaça maior é a Suprema Corte, que está extrapolando sua jurisdição e desrespeitando o Estado de Direito por razões políticas sem consequências. Uma coisa é um ramo do governo guardar zelosamente suas próprias prerrogativas. Mas quando a mais Alta Corte se torna aliada de políticos ideológicos e corruptos, a democracia corre um grave perigo. O Brasil chegou a esse momento.”
As críticas mais acentuadas
estão direcionadas à postura da Suprema Corte no julgamento de Lula e a
condução das eleições ocorridas em 2022. “A decisão da Suprema Corte — por uma
estreita maioria — para libertar Lula da Silva da prisão chocou a nação”,
lembrou a colunista. “O público aplaudiu os promotores que o condenaram em 2017
por acusações de corrupção e que desvendaram um esquema de propina
multimilionário orquestrado pelo Partido dos Trabalhadores. O enorme escândalo
envolveu empresários, parlamentares de ambos os lados, a estatal petrolífera, o
Banco Nacional de Desenvolvimento e muitos governos estrangeiros.”
Para O’Grady, “as provas
contra Lula eram sólidas, e sua condenação havia sido confirmada por dois
tribunais de apelação. Mas o Supremo reverteu seus próprios precedentes e
anulou a decisão. Ele sabia que o estatuto de limitações não deixava tempo para
um novo julgamento. Lula foi solto, mas não inocentado”.
O ativismo judicial não parou
por aí, segundo a colunista. “Durante a campanha mais recente, o tribunal
eleitoral do país — que incluía três juízes do Supremo Tribunal — censurou os críticos
de Lula, incluindo um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que apontou que
o candidato foi libertado por um tecnicismo, mas não foi inocentado”, observou.
“O mesmo tribunal também censurou outros discursos políticos de líderes
empresariais, membros eleitos do Congresso e plataformas de notícias e
entretenimento da direita. Isso foi feito com a ajuda da ‘assessoria especial
de combate à desinformação’ do tribunal eleitoral. Atua como um ministério da
verdade.”
Outra preocupação descrita por
O’Grady é a falta de limitadores para a ação do STF. “Alguns democratas
brasileiros estão otimistas com o novo governo Lula, porque o Partido dos
Trabalhadores não controlará o Congresso, que é responsável pelo orçamento”,
salientou. “No entanto, um ministro da Suprema Corte já afirmou que o Congresso
não tem poder para usar um teto para negar aumentos em certos gastos com
Previdência que Lula deseja. Isso é absurdo — como nos Estados Unidos, a
Constituição brasileira dá aos legisladores o poder da bolsa. Mas na semana
passada o Congresso cedeu à pressão e removeu o limite.”
Segundo a colunista, “Lula é
um político esperto e vai querer reconstituir uma rede multipartidária de
legisladores que o deixarão fazer o que quiser, desde que os negocie. Tudo
indica que o STF está pronto para ajudar usando seu poder, incluindo o ameaça
de processo criminal, para pressionar os legisladores que hesitam em cooperar”.
As preocupações de Fraga estão
no front fiscal. “Vejo ideias antigas, que nunca funcionaram para nós”, disse o
economista à Bloomberg Línea, em entrevista publicada na semana
passada. “Estamos prestes a ver uma expansão fiscal maciça em uma economia que
não está mais em crise. Novos estímulos que poderiam aumentar o déficit
orçamentário primário para 2% não fazem sentido.”
Eventualmente Lula, vai ficar
sem dinheiro dos outros, afirmou O’Grady. “Mas isso dificilmente pode ser um
conforto para aspirantes a brasileiros.”
Título e Texto: Redação, Revista Oeste, 26-12-2022, 15h49
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ResponderExcluirFula não ameaça a democracia. Ela nunca existiu.
ResponderExcluirAparecido Raimundo de Souza
De Vila Velha ES.