Conhecida por intimidar anunciantes para tentar retirar do mercado veículos conservadores, a página de esquerda Sleeping Giants Brasil acaba de lançar uma campanha contra a rádio Jovem Pan
Gabriel de Arruda Castro
Nesta quarta-feira, a página
divulgou um vídeo de dois minutos em que associa a opinião de entrevistados e
comentaristas da Jovem Pan a uma possível revolta violenta, como a que
aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos em janeiro de 2021. Na ocasião,
apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o prédio onde funciona o
Congresso americano e tentaram impedir que o Legislativo formalizasse a vitória
de Joe Biden na eleição de 2020.
O argumento usado pelos
militantes de esquerda do Sleeping Giants é o de que a Jovem Pan está
fomentando atos de insurreição ao dar espaço a pessoas que questionam a lisura
do processo eleitoral brasileiro.
Dado
falso em campanha contra "fake news"
Sob o pretexto de combater
notícias falsas, entretanto, o Sleeping Giants espalha uma notícia falsa: a de
que cinco pessoas morreram na invasão do Capitólio. Na verdade, a única pessoa
morta de forma violenta foi Ashli Babbitt, atingida por um policial depois de
tentar forçar o acesso a uma área restrita, já dentro do prédio. Outra
mulher, Rosanne Boyland, morreu por overdose de anfetaminas durante a
invasão – embora inicialmente a suspeita fosse de que ela havia sido pisoteada.
O número de cinco mortes surgiu devido a informações desencontradas logo após a invasão do Capitólio. Mas, já no ano passado, a perícia oficial Distrito de Colúmbia concluiu que três pessoas originalmente na lista morreram de causas naturais. Os manifestantes Kevin Greeson e Benjamin Philips morreram como consequência de doenças cardíacas pré-existentes. Ambos tinham mais de 50 anos de idade. Já a morte do policial Brian Sicknick, no dia seguinte ao ataque à invasão, foi consequência de um coágulo sanguíneo.
A campanha do Sleeping Giants
contra a Jovem Pan mira especialmente os anunciantes Caoa Chery, Tim, Huawei e
Banco Safra. O modus operandi é o mesmo usado em iniciativas
anteriores: reunir o máximo número de pessoas para criar a impressão de que
existe uma mobilização popular para que a empresa deixe de anunciar no veículo
em questão. Avessas à exposição negativa de sua imagem, muitas empresas acabam
cedendo.
Na nova campanha contra a
Jovem Pan, a Tim parece ter sido a primeira a se submeter à pressão. Em
resposta ao Sleeping Giants, a empresa tuitou: “Já solicitamos a revisão dos
nossos anúncios veiculados nesse canal. Reforçamos que a TIM não está ligada a
movimentos políticos nem compactua com disseminação de notícias falsas e
discurso de ódio.” Em contrapartida, um grande número de clientes afirma nas
redes sociais que vai cancelar os produtos da empresa por ter cedido ao
achaque.
Intimidação
orquestrada
O Sleeping Giants Brasil é uma
espécie de filial da página principal, criada em 2016 pelo publictário Matt
Rivitz nos Estados Unidos. Lá, o grupo se orgulha de ter conseguido convencer
(na prática, intimidar) anunciantes a deixar de anunciar em veículos como a
emissora conservadora Fox News.
A versão brasileira da página
foi criada em 2020 por Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stellede, então
estudantes de direito. A principal plataforma do Sleeping Giants Brasil é a
página do grupo no Twitter, que tem pouco mais de 530 mil seguidores. É lá que
o grupo consegue mobilizar seguidores para atacar os anunciantes dos veículos
definidos como alvo.
No passado, o grupo lançou
diversas campanhas contra veículos não alinhados com o pensamento da esquerda,
inclusive a Gazeta do Povo. A justificativa era sempre a mesma: combater o
“discurso de ódio” e as “fake news”.
Em seu site, o Sleeping Giants
Brasil afirma ter 1.568 doadores regulares. Os planos variam de R$ 24,90 a
R$99,90. Também segundo os ativistas, o grupo criado em 2020 já realizou 47
campanhas, que tiveram como alvo 1.054 empresas. Segundo os cálculos da página,
62 milhões de reais deixaram de ser destinados a anúncios nas empresas que
fazem parte da lista negra do Sleeping Giants Brasil.
Jovem
Pan
Fundada em 1944, a Jovem Pan é
um dos veículos de comunicação mais tradicionais do país e líder de audiência
em seu segmento. Em 2021, o grupo também lançou seu canal de TV por assinatura.
A Gazeta do Povo está tentando contato com a emissora.
Título e Texto: Gabriel de
Arruda Castro, especial para a Gazeta do Povo, 22-12-2022, 12h14
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